I Co. 2:15 e 16 - "Mas o que é espiritual julga bem tudo, e ele de ninguém é julgado. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo." Há, no meio religioso, alguns pontos intocáveis. Dentre eles evidencia-se um que é demasiadamente utilizado para tornar determinados questionamentos inalteráveis. É o caso do chamado julgamento! Sempre quando alguém deseja emitir uma opinião ou análise de alguma posição teológica, ritual, ou cerimonial, logo aparecem os legalistas, dizendo: não faça julgamentos! Não julgue! O julgamento a que as Escrituras desaconselham é o julgamento temerário, isto é, precipitado, infundado e sem base. O julgamento mostrado no texto retromencionado não é um juízo de valores morais, de coisas, ou de pessoas, mas de fatos espirituais conforme o contexto indica. De fato, Deus não autoriza ninguém neste mundo julgar as consciências dos outros. Entretanto, as Escrituras autorizam que se deve julgar os espíritos e o ensino pelas lentes de Cristo e sua Palavra.
Neste texto que abre este artigo, o verbo julgar na língua original, o grego koinê, é 'anakrinei' e significa julgar, examinar e inquirir por comparação. Não força uma tradução no sentido de julgamento temerário, pois trata-se de um exame completo de sondagem ou preliminar.
Portanto, o regenerado deve sim, julgar, examinar investigar e decidir com bse neste exame judicioso, porém à luz das Escrituras. Apenas os que foram recriados em Cristo são convidados a julgar ou examinar as obras do Espírito, porque têm a mente de Cristo. Assim, todas as coisas devem ser checadas para que se possa saber se são vindas de Deus, do homem, ou do próprio Satanás. Há hoje uma grande mistificação de coisas sobrenaturais tidas como procedentes de Deus, quando de fato, são provenientes de demônios que são espíritos enganadores, ou mesmo da alma do homem, que, em suma, é enganada e enganadora. Neste sentido, a primeira ação do regenerado é julgar-se a si próprio pelo crivo espiritual, antes de julgar todas as coisas espirituais. Isto é indicado em I Co. 11:31 - "Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados." Quando se negligencia o autojulgamento torna-se alvo da disciplina ou julgamento de Deus para trazer à lume nossas próprias falhas.
O regenerado 'aprovado e amadurecido' deve ser capaz de julgar, trazendo à prova todas as coisas conforme II Tm. 4:2. 'Provar todas as coisas' em I Ts. 5:21 visa o conhecimento das coisas espirituais a fim de obter discernimento e aprovar as 'coisas excelentes' a fim de ser 'sincero e inculpável até o dia de Cristo' conforme Fp. 1:10.
Neste sentido, nunca o mundo cristão careceu tanto de julgamentos, como nestes dias escatológicos. Expressões, tais como visão, ministério, unção, bênção, ministrações, louvor, doutrina, libertação, cura, poder, profecia, teologia disso, teologia daquilo, devem ser detidamente examinadas à luz das Escrituras. Isto visa por à prova os espíritos para saber se são vindos de Deus ou do Diabo.
O princípio norteador para livrar os eleitos do engano dos espíritos ensinadores e das religiões do engano é crer à verdade. Contra a mentira de Satanás só existe o antídoto da verdade, a saber, Cristo e a cruz inclusiva e substitutiva. Por isso, o Senhor afirma com absoluta autoridade: "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará." - Jo. 8:32. A verdade que liberta não são manifestações subjetivas ou sobrenaturais! É Cristo mesmo, visto que ele é, o doador e a doação ao mesmo tempo. Ele atraiu o pecador a Si na cruz conforme Jo. 12:32 e 33. Ele destruiu o corpo do pecado, porque crucificou o velho homem, incluindo-o na sua morte de cruz conforme Rm. 6:6.
A salvação possui etapas processuais, a saber, o conhecimento da verdade pela pregação do evangelho; o recebimento da verdade do evangelho pela graça mediante a fé; e o exame da verdade do evangelho para testemunho e ensino a outros. Após crer que Deus o elegeu antes dos tempos eternos em Cristo para destruição do pecado na cruz, e, que também, Ele executou a sentença contra o pecado na morte de Seu Filho Unigênito, incluíndo o pecador por fé, ocorre o nascimento do alto ou regeneração. Após a regeneração não há mais como retroceder. Resta a partir deste ponto o processo de formação da semelhança de Cristo no regenerado. Este é um processo de deserto, posto que é solitário, desconstrucionista das mentiras que foram inculcadas ao longo da história de vida.
O apóstolo dos gentios define muito bem os estágios da redenção: "...porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia." - II Tm. 1:12b. A sequência é: saber, crer e ter certeza.
A Cristo toda glória perpetuamente!
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