quarta-feira, julho 8

A RELIGIÃO DE VITRINE

Sl. 115: 1 a 19 - "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e da tua verdade. Por que perguntariam as nações: onde está o seu Deus? Mas o nosso Deus está nos céus; ele faz tudo o que lhe apraz. Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos do homem. Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta. Semelhantes a eles sejam os que fazem, e todos os que neles confiam. Confia, ó Israel, no Senhor; ele é seu auxílio e seu escudo. Casa de Arão, confia no Senhor; ele é seu auxílio e seu escudo. Vós, os que temeis ao Senhor, confiai no Senhor; ele é seu auxílio e seu escudo. O Senhor tem se lembrado de nós, abençoar-nos-á; abençoará a casa de Israel; abençoará a casa de Arão; abençoará os que temem ao Senhor, tanto pequenos como grandes. Aumente-vos o Senhor cada vez mais, a vós e a vossos filhos. Sede vós benditos do Senhor, que fez os céus e a Terra. Os céus são os céus do Senhor, mas a Terra, deu-a ele aos filhos dos homens. Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio; nós, porém, bendiremos ao Senhor, desde agora e para sempre. Louvai ao Senhor."
Uma vitrine é um compartimento cuja face principal é envidraçada e se destina à exposição de mercadorias. É uma espécie de jogada de marketing para atrair as atenções dos transeuntes. Ali se expõem produtos especialmente tratados para aguçar o apetite consumista e satisfazer os desejos humanos por algo que imaginam ser essencial à beleza, prestígio, fama, visibilidade social, atração sobre outras pessoas. Portanto, destina-se à manipulação do inconsciente e do consciente das pessoas no sentido de levá-las a aquisição de determinado produto ou mercadoria. O marketing bem planejado e feito por quem conhece a alma humana, resulta sempre em processos psicológicos de envolvimento e desejo incontroláveis pelo produto. Em muitos casos a pessoa que compra nem sabe porque está comprando ou se o produto produzirá os efeitos esperados. Neste ponto, muitos são enganados e levados a consumir algo que, de fato, seria absolutamente dispensável a vida toda. É aí que ocorre o engano. Tal engano ocorre pela parte que armou a cilada, como pela parte do que caiu na cilada. Em termos de desonestidade, qualquer que seja, nunca há um lado apenas. Um é desonesto porque propôs a cilada e o outro porque viu uma grande chance de satisfazer seus apetites de ganância e vantagem.
No tocante à religião, verifica-se um vasto campo aberto ao engano e à mentira, tornando-a uma espécie de vitrine. A própria proposta religiosa é, por si mesma, uma invenção humana. Trata-se de um artifício criado pela mente almática visando reencontrar Deus após a queda pelo pecado. A etimologia da palavra 'religião' indica a ideia de 'religação', ou seja, o homem tenta se religar a Deus por seus esforços, sacrifícios, preceitos e ofertas de justiça própria. Todavia, nada que parte do homem, portador da natureza pecaminosa, chega à presença de Deus. É um engodo que envolve milhões de pessoas no mundo em todos os tempos e lugres. Na verdade, nenhum homem natural é capaz de se reaproximar de Deus por seus próprios esforços. Primeiro, porque Deus não se deixa aproximar do homem portador da natureza pecaminosa. Tal homem necessita ser reconciliado por meio de Cristo. Apenas desta forma, o reconciliado se dirige a Deus, ele o vê e o ouve por meio do substituto, Jesus, o Cristo. É este o sentido bíblico de redentor, justificador e salvador. Deus não se pactua com qualquer coisa contaminada com a natureza pecaminosa conforme Is. 59: 1 e 2 - "Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir; mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça." Vê-se, portanto, que o problema não é com Deus, mas com o pecado no homem. Pela mesma razão, Deus não pode olhar para o seu Filho Unigênito na cruz. Ele estava impregnado dos pecados dos eleitos naquele momento. Esta foi a razão pela qual Jesus, o Cristo clamou: "Elohi, Elohi, lama sabactani." Por ter atraído os pecadores em sua morte, Deus não pode olhar e estar em Cristo na cruz conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer.
O texto de abertura mostra uma relação real entre os reconciliados e o seu Deus. A primeira evidência da eleição e da justificação na vida de uma pessoa é a certeza irrevogável que não é nada, não merece nada e não pode nada por si mesmo. A expressão: "não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu santo nome..." indica, não apenas uma relação, mas principalmente uma posição entre os redimidos e o seu redentor. Nas "igrejas vitrines" os holofotes giram sempre sobre os religiosos e seus dons, seus poderes, seus prestígios e capacidades de comover multidões. Aos eleitos não é dado este tipo de relação e posição, porque eles sabem perfeitamente de quem é a Glória.
Na sequência o salmista demonstra a diferença entre os verdadeiros adoradores e os falsos adoradores. Enquanto os adoradores de "deuses" têm diante de si suas imagens e representações feitas por mãos de homens, os verdadeiros adoradores adoram a Deus em espírito e em verdade. Uma coisa é adorar e prestar culto a uma imagem ou a uma pessoa, outra é adorar um Deus que não se pode ver, tocar e provar. No primeiro caso, não exige fé, mas apenas um exercício de constatação. No segundo caso, exige-se que se creia sem qualquer evidência, prova ou experiência sensorial. Por isso Jesus, ensina: "Disse-lhe Jesus: porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram."
A grande diferença entre o que crê e o que possui religião é que o que crê confia em Deus. Não importa se as evidências e circunstâncias são favoráveis ou desfavoráveis, ele simplesmente confia. É como a criança tomada pela mão pelo pai ao atravessar uma larga avenida movimentada. O filho não toma conta do tráfego, porque confia que está sendo conduzida pelo pai. Assim são os que creem!
O salmista termina afirmando que os mortos não louvam ao Senhor. De fato, há os que estão mortos espiritualmente, ainda que vivos biologicamente, e os mortos fisicamente. O morto-vivo, não pode adorar a Deus, porque permanece com sua natureza pecaminosa. E o morto fisicamente que desce ao mundo dos mortos estará em silêncio até o dia do juízo final. Então, de fato, é o pecado que faz separação entre o homem e Deus. Não é Deus quem faz a separação, mas o pecado, a saber, a natureza pecaminosa. Os nascidos do alto bendizem desde o tempo presente em vida, como eternamente. Eles não se baseiam em religião, em justiça própria, em méritos, mas apenas na santidade de Cristo que os justificou de suas naturezas pecaminosas.
Seja Deus soberano nos céus e na Terra!

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