Jr. 10:23 - "Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem é do homem que caminha o dirigir os seus passos."
O mito do livre-arbítrio é sustentado, tanto pela cultura popular, quanto por religiões espiritistas, espiritualistas e, por último, por setores do Cristianismo Institucional ou Nominal. Há necessidade de especificar a diferença entre "Cristianismo Institucional" e "Cristianismo Bíblico". Aquele foi deformado por concepções relativísticas e humanistas ao longo da História, este, minoritário e imperceptível, se mantém nos princípios ensinados nas Escrituras. Aquele satisfaz aos anseios dos desejos humanos, este satisfaz à justiça de Deus na cruz. Aquele é cristianismo apenas na forma nominal, mas não no conteúdo, este opera conforme a sã doutrina.
A grande questão é, o homem possui de fato, a vontade que planeja, toma decisões e age. Tal vontade decide o que quer, o que diz, o que faz e o que pensa. Entretanto, esta mesma vontade não é autônoma ou livre para executar tais decisões, palavras, desejos e pensamentos. Uma pessoa pode tomar as mais sublimes ou as mais tenebrosas decisões, mas não tem o poder de levá-las à cabo. Então, indaga-se, até que ponto a vontade do homem é livre e, em que aspecto ela é, realmente, livre? Visto que liberdade significa total independência da necessidade e de causas anteriores determinantes, nenhum homem é, de fato, livre. O livre-arbítrio é um engano gerado pela morte espiritual e cultuado pela alma humana separada de Deus e impregnada pelo pecado. O homem está espiritualmente morto para Deus, portanto, suas ações ocorrem dentro de uma concepção circunstanciada pela vontade escravizada pela natureza pecaminosa. Logo, não é nem livre, nem pode arbitrar absolutamente nada livremente.
Que a vontade do homem pode projetar, elaborar e desejar um plano, não há a menor dúvida. Todavia, ela não é livre para executá-lo livre e absolutamente. Por exemplo, ninguém deseja ser pobre e, no entanto, a maioria das pessoas é pobre. Ninguém deseja morrer, mas todos morrem. Ninguém escolhe ficar doente, mas quase todos experimentam doenças e enfermidades ao longo da vida. Portanto, é uma falácia o ditado que diz: "querer é poder". Quantas pessoas fazem pactos na virada do ano sobre planos de mudanças para a vida. Logo no primeiro dia do ano novo lá estão elas repetindo os mesmos erros do ano anterior. Então, a simples liberdade de planejar da vontade humana, não significa liberdade para realizar tais planos. Por causa desta discrepância é que muitas pessoas passam a desconfiar de Deus, depois desacreditam de Deus e, por último, odeiam Deus, porque descobrem que suas vontades são livres para planejar, mas não são livres para executar. O homem decaído está circunstanciado na vala do pecado. Isto o faz percorrer uma jornada com um espírito morto, a saber, separado de Deus e uma alma que deseja fortemente executar ações em benefício próprio.
Ao postular que a vontade humana é livre, não se postula que ela determina o curso da vida e seus acidentes. Em Gênesis é contada a história dos irmãos de José que, por ciúmes, o venderam a uma caravana de ismaelitas para ser escravo. Deus, no entanto, o fez ser vice-rei do Egito. A vontade aparentemente livre sempre se esbarrará na soberania de Deus. Este é o conflito que domina o universo e que só terá fim com o retorno do Grande Rei e a restauração final. Jesus mostra esta realidade no caso do homem rico em Lc. 18: 12 a 21 - "Disse então: farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens; e direi à minha alma: alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te. Mas Deus lhe disse: insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus." O homem planejou tudo conforme o seu desejo, mas não contava que naquela mesma noite a sua vida seria ceifada.
Embora muitos o negue, mas o coração do homem é continuamente inclinado ao que é mau. Isto está registrado nas Escrituras em Gn. 6:5 - "Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na Terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente." A questão é que, esta imaginação má está latente no homem por causa do pecado. Não quer dizer que todos os homens pratiquem maldades durante todo o tempo. Significa que subjaz lá no coração do homem a maldade potencial para praticar qualquer ato de maldade. O fato de alguns não roubar, não matar, não prostituir, não mentir, não implica que não tenham capacidade para tudo isso e mais um pouco. O que detém ou contém a maldade do homem são os freios da sociedade e, acima de tudo, o domínio espiritual de Deus no universo. Muitos são tidos como boas pessoas até o dia em que se descobre uma falha em seu caráter. Outros, são tidos como exemplos de abnegação e amor até que se descubra manchas ocultas em seus procedimentos. O que o exterior apresenta, não é o lado verdadeiro do homem. O que conta é o que a natureza humana é. Isto é devidamente explicado em Jr. 19:9 e 10 - "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer? Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, eu provo o coração; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações." O coração nas Escrituras não é uma referência ao órgão que bombeia o sangue no corpo do homem. É a sede da alma e do espírito onde se originam todas as vontades, decisões e desejos. Portanto, aquele que é escravo da natureza pecaminosa, não é livre e nem pode arbitrar absolutamente nada.
Por esta razão é que Jesus, o Cristo disse a Nicodemos, um dos príncipes de Israel: " Não te admires de eu te haver dito: necessário vos é nascer de novo." Em seguida o Grande Rei ajuntou: "O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito." Portanto, o que chamam de livre-arbítrio nada mais é que o "servo-arbítrio."
Solo Christos!
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