I Tm. 4:1 - "Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios." Uma das características do engano é vivenciar uma realidade que não é a real. Esta característica se evidencia em três aspectos: a) o religioso porta a Bíblia apertada ao peito, entretanto, não a examina com sabedoria do alto, neste sentido, fazem dela apenas um apetrecho de crente; b) o religioso examina as Escrituras acerca das coisas de Deus, fazendo deste ato uma penitência e um hábito mecânico, mas não consegue ver o Deus das Escrituras; c) e, finalmente, o nascido do alto que recebeu graça para crer mas, todavia, não toma conhecimento das esferas espirituais e suas manifestações, sendo por isso, usado como instrumento de engano.
O texto que abre este artigo é da lavra do apóstolo Paulo como parte da doutrina escatológica, a qual ensina ao seu discípulo Timóteo. Verifica-se que é o Espírito Santo quem afirma a verdade, não é uma sugestão do apóstolo; é dito que nos tempos finais, alguns apostatarão da fé, sendo isto muito significativo, pois é da fé e não da religião, ou mesmo da Igreja; o motivo da apostasia é explicitado e fica por conta do 'dar ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas demoníacas'. As Escrituras são muito claras e simples! O que acontece, via de regra, é que os religiosos leem estas palavras, mas não as toma como palavras de Deus. Tomam-na apenas como uma carta de Paulo a Timóteo. Imaginam que tais ensinos se referem sempre aos outros, às outras igrejas e às religiões diferentes da sua e que nunca diz respeito a eles pessoalmente. Não veem as Escrituras como afirmações vindas de Deus, mas apenas como um amuleto religioso que permite dar legitimidade às suas crendices. Andar e ler a Bíblia passa a ser apenas um estilo de vida, um comportamento clichê, um hábito sem profundidade espiritual.
Dar ouvidos é uma expressão geral que indica acatar para si uma determinada afirmação, tornando-a um princípio, uma regra, um preceito, e uma norma. O religioso invariavelmente imagina que na sua igreja, ou religião jamais um espírito enganador e uma doutrina de demônio terão chances. Todavia, é exatamente isto que o inimigo das almas dos homens deseja que se imagine. Em qualquer religião ou igreja há esta possibilidade, porque o papel do inimigo é atuar onde há pregação do evangelho. Tudo o que ele deseja é mesclar a mentira à verdade a fim de enganar e confundir. Onde se ensina demonologia e satanismo ele não necessita de atuar, pois ali, ele já recebe os louvores e a adoração. Este é um dos mais grosseiros enganos entre os religiosos que não conhecem o caminho da cruz e o levar o morrer diário de Cristo.
Apostasia é um substantivo feminino que significa abandono da fé de uma igreja, mais especialmente do cristianismo. Virar as costas à fé genuína, substituindo-a por doutrinas adequadas e adaptadas aos enseios de um mundo que busca a vida, a fama e o sucesso. O homem decaído procura construir o seu próprio paraíso na Terra sem passar pela morte na cruz. Este é portador da "Síndrome de Lúcifer" que, não satisfeito em ser um dos mais elevados anjos, intentou ser ele mesmo, um 'deus'. Esta apostasia foi inoculada no homem ainda em seu estado de comunhão com Deus. A sugestão de Satanás no Éden é a mesma hodiernamente conforme Gn. 3:5 - "Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal." A expressão "... e sereis com Deus" é a chave para a busca do auto-endeusamento do homem. Por isso, ele dá ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônio ainda hoje. Cada homem segue a natureza que lhe é dominante: se é a natureza do pai da mentira, a mentira; se é a natureza verdadeira de Cristo, a verdade.
O engando, que por natureza é também enganador, nunca recebe esta palavra com verdadeira, mas apenas como uma possibilidade. Não lê as Escrituras como Palavra de Deus, mas apenas como um manual de ritos religiosos. Busca produzir sua própria salvação em função dos seus méritos e da sua justiça própria. Há três tipos básicos de homens no tocante à verdade: a) os que não nasceram do alto, mas praticam uma religião puramente formal; b) os que praticam uma religião com todo ardor, mas são enganados e possuídos por espíritos enganadores; c) e os que nasceram de Deus, por inclusão na morte com Cristo, e ressuscitaram juntamente com Ele. Os regenerados vivem com base nas Escrituras e não nas injunções e conjecturas religiosas. Estes últimos em nada são melhores do que os demais, entretanto receberam misericórdia e graça para assim viverem o deserto da produção da santidade de Cristo até a restauração final.
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