quinta-feira, fevereiro 21

SOBRE O FIM DOS TEMPOS V

Dn. 9: 2 a 4 e 20 a 27 - "... eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as desolações de Jerusalém, era de setenta anos. Eu, pois, dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza. E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: ó Senhor, Deus grande e tremendo, que guardas o pacto e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos; Enquanto estava eu ainda falando e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a face do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus, sim enquanto estava eu ainda falando na oração, o varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente, e tocou-me à hora da oblação da tarde. Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Daniel, vim agora para fazer-te sábio e entendido. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, pois és muito amado; considera, pois, a palavra e entende a visão. Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; com praças e tranqueiras se reedificará, mas em tempos angustiosos. E depois de sessenta e duas semanas será cortado o ungido, e nada lhe subsistirá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; estão determinadas assolações. E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será derramada sobre o assolador."
Neste texto aquela contagem do estudo anterior ganha um pouco mais de significação espiritual e aplicação histórica. Vê-se pelo contexto deste capítulo 9 que a revelação da verdade compete a Deus exclusivamente. Após examinar as Escrituras, o profeta Daniel concluiu que o tempo profetizado por Jeremias acerca das provações do povo de Israel era de setenta anos. Então, à luz da sua conclusão entendeu que era hora de orar e suplicar por si e pelo povo que se achava exilado na Babilônia. Jerusalém, a cidade eterna, estava desolada e entregue a bandidos e aventureiros que a ocupava sem ter direitos.
Enquanto Daniel orava veio o anjo Gabriel e lhe tocou para a hora da oblação da tarde, ou seja, do ritual de purificação por água conforme o rito mosaico da lei. A missão do mensageiro era anunciar os acontecimentos relativos ao povo de Israel, e a sucessão de fatos históricos os quais culminariam com o retorno de Cristo, os juízos sobre a Terra e as nações e a restauração final de todas as coisas. O anjo disse a Daniel que Deus o estava ovindo desde o início das orações e súplicas e decidiu torná-lo sábio e entendido por meio do conhecimento e da revelação da verdade pela Palavra d'Ele. Vê-se, que, Daniel em nada contribuiu para levar Deus a falar e agir, tudo se resume na soberana vontade do Altíssimo e não em méritos humanos.
Na contagem do tempo era muito comum simplificar os anos como dias e agrupá-los em semanas. Então, o anjo disse: 'setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo', a saber, os judeus 'e sobre a sua santa cidade', ou seja, Jerusalém. Não precisaria de qualquer interpretação para saber que não se tratava de contagem em semanas reais de sete dias, pois isto não daria para cumprir todos os fatos históricos previstos na profecia. Então passa-se ao entendimento destas semanas e sua aplicação real na economia do tempo de Deus, o chamado 'kairós' divino.
A maneira de contagem de tempo por semanas está demonstrado em Lv. 25:8 – “Também contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos; de maneira que os dias das sete semanas de anos serão quarenta e nove anos.” A palavra semana em hebraico é “shavúa”, e, neste texto, quer dizer: “um sete de anos” como os 'sets' em jogos de basquete ou vôlei. Assim, cada semana é igual a um período de sete anos de 365 dias cada um. Então, no caso do texto em tela, pode-se dizer, resumidamente, que, as setenta semanas são um período de tempo muito longo. Pelo texto, tal período foi dividido em três partes: sete semanas e outras sessenta e duas semanas. Ora, sete semanas mais sessenta e duas semanas são apenas sessenta e nove semanas. Portanto, falta uma semana! Bem, as sete semanas iniciais estariam relacionadas aos preparativos para o povo de Israel ser liberado do cativeiro e para reconstruir Jerusalém e voltar aos poucos a Israel. As outras sessenta e duas semanas é um período longo em que Deus operaria no mundo estendendo a sua graça e a sua misericórdia da salvação por meio do advento do Messias, o Cristo e toda a história da Igreja por Ele formada. A última semana é o período de tempo de sete anos em que o governo mundial se firmará, quando ocorrerão os acontecimentos finais, incluindo-se a grande tribulação, o arrebatamento dos eleitos e regenerados e o retorno visível do Grande Rei para julgar as nações.
Resumidamente as setenta semanas são contadas assim: 
a) As sete semanas iniciais - do edito do rei Artaxerxes que permitiu a um grupo de judeus ir a Jerusalém para reconstruir os muros e fazer reparos na cidade conforme o registro de Ne. 2: 1 a 8. Isto ocorreu cronologicamente em 14 de março de 445 a. C.
b) Fim da contagem das sessenta e nove semanas com a entrada triunfal de Jesus, o Cristo em Jerusalém conforme o texto de Daniel acima "... até o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas." Esta entrada foi profetizada em Zc. 9:9 e descrita em Lc. 19:28 a 40.  Transformado o tempo das sessenta e nove semanas em dias, como também, considerando os anos bissextos e as diferenças de datas dá um total de 476 anos. Este tempo de 476 exatamente as 69 semanas da profecia, porque 476 x 365 dias = 173.740 dias + 116 dias dos anos bissextos + 24 dias da diferença de 14 de março de 445 a.C a 6 de abril de 32 d. C, quando Jesus entrou em Jerusalém montado em uma jumentinha. O total de 173.880 dias somam com exatidão as 69 semanas da profecia ou 483 anos. Porém há uma semana final que é um ponto flutuante, para completar as setenta semanas da profecia. Esta última semana é o período da consolidação do poder da Besta e o auge do governo mundial. Porém, esta semana será dividida em duas partes, porque no meio dela, ou seja, após três anos e meio deste governo mundial, haverá a intervenção direta de Cristo e os juízos sobre os povos e nações. 
Bem, finalmente pode-se entender o significado de: 'um tempo, dois tempos e metade de um tempo' do estudo anterior. Um tempo são as sete semanas iniciais; dois tempos são as sessenta e duas semanas e a lacuna de tempo da era cristã para a pregação do evangelho, incluindo-se a primeira metade da última semana, ou seja, três anos e meio; e metade de um tempo é a segunda metade da septuagésima semana da profecia ou os outros três anos e meio.  
Sola Gratia!

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