I Co. 12:10 - "E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas." Em meio a lista dos dons concedidos à Igreja, aparece o de discernir os espíritos. De todos os dons este é um dos menos confessados e praticados. Entretanto é de fundamental importância, visto que é por ele que se sabe de onde provêm os ensinos ou a doutrina.
Há no universo três naturezas de espíritos: o Espírito Santo de Deus, o espírito no homem, e o espírito do Maligno. O espírito no homem foi soprado juntamente com a alma e, por esta razão é que o texto original fala: "...e formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego das vidas; e o homem foi feito alma vivente." [Gn. 2:7]. O corpo físico foi formado do pó da terra, por isso, o primeiro homem foi chamado Adão, que provém de Adamah, ou seja, barro vermelho. Quando diz "soprou em suas narinas o fôlego da vida", no texto original fala, "fôlego das vidas" [heb. nishmat hayim] no plural de destaque, pois é uma dupla referência à vida do espírito e à vida da alma. A vida da alma está no sangue conforme Lv. 17:11 e 14 - "Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma. Pois, quanto à vida de toda a carne, o seu sangue é uma e a mesma coisa com a sua vida" Esta é a razão, porque o sangue do Cordeiro imolado antes da fundação do mundo é que justifica o pecador, pois é a alma ou a carnalidade que está contaminada pelo pecado e pelos atos pecaminosos. O espírito no homem foi proveniente de Deus, e, a ele retorna conforme Ec. 12:7 - "E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu." O espírito colocado no homem no dia em que este foi feito, está morto por causa do pecado. Morto no sentido em que aparece nas Escrituras, relativamente a este ponto, significa separado, desligado ou destituído. Por isso, o espírito no homem pode ligar-se, tanto ao espírito de Deus, quando regenerado, como também a Satanás quando em estado de pecaminosidade. É destas ligações que surgem, tanto a adoração verdadeira, como a adoração ao Diabo e aos demônios.
I Jo. 4:1 - "Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo." A instrução do apóstolo João é que não se deve dar crédito, ou seja, atribuir fé e verdade a todo espírito. Há a necessidade de verificar se os espíritos são ou não oriundos de Deus. Esta é uma referência aos espíritos ensinadores ou doutrinadores por meio de pessoas. Isto não é uma referência à incorporação de espíritos, mas apenas à inspiração daquilo que se prega como evangelho. O profeta poderá ter uma mensagem procedente do Espírito Santo, ou procedente do espírito do Maligno. A forma de diferenciá-las é no tocante ao conteúdo da doutrina, ou seja, de quem fala, e como fala em relação ao sujeito da sua comunicação. A primeira característica da ação do espírito do Maligno é a exaltação ou a centralidade no homem. Quando o foco for no homem e não na cruz, o espírito inspirador não provém de Deus.
O apóstolo João dá a senha sobre este assunto da seguinte maneira: "Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do Anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo." Primeiramente o espírito daquele que fala ou prega a mensagem deve confessar que Jesus Cristo veio como homem histórico, mas também como o Filho Unigênito de Deus. Confessar é um verbo, que, em seu étimo, traz a noção de "com fé", e a fé é dom de Deus. Portanto, só confessa o indivíduo que está sob o controle de Deus. Os falsos pregadores, ensinadores ou doutrinadores que não se enquadram nesta categoria, apenas fazem declarações. Eles não podem confessar, porque não possuem fé oriunda de Deus. São apenas crendices! A necessidade de confessar que Jesus Cristo é Homem-Deus, persiste no sentido em que a Sua morte foi substitutiva e também inclusiva. O Jesus, homem histórico, substituiu o homem de todos os tempos, mas o Cristo eterno, substituiu o espírito decaído e corrompido pelo pecado. Assim, a morte vicária de Cristo é completa, na medida em que substitui o homem plenamente e o inclui na mesma morte para, na ressurreição, comunicar a vida eterna ao regenerado. Desta forma, quando Cristo morre na cruz o pecador está n'Ele para ter o corpo do seu pecado destruído conforme Rm. 6:6, mas quando ressuscita, é Cristo no regenerado para lhe dar a vida Zoé, ou seja, vida espiritual e eterna conforme Ef. 2:5.
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