agosto 31, 2008

A GRAÇA DE SER ENSINADO POR DEUS

É da natureza humana o falar, o opinar, o ensinar e o doutrinar os outros. O homem possui uma inclinação inerente a querer ser celebridade, por isso, gosta muito de ser consultado pelos outros homens. No tocante ao ensino da doutrina sagrada, então, esta inclinação magnifica-se intensamente, pois de modo geral, os pregadores imaginam que o sucesso e a compreensão do evangelho é obra do esforço humano. Entretanto, as Escrituras mostram com letras garrafais e em diversas instâncias que é obra da exclusiva competência de Deus.
Is. 48:17 - "Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar." A tarefa sublime de ensinar a verdade deve ser mesmo da alçada de Deus, porque só Ele é o Redentor, Senhor e o Santo. Como poderia o homem decaído, ensinar a verdade a outro homem decaído? Deus ensina apenas o que é útil à salvação e à produção da semelhança de Cristo no homem regenerado. Esta é uma obra da graça d'Ele, sendo, portanto, intransferível! Só Ele conhece o caminho em que o homem deve andar, este caminho definido como, sendo o Cristo conforme Jo. 14: 6 - "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim."
Sl. 25: 9 a 14 - "Guia os mansos no que é reto, e lhes ensina o seu caminho. Todas as veredas do Senhor são misericórdia e verdade para aqueles que guardam o seu pacto e os seus testemunhos. Por amor do teu nome, Senhor, perdoa a minha iniquidade, pois é grande. Qual é o homem que teme ao Senhor? Este lhe ensinará o caminho que deve escolher. Ele permanecerá em prosperidade, e a sua descendência herdará a Terra. O conselho do Senhor é para aqueles que o temem, e ele lhes faz saber o seu pacto." Os mansos, os que guardam os pactos e os testemunhos do Senhor são aqueles que receberam misericórdia e graça para conhecê-lo em Cristo. Eles recebem o ensino de Deus, porque Ele os redimiu e não para serem redimidos. Por isso, o texto fala em perdão da iniquidade e do homem que teme ao Senhor. As obras de Deus são sempre consequência da misericórdia e da graça d'Ele mesmo. Nunca de méritos e justiça própria do homem, por mais reto, íntegro, temente e que desvie-se do mal.
Por isso, Jó indagou absorto, o seguinte: "Acaso se ensinará ciência a Deus, a ele que julga os excelsos?" Há muitos religiosos que supõem ser professores de Deus neste mundo. Hb. 8: 10 e 11 - "Ora, este é o pacto que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo; e não ensinará cada um ao seu concidadão, nem cada um ao seu irmão, dizendo: conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior." Deus fez um novo pacto em Cristo e, por meio dele, mudou a disposição para com o pecador, pois na Sua morte de cruz, destrói o pecado que separa o homem decaído d'Ele. O ensino é direto do Espírito de Deus para o espírito do homem. Todos os eleitos O conhecerão, porque Ele mesmo escreverá as Suas leis nos seus corações. Esta casa de Israel a que alude o texto é a Igreja e não a nação israelense como alguns supõem.

A GRAÇA DO QUARTO ELEMENTO

Há sempre os que recebem a graça da eleição pela eleição da graça conforme Rm. 11:5 - "Assim, pois, também no tempo presente ficou um remanescente segundo a eleição da graça." A estes é dada a graça da dependência do "Quarto Elemento", o qual é invisível e imortal, estando sempre presente seja na alegria, seja na tristeza. Ele é o Cristo de Deus que está assentado nos lugares celestiais, e n'Ele, estão incluídos todos os que foram atraídos à cruz conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." É promessa do próprio Cristo que estaria com os eleitos todos os dias até a consumação dos séculos. Esta graça só se recebe por misericordiosa graça determinada por Deus antes dos tempos eternos conforme II Ts. 1:9 - "... que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos..."
O "Quarto Elemento" é o mistério de Deus oculto nos séculos conforme Rm. 16:25 - "Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos..." Ele é o doador e a doação da graça plena, a qual destruiu a morte do homem em sua morte, trouxe a luz da vida e a imortalidade pelo evangelho da graça conforme II Tm. 1:10 - "... e que agora se manifestou pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual destruiu a morte, e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho..."
O "Quarto Elemento" não é um fato circunstancial e circunstanciado pela vontade humana decaída, mas é uma realidade preordenada por Deus desde antes dos tempos eternos. Os religiosos agem invariavelmente pelas circunstâncias que os rodeiam e, por isso, sua falsa espiritualidade oscila como uma espécie de termômetro, ora esfuziantes e agradecidos, ora deprimidos, decepcionados e magoados com Deus. Recebem os benefícios da graça geral, mas não recebem o doador da mesma graça, porque Ele só se recebe por misericordiosa ação monérgica de Deus.
Dn. 3:23 a 26 - "E estes três, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente. Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, e disse aos seus conselheiros: não lançamos nós dentro do fogo três homens atados? Responderam ao rei: é verdade, ó rei. Disse ele: eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, e nenhum dano sofrem; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses. Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Logo Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo."
A fornalha ardente é a imagem da queda do homem na condenação eterna e da sua redenção pelo "Quarto Elemento". Atado pelas cordas de amor de Deus é atraído em Cristo, para, na sua morte de cruz, perder a vida almática na purificação do fogo do cálice que o Senhor bebeu e, n'Ele, ganhar a luz da vida e a imortalidade perdidas na queda. Sem o "Quarto Elemento" nada disso é possível, pois o homem não é autosauvável.

agosto 30, 2008

A GRAÇA DA VERDADEIRA FÉ

As Escrituras, na porção neotestamentária afirmam com veemência que "... a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem." Por estas palavras sagradas se entende que fé genuína é 'pisar sobre o invisível e tocar o que não está diante dos olhos'. Difere substancialmente do padrão aceito e consagrado da fé religiosa, na qual muitos navegam ingloriamente ao longo dos anos até naufragarem em seus delitos e pecados. A fé do tipo arrimo da desesperança é a aquela cujo princípio é ver para crer e não crer para ver como ensinam as Escrituras.
No capítulo 3 do livro da profecia de Daniel está registrada uma das mais eloquentes páginas da verdadeira fé dada por Deus aos seus eleitos e santificados. Transcrevem-se as tais palavras proféticas no espaço que se segue para o efeito de análise e meditação no ensino da sã doutrina.
"O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro, a altura da qual era de sessenta côvados, e a sua largura de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na província de Babilônia. Então o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados, e todos os oficiais das províncias, para que viessem à dedicação da estátua que ele fizera levantar. Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados, e todos os oficiais das províncias, para a dedicação da estátua que o rei Nabucodonosor fizera levantar; e estavam todos em pé diante da imagem. E o pregoeiro clamou em alta voz: ordena-se a vós, ó povos, nações e gentes de todas as línguas: logo que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, prostrar-vos-eis, e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado. E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro duma fornalha de fogo ardente. Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, e de toda a sorte de música, se prostraram todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tinha levantado. Ora, nesse tempo se chegaram alguns homens caldeus, e acusaram os judeus. E disseram ao rei Nabucodonosor: ó rei, vive eternamente. Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem que ouvisse o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, se prostraria e adoraria a estátua de ouro; e qualquer que não se prostrasse e adorasse seria lançado numa fornalha de fogo ardente. Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abednego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a estátua de ouro que levantaste. Então Nabucodonosor, na sua ira e fúria, mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abednego. Logo estes homens foram trazidos perante o rei. Falou Nabucodonosor, e lhes disse: e verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei? Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro duma fornalha de fogo ardente; e quem é esse deus que vos poderá livrar das minhas mãos? Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei: ó Nabucodonosor, não necessitamos de te responder sobre este negócio. Eis que o nosso Deus a quem nós servimos pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei. Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste. Então Nabucodonosor se encheu de raiva, e se lhe mudou o aspecto do semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; e deu ordem para que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer; e ordenou a uns homens valentes do seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, e os lançassem na fornalha de fogo ardente. Então estes homens foram atados, vestidos de seus mantos, suas túnicas, seus turbantes e demais roupas, e foram lançados na fornalha de fogo ardente. Ora, tão urgente era a ordem do rei e a fornalha estava tão quente, que a chama do fogo matou os homens que carregaram a Sadraque, Mesaque e Abednego. E estes três, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente. Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, e disse aos seus conselheiros: não lançamos nós dentro do fogo três homens atados? Responderam ao rei: é verdade, ó rei. Disse ele: eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, e nenhum dano sofrem; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses. Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Logo Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo. E os sátrapas, os prefeitos, os governadores, e os conselheiros do rei, estando reunidos, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os corpos destes homens, nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem sofreram mudança os seus mantos, nem sobre eles tinha passado o cheiro de fogo. Falou Nabucodonosor, e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, o qual enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele e frustraram a ordem do rei, escolhendo antes entregar os seus corpos, do que servir ou adorar a deus algum, senão o seu Deus. Por mim, pois, é feito um decreto, que todo o povo, nação e língua que proferir blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro deus que possa livrar desta maneira. Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego na província de Babilônia."
O texto fala por si só, portanto, dispensa qualquer exegese ou hermenêutica.

A GRAÇA QUE FAZ

Uma das mais costumeiras acusações contra os nascidos de Deus, os quais crêem na dependência plena d'Ele é que estes negam a necessidade de evangelizar, visto que reputam tudo à graça. Erram e, ainda por cima, incorrem em juízo temerário, os tais acusadores, por desconhecer o poder de Deus e as Escrituras. Ninguém que tenha experimentado o nascimento do alto e que recebeu a graça misericordiosa de Deus, prega contra o anúncio do evangelho. Não pderia retê-lo, nem por senso comum e, muito menos, por elucubrações teológicas. É ordem perene das Escrituras, o pregar o evangelho 'a tempo e fora de tempo'. O nascido de Deus prega, porque isto lhe é por nova natureza e não por preceito, norma ou lei institucionalizada pela religião humana. Ele mesmo é o portador das boas novas, visto que experimentou o nascimento do alto e a sua vida não lhe pertence mais. Agora ele vive uma nova disposição na vida de Cristo, sendo sua testemunha neste mundo.
I Co. 15:10 - "Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo." Verifica-se pelo testemunho do apóstolo Paulo, que até o ser uma nova criatura e viver circunstancialmente cada situação e momento, é resultante da graça. O trabalho de um regenerado não lhe é propriedade e, tão pouco, obra de justiça própria para fins meritórios. O seu trabalho não é seu, mas da operação da graça de Deus em seu homem espiritual. As operações da graça faz que o regenerado trabalhe e não o regenerado faz a graça um operacionalização de obras de justiça própria. Assim, é a graça que opera as boas obras de Deus, as quais foram preparadas de antemão para que os nascidos de Deus andem nelas conforme Ef. 2:10 - "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas." O regenerado é feitura das mãos de Deus por meio da obra inclusiva de Cristo na cruz para que ande nas obras d'Ele.
Antes que o próprio mundo viesse à lume, Deus já havia definido cada obra a ser realizada para honra e glória do Seu próprio nome. Entretanto, religiosos falseados, arrogantes e impostores, se assenhoram das boas obras e tomam-nas por suas afim de expor justiça própria diante do Deus de toda glória.
Tt. 2: 11 a 14 - "Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, que se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras." Então foi a graça de Deus que se manifestou e não a vontade do homem. Foi a graça de Deus que trouxe salvação a todos os seus eleitos. É a graça de Deus que ensina o caminho da renúncia da velha natureza por meio da destruição desta na morte de Cristo. É a graça de Deus que permite aos eleitos e regenerados viver sóbria, justa e piamente o presente momento. É a graça de Deus que opera nos filhos de Deus para que perseverem como a santificados em Cristo Jesus, aguardando a Sua manifestação para restaurar todas as coisas e se apossar definitiva e cabalmente do Seu reino sempiterno. Cristo mesmo é a graça de Deus que remiu a iniquidade e para purificar um povo específico todo Seu, zeloso de boas obras.
Em tudo isto, onde está a participação determinante do homem? Resta-lhe apenas o recebimento da graça e por ela viver e realizar as obras de Deus e não suas.

agosto 23, 2008

A DISSOLUÇÃO DA GRAÇA

Jd. 3 a 5 - "Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos. Porque se introduziram furtivamente certos homens, que já desde há muito estavam destinados para este juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo. Ora, quero lembrar-vos, se bem que já de uma vez para sempre soubestes tudo isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram." Percebe-se que os nascidos de Deus são, de fato, guiados pelo Espírito d'Ele, pois mesmo quando intencionam escrever acerca de um determinado assunto, o Senhor os conduz a outro assunto.
Hodiernamente se fala muito em fé, entretanto, é uma categoria de fé produzida pela vontade humana. É uma fé do tipo muleta, uma espécie de arrimo da desesperança. Isto porque, as pessoas se apegam a uma classe de fé que lhes agrada ou satisfaz apenas em determinado momento ou circunstância. Passado o problema ou resolvido o dilema, retornam ao lugar comum de uma religião de segunda mão. Alguns persistem neste modelo por anos a fio, por julgarem que necessitam de muitos sacrifícios a fim de convencer Deus a lhes ser favorável. Ora, Deus não age no universo com base na favorabilidade ou desfavorabilidade. Ele, tão somente, age com base em Sua soberania. Ou o homem recebe a soberania de Deus como justa e perfeita, mesmo quando lhe é desfavorável, ou não recebeu graça para conhecer quem é Deus em Cristo. Neste caso será apenas um religioso inveterado.
É muito comum, quando pessoas, nascidas de Deus ou não, passam por grandes aflições, dizerem que pedem a Deus para lhes tirar a vida. Isto é um testemunho de ausência de fé na graça d'Ele. Ora, então é muito simples cometermos as mais grosseiras torpezas contra a santidade de Cristo e depois queremos nos eximir da culpa morrendo? As Escrituras mostram que, nestes casos, devemos nos humilhar diante de Deus e confessar a Sua graça e pedir a Sua misericórdia. Não há ninguém que possa fugir dos olhos do Oleiro Eterno. Ele quebra e refaz o vaso, tantas quantas forem as vezes que a Sua soberana vontade quiser.
Então, pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos, nos termos do texto que vem de ser lido, é continuar recebendo tudo o que chega até nós como sendo da parte de Deus. Ainda neste contexto, significa continuar confessando a doutrina a qual foi entregue apenas aos nascidos do alto.
Haverá sempre homens ímpios que convertem a graça de Deus em dissolução. Isto porque eles foram destinados pela soberana vontade de Deus para este mesmo fim. Isto, no entanto, não os exime da culpa e da responsabilidade do pecado. Estes homens penetram furtivamente com suas dissimulações, entretanto, são utilizados para acrisolar e purificar os vasos do Senhor no cadinho. Por meio da tentativa de dissolução da graça acabam por evidenciar aos nascidos do alto que ela é mais forte que o pecado. Por isso, Paulo ensina: "... quando sou fraco, aí é que sou forte." Porque, ou o Senhor é ou o "eu" do homem é! Se alguém foi crucificado com Cristo, o que resta desse alguém? O espírito regenerado, a alma sendo tratada e o corpo que será ressuscitado.
O que o texto doutrina claramente é que, ao negar que a graça de Deus é suficiente e eficiente em Cristo, nega-se absolutamente tudo o que Deus realizou na cruz para redimir o pecador. Portanto, nega-se o próprio Cristo, porque Ele mesmo é a graça, visto que é, tanto a doação, como o doador da vida eterna.
Por dissolução subentende-se ato ou efeito de dissolver, desagregar, decompor. Por extensão de sentido é deterioração dos costumes, degradação, devassidão, imoralidade. Logo, os tais dissolutos estavam penetrando furtivamente para desagregar, decompor a verdade em mentira, desconfigurar as Escrituras, minimizar e banalizar a graça de Deus em Cristo. Eles tomam a liberdade da graça em libertinagem para corromper, pregando e disseminando costumes imorais que não agradam ao Deus de toda graça.
Esta é mais uma tentativa do inimigo das almas dos homens em negar o sacrifício de Cristo na cruz. Neste sentido, o Diabo nunca teve tanto sucesso como nos tempos que transcorrem, pois as igrejas institucionais estão repletas de púlpitos sem a cruz e de cruz sem crucificados com Cristo.

agosto 11, 2008

O ULTRAJE AO ESPÍRITO DA GRAÇA

O substantivo ultraje deriva do verbo ultrajar que, em última análise, é ofensa muito grave, afronta, desacato, violação de leis, regras e princípios. Em sentidos, que tais, o ato exige um agente que, como tal, deve estar ciente, tanto do que é ofensivo, como da gravidade das possíveis violações e suas consequências. O homem, por mais ético, reto e íntegro que pareça ser incorrerá sempre no ultraje à graça e ao Senhor da graça, porque é da sua natureza ser recorrente neste aspecto e em outros tantos. A questão, portanto, se circunscreve, não ao que o homem faz ou deixa de fazer, mas sim, porque ele o faz ou deixa de fazê-lo. Fazer e não fazer têm diante de Deus o mesmo peso em se tratando do homem. A questão remonta à natureza dominante nele. Porquanto a natureza é determinante, todavia, os atos são consequentes, e isto acarreta responsabilidade moral e pessoal.
No caso do homem que foi regenerado, o uso legítimo da graça de Deus, a qual preconiza um modelo de liberdade plena em Cristo, lhe permite fazer tudo. Todavia, o ensino da sã doutrina harmonizada diz que "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas." A questão é principiológica, no sentido em que não convém aos nascidos do alto se deixar dominar por certas coisas que ultrajam a graça de Deus, precisamente, porque são apenas coisas. Assim, ferir-se-á o princípio da não conveniência, todas as vezes em que, conscientemente, alguém não observa o que diz I Co. 10:23 - "Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam." O fundamento é: posso? Posso, mas convém Àquele que vive em mim? Posso? Posso, mas edifica o corpo de Cristo? Posso? Posso, mas a minha natureza é de serpente ou de nova criatura? Posso? Posso, mas haverá consequências?
Os princípios que estão em jogo são: a quem pertence o regenerado? A si mesmo, ou ao que o regenerou? O que domina ou reina no nascido de Deus? O que é conveniente a Cristo? O que edifica a si e aos outros? O que é apenas lícito? Desta forma chega-se ao que é próprio da graça e ao que é próprio do pecado. A liberdade em Cristo possui duas vertentes: a da licitude e a da não conveniência. Não é pelo fato de o nascido do alto ser livre, que o tal possa optar apenas pelo que é lícito, visto que seus atos podem ferir e ultrajar o Senhor de toda a graça. Sendo assim, já não é mais liberdade, mas libertinagem e ultraje ao Espírito da graça. A licitude é da esfera da liberdade, mas a não conveniência é da esfera da responsabilidade.
Gl. 5: 13 a 21 - "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros. Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros. Digo, porém: andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. Porque a carne luta contra o espírito, e o espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus." Obviamente, herança não se conquista por mérito, mas por nascimento, sendo uma questão de origem paternal e não de conquista meritória.
O texto dispensa qualquer exegese e não lhe cabe muita hermenêutica, visto que é um texto literalmente contextualizado. Trata-se de instruções, ordenanças e orientações aos que já nasceram do alto. O arbítrio na questão da liberdade obtida pela graça é o amor. O amor a que alude o texto não possui natureza terrena, mas é uma referência ao modelo de amor divino, qual seja, que flui independentemente das qualidades do objeto amado. O amor terreno recai nas obras da carne, porque são coisas circunstanciais e manifestáveis. O amor agape, ou seja, divino não é observável e mensurável pelas circunstâncias.

agosto 09, 2008

A DETURPAÇÃO DA GRAÇA X

Hb. 10:26 a 31 - "Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma expectação terrível de juízo, e um ardor de fogo que há de devorar os adversários. Havendo alguém rejeitado a lei de Moisés, morre sem misericórdia, pela palavra de duas ou três testemunhas; de quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do pacto, com que foi santificado, e ultrajar ao Espírito da graça? Pois conhecemos aquele que disse: minha é a vingança, eu retribuirei. E outra vez: o Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo."
Um dos riscos de se tomar a liberdade da graça por libertinagem é o que vem de ser tratado e retratado no texto acima. Assim, se após ter pleno conhecimento da verdade revelada nas Escrituras, houver permanência por escolha moral na prática contínua do pecado, não houve validação da justiça de Cristo na cruz. Isto equivale dizer que, ao invés de aniquilação do pecado pelo novo pacto, ocorreu, de fato, anulação da graça pela lei. Tal situação é a certeza de condenação, visto que se desprezou a justificação pela graça de Cristo, por causa da manutenção do pecado pelas obras da carne. Houve, neste caso, profanação do sangue do novo pacto na cruz e, isto, implica forçosamente no ultraje ao Espírito da graça. É o que o Espírito Santo doutrina, por instrumentação do apóstolo Paulo aos gálatas: "... da graça decaístes." O mero conhecimento do que é a graça, sem a consequente regeneração, a que ela se destina, de nada adianta. Não passa de flatus vocis! Neste abismo, muitos têm afundado! Por isso, as Escrituras dizem: "... corríeis bem, quem vos fascinou ..."
Deus sempre age por princípios e não por circunstâncias, assim, o princípio prevalecente é o da graça, ou seja, Ele age soberana e monergisticamente no processo da justificação e da redenção do pecador. O que está em jogo do lado de Deus não é o que o homem faz, mas o que ele é. O que o homem faz é consequência do que ele é, e não, o oposto. A deturpação da graça nestes termos ocorre, precisamente, quando o pecador, não só possui volição natural para o pecado, como também despreza e abomina conscientemente a graça de Deus manifesta em Cristo Jesus. O texto diz que Deus não poupa tal desprezo aos que pisam o Seu Filho, além de afirmar que é coisa horrenda cair em Suas mãos para ser corrigido.
A pessoa que, conhecendo qual seja a verdade, sente prazer no pecado, está fadada a trilhar um caminho tortuoso, e por vezes, sem volta conforme o texto de Hb. 12: 15 a 17 - "... tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem; e ninguém seja devasso, ou profano como Esaú, que por uma simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas." A privação da graça de Deus é um processo, no qual, o homem tendo-a  prefere seguir os ditames do seu coração que, aliás, é enganoso e desesperadamente corrupto. A amargura traz perturbação, ou seja, oscilação entre a verdade e a mentira. A contaminação por tais atos pecaminosos faz que o homem se torne um imediatista se vendendo por qualquer preço, contanto que consiga alguma migalha de amor profano, satisfação sensual, reconhecimento e aplausos.
O resultado disto tudo é que, mesmo tendo arrependimento, não se pode herdar a bênção da graça, pois o seu arrependimento é, de fato, remorso. Arrependimento é resultante da graça e não dos sentimentos do homem.

agosto 04, 2008

A DETURPAÇÃO DA GRAÇA IX

Ocorre clara deturpação da graça, quando o homem, a partir apenas de seus atos e atitudes, se ilude pela possibilidade de melhor servir ou oferecer o seu melhor a Deus. Neste ponto, ele fere incisivamente o texto de Ef. 2: 1 a 10 - "Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo, pela graça sois salvos, e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas."
O texto mostra que o homem está incondicionalmente morto para Deus, no sentido e na forma em que o seu espírito decaído e depravado, não pode ter e manter comunhão com Ele. A iniciativa espiritual é invariavelmente de Deus, não só de vivificar, como também, de libertar o pecador da situação que o mantém debaixo da condenação. Antes, o homem decaído se achava absolutamente controlado pelos desejos e pensamentos oriundos na carnalidade, agora o regenerado é mantido pela misericordiosa graça no amor de Cristo. Será tratado em seus atos pecaminosos pela vida toda até o dia de Cristo.
Por instrumentalidade, primeiramente, da misericórdia através do amor verdadeiro, Deus concedeu a graça e ressuscitou o pecador que foi crucificado com Cristo. A graça é o elemento promotor da salvação e o canal é a fé, mas, tanto uma, como a outra, é dom de Deus. As obras do homem não podem ser confundidas com as boas obras de Deus, pois aquelas são fruto da justiça que há na lei e na carne, enquanto esta é resultante da soberana graça do Pai. Estas boas obras de Deus foram por Ele estabelecidas de antemão, ou seja, antes que o mundo existisse para que os seus eleitos andassem nelas. São os eleitos que andam nelas, e não, elas que andam neles, isto é, que determinam a sua justificação, santificação e glorificação como se presume comumente.
Hoje, o que se vê nas religiões prevalecentes são homens inchados dos seus títulos, dos seus feitos, dos anos de igreja, de pertencer por gerações inteiras a uma determinada denominação. Eles invertem a ordem e a centralidade da graça em obras de justiça própria e de merecimentos que só existem no ideário dos "Falsos, Metidos e Impostores" nos dizeres do título do novo livro de Brennan Meaning. Trata-se de um formidável alerta aos religiosamente corretos, porém espiritualmente podres e engessados em um sistema religioso humano.
O melhor do homem é abominação à santidade de Deus! Todavia, aos seus eleitos Ele concede misericórdia e graça para que vivam como se nada fossem, e, de fato, nada são aos olhos do mundo.

agosto 03, 2008

A DETURPAÇÃO DA GRAÇA VIII

Gl. 5: 1 a 6 - "Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jogo de escravidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo testifico a todo homem que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes. Nós, entretanto, pelo Espírito aguardamos a esperança da justiça que provém da fé. Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor." Se Cristo veio para libertar o pecador da escravidão do pecado, como pode alguém ainda persistir debaixo da lei, dos ritos, dos cerimoniais, dos dogmas e sacrifícios que foram criados pela lei? O homem que tem prazer em se submeter a tais preceitos e normas, ainda não experimentou, de fato, o que é a graça nos termos escriturísticos. Provavelmente, este homem ainda tem apenas um conceito puramente intelectual do que seja a graça, sendo, no máximo, um religioso.
A validação de qualquer norma da lei moral e/ou cerimonial nos termos das Escrituras determina, como consequência imediata, o desligamento de Cristo e a perda da Sua maravilhosa graça. Isto porque, ou Cristo é suficiente e eficiente para justificar, ou a lei o é. Nunca os dois ao mesmo tempo, pois Ele veio justamente para satisfazer os requisitos da lei, impossíveis de serem satisfeitos pelo homem sozinho. De modo nenhum, isto desqualifica a pureza e a sublimidade da lei. Ela é tão perfeita que nenhum homem a pode cumprir. Foi necessário que Cristo a cumprisse na cruz, afim de habilitar o pecador a ter acesso à graça plena de Deus. De sorte que a fé e a graça não anulam a lei, mas torna exequível por meio de Cristo.
O que depreende do texto é que nada pode substituir a justificação que procede da fé em Cristo e na Sua obra substitutiva e inclusiva na cruz. Ele não só é o justificador, como também e a própria justificação, posto que apenas Ele foi capaz de cumprir a lei, tornando o justificador dos injustos.
Ef. 1: 6 e 7 - "... para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado; em quem temos a redenção pelo seu sangue, a redenção dos nossos delitos, segundo as riquezas da sua graça ..." Este é o aspecto que mais incomoda o homem que ainda persiste em sua natureza pecaminosa sem ser destruída na cruz: a gratuidade da justificação. É pela graça que nossos pecados são redimidos diante de Deus. Entretanto, o homem, possuidor da "Síndrome de Lúcifer" vive na suposição que pode traçar o seu próprio projeto de retorno ao paraíso perdido. Ledo engano, pois ninguém pode chegar ao Pai se não for por meio de Cristo, como também ninguém pode chegar a Cristo se o Pai não lho trouxer conforme Jo. 14: 6 e Jo. 6:44, respectivamente.

A DETURPAÇÃO DA GRAÇA VII

Uma das formas mais grosseiras de deturpação da graça de Deus é aquela na qual o homem decaído, ainda que religioso, se coloca na perspectiva de condutor do processo de sua salvação. Foi o que aconteceu ao doutor da lei que se aproximou de Cristo, formulando-Lhe uma das perguntas mais tolas conforme Lc. 10:25 - "E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?" Primeiramente, se de fato era doutor da lei deveria saber que pela lei não há salvação. Secundariamente, qualquer um deve saber que não se faz absolutamente nada para ser herdeiro. A herança é um fato gerado pelo nascimento natural. Logo, se é filho, é herdeiro! A herança é uma das expressões mais eloquentes da graça plena. No contexto, Jesus lhe perguntou sobre o que a lei de Moisés dispunha, e, ele, de pronto respondeu com o primeiro mandamento. Ao que lhe replicou, o Mestre, cumpra-o e terás vida! De fato, Jesus estava lhe respondendo na mesma proporção do que foi questionado, ou seja, assim como ninguém precisa fazer nada para ser herdeiro, igualmente, ninguém é capaz de cumprir o primeiro mandamento para ganhar a salvação. Se não for por misericórdia e graça, ninguém cumpre absoluta e cabalmente a lei. Ela só poderá ser cumprida em Cristo e, n'Ele, o eleito que foi incluído em Sua morte de cruz ganha a verdadeira vida.
Gl. 2:21 - "Não faço nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão." Tornar nula a graça de Deus ocorre quando alguém, por mais bem intencionado que seja, tenta cumprir a lei por seus próprios esforços e fora da cruz. Exatamente por causa da incompetência do homem pecador em cumprir a lei, que Cristo se manifestou em forma humana e abriu mão da Sua deidade. Ele desceu até as partes mais escuras e profundas para resgatar o que se havia perdido. O homem é o vaso que se quebrou nas mãos do oleiro e, dos cacos, se fez outro. O oleiro é Deus, o vaso é o homem decaído, o novo vaso é o pecador que foi eleito e pré-ordenado para a vida em Cristo. Logo, se algo ou alguém fosse capaz de substituir a solução de Deus para a justificação e redenção do pecador, tal  realidade se tornaria a morte de Cristo um fato banal e desnecessário.
I Co. 12: 9 - "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo." O apóstolo Paulo achava-se perturbado por algo que o importunava e orou por três vezes para que Deus o livrasse. Mas, a resposta de Deus foi essa constante do texto que vem de ser lido: "... A minha graça te basta..." A graça é algo tão abrangente e sublime que é capaz até de fazer um nascido de Deus conviver com espinhos na carne e fraquezas. Não se deve tomar dessa palavra para legitimar hábitos pecaminosos, pois a fraqueza a que alude Paulo aqui é a sua própria insuficiência e incompetência. Tal classe de fraqueza substitui os esforços, méritos, obras da carne e da lei pelo poder e méritos de Cristo. Justamente, quando o homem se vê esvaziado e incompetente é que fica clara e evidente a vida de Cristo nele.