julho 30, 2015

LIVRE-ARBÍTRIO, UM FALSO "DEUS" CRIADO PELO HOMEM IV

Sl. 139:16 - "Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles."
O conceito de livre-arbítrio está tão enraizado na cultura popular que, mesmo religiosos de igrejas reformadas, se utiliza deste expediente para justificar a ideia de escolhas morais. É, sem dúvidas, um 'deus' entronizado nos púlpitos, cantado e decantado em verso e prosa nos arraiais da religião nominal. É o subproduto do distanciamento das Escrituras e da aproximação dos padrões culturais para receber reconhecimento e aceitação. O preço deste desvio sairá muito caro na eternidade. Estes que se curvam aos caprichos e exigências da sociedade corrompida pela natureza pecaminosa terão mais severo julgamento conforme Lc. 12:48 - "Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.
Por natureza a luz jamais é influenciada pelas trevas, ao contrário, as trevas são dissipadas pela luz. Esta graça é concedida aos eleitos e regenerados. Os que permanecem apenas na superficialidade da religião, andarão e se guiarão pela luz apenas humana que, de fato, são trevas. O ensino é do Mestre em Mt. 6:23 - "Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!" Isto indica que, se o conhecimento espiritual que o homem possui é com base apenas em seu próprio entendimento, ele está em trevas. A diferença é simples: Deus é luz, o homem possui a presunção de ter luz. Tal presunção trata-se de um conjunto de informações acerca de Deus, Jesus, fé e Escrituras. Não são resultantes da revelação no espírito, mas apenas da letra. O ensino neotestamentário afirma que o mero conhecimento intelectual sobre assuntos espirituais é letra que mata conforme II Co. 3:6 - "... o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica."
Toda vez que se põe o livre-arbítrio em discussão os defensores lançam mão de alguns versículos para justificá-lo. Tal justificação, em muitos casos, toma por base apenas um texto isolado do contexto. Não há nada de errado em usar um versículo isolado, desde que não se retire dele o seu real significado no tema a que alude. Noutros casos, o entendimento do defensor é entenebrecido pela falta de luz verdadeira. Essa luz não se trata de fenômeno óptico, mas de conhecimento e sabedoria do alto conforme Jo. 1: 1 a 10 - "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Este veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Pois a verdadeira luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao mundo. Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu." Vê-se pelo contexto que, a luz verdadeira é Cristo e nem mesmo João, o batista foi considerado como a luz verdadeira. Em Cristo estão: a vida e a luz, a saber, o conhecimento pleno e perfeito e eternidade. Cristo veio e resplandeceu nas trevas, mas estas não o conheceram. Desta forma fica também evidente que, conhecer a Luz Verdadeira não é uma questão de livre-arbítrio, mas de revelação desta luz aos eleitos.
Uma das citações mais utilizadas pelos adoradores do livre-arbítrio é Dt. 11: 22 a 28 - "Porque, se diligentemente guardardes todos estes mandamentos que eu vos ordeno, se amardes ao Senhor vosso Deus, e andardes em todos os seus caminhos, e a ele vos apegardes, também o Senhor lançará fora de diante de vós todas estas nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós. Todo lugar que pisar a planta do vosso pé será vosso; o vosso termo se estenderá do deserto ao Líbano, e do rio, o rio Eufrates, até o mar ocidental. Ninguém vos poderá resistir; o Senhor vosso Deus porá o medo e o terror de vós sobre toda a terra que pisardes, assim como vos disse. Vede que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, se obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu hoje vos ordeno; porém a maldição, se não obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, mas vos desviardes do caminho que eu hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que nunca conhecestes." Na dispensação a que alude o texto vigoravam a Lei Moral e a Lei Cerimonial para o povo e os Decretos Eternos de Deus. Tais pactos e alianças da Lei Moral visavam manter a pureza étnico-religiosa do povo israelita, porque dele viria o Messias, isto é, Jesus, o Cristo. Quanto à Lei Cerimonial eram ordenanças acerca de como deveria o povo de Israel cultuar a Deus. Desta forma, a coesão, a existência contínua e a prosperidade do povo dependeria da manutenção de tais concertos, pactos e ordenanças. Eram prescrições para a permanência do povo hebreu na Terra Prometida após a libertação do cativeiro do Egito por 430 anos. A colocação da obediência dos códigos prescritos visava apenas formar um povo que cultuasse um Deus único e soberano que se revelou à Abraão. O texto não autoriza extrapolações para o campo espiritual. Portanto, mesmo que todo o povo escolhesse a bênção e não a maldição, ainda assim, isto apenas lhe garantiria uma nação coesa e forte até que o Salvador viesse para executar a justiça de Deus na cruz. Tanto é verdade que, por escolherem quase sempre a maldição, sofreram o terror das tribos vizinhas e o domínio de grandes nações daquele tempo. Tal sofrimento veio para que se cumprissem as predições das ordenanças e pactos colocados diante do povo por Deus. Ainda hoje, os israelitas estão ilhados no Oriente Próximo cercados por aproximadamente 200 milhões de inimigos declarados ou velados. Sofreram diversas diásporas pelo mundo, sendo a última, da ordem de 2.000 anos espalhados entre os povos e nações. 
Outro texto usado e abusado para justificar a falsa doutrina do livre-arbítrio é Dt. 30:19 e 20 - "O céu e a Terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando ao Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz, e te apegando a ele; pois ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; e para que habites na terra que o Senhor prometeu com juramento a teus pais, a Abraão, a Isaque e a Jacó, que lhes havia de dar." Mais uma vez, basta ler o contexto geral para verificar que são escolhas oferecidas para o bem-estar do povo e não com sentido de redenção espiritual. Vê-se, portanto, que o povo não escolheu a vida, visto que a verdadeira vida e luz veio ao mundo e o mundo não o conheceu. Em relação aos israelitas, Jesus, o Cristo é mais enfático em Jo. 1:11 - "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam." O Cristo veio primeiramente para os da sua etnia ou origem, mas eles não o receberam como o salvador. Ao contrário, o rejeitaram de modo tão odiento, que o entregou como trunfo político aos dominadores romanos. Assim, fica evidente que eles não escolheram a vida, pois Cristo é a vida. Esta escolha ocorreu por causa das suas naturezas pecaminosas e não por ter liberdade de optar entre a vida e a morte espiritual. Por suas naturezas decaídas, só poderiam escolher rejeitá-lo e não recebê-lo. Esta é a inclinação natural do homem decaído conforme Rm. 3: 10 a 12.
Sola Gratia!

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