II Ts. 2: 1 a 10 - "Ora, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, rogamos-vos, irmãos, que não vos movais facilmente do vosso modo de pensar, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola como enviada de nós, como se o dia do Senhor estivesse já perto. Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição, aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus. Não vos lembrais de que eu vos dizia estas coisas quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém para que a seu próprio tempo seja revelado. Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora; e então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará como o sopro de sua boca e destruirá com a manifestação da sua vinda; a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos. E por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira."
Esta série de estudos não obedece à lógica cronológica ou da sistematização de acontecimentos. O objetivo é reunir informações e rememorar as profecias bíblicas para despertar os eleitos e regenerados à visão espiritual. Não se pretende, outrossim, causar agitação no coração dos eleitos, até porque, eles são guardados no descanso gracioso do Abba. Não se trata também de um tratado teológico nos termos da hermenêutica e da mais apurada exegese, pois estes artifícios em nada têm cooperado para a revelação da verdade. As técnicas de interpretação e exposição bíblica desenvolvidas pela erudição teológica produziram como resultado homens inchados de orgulho religioso denominacional cujas ideias não são concordantes, mas discordantes entre si. O objetivo maior destes textos não é vender esta ou aquela ideia para angariar pessoas e recursos a fim de sustentar uma posição dogmática ou religiosa. Eles são destinados aos que desejam refletir sobre as veredas antigas das Escrituras.
Nesta instância tratar-se-á um pouco da figura do anticristo e suas ações na construção do reino de Satanás no mundo. O termo anticristo só aparece no novo testamento, especificamente nos textos do apóstolo João. Nestes textos o significado é sempre "aquele que se opõe ou nega a Cristo". Desta forma, João trata de qualquer pessoa que nega a Cristo como o Filho de Deus. Entretanto, o apóstolo amado admite que haverá um anticristo específico que surgirá no fim dos tempos e cujo objetivo será, não apenas, negar a Cristo, mas se opor a tudo o que se refere a Deus e tentará se apresentar como o verdadeiro Salvador para o mundo. O nome deste anticristo não é revelado porque ele é envolto em uma névoa de mistérios diabólicos. Por esta razão é que muitos escritores bíblicos o retratam das seguintes formas: "o chifre pequeno" - Dn. 7:8 e 8:9; "homem vil" - Dn. 11:21; "o assírio" - Is. 10:5; "o caldeu" - Hc. 1:6; "Gogue e magogue" - Ez. 38; "o homem do pecado, filho da perdição, homem da iniquidade" - II Ts. 2:3; "a besta que emerge do mar" - Ap. 13:1. O fato de a identidade do anticristo não ser revelada se constitui em grande mistério, sendo parte de um plano, pois tal revelação é para o tempo final.
A revelação do anticristo só se dará após um intenso período de apostasia, ou seja, fase em que as igrejas e as religiões humanistas estarão absolutamente de costas para a verdade. Os apostatados, geralmente, não abandonam as igrejas, mas sim a fé e a verdade. Este é um fato relevante e que carece de constante avaliação espiritual por parte dos eleitos. Neste caso vale o conselho bíblico de I Jo. 4:1 - "Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos veem de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo." A prova exigida neste texto é colocada no verso seguinte e diz que os espíritos que pregam e defendem a fé devem confessar que Jesus, o Cristo veio em carne. Aparentemente esta exigência parece medíocre, pois ele viveu entre os homens, comia, bebia, fazia todas as necessidades fisiológicas à semelhança de qualquer outro ser humano. Entretanto, a questão aí é bem mais profunda que se possa imaginar. De fato, a eficácia do plano de Deus consiste em que Ele enviou o seu Filho em forma humana para assumir o pecado dos eleitos e morrer para aniquilá-lo. Se o salvador for concebido como um ser supranatural ou sobrenatural enquanto esteve tabernaculado em Jesus, o plano de Deus seria uma farsa. Há religiões místicas e espiritistas que pregam que Jesus era uma emanação de energia materializada em forma humana e que ele não sofreu as dores da crucificação. Eis aí o espírito do anticristo operando no mundo e nas religiões. Esta crença desqualifica completamente o projeto de Deus para o mundo. Verifica-se no texto de abertura que os sinais e prodígios do anticristo serão aceitos e admirados apenas pelos que perecem, pois aos eleitos e regenerados é impossível prosperar o engano. Também fica claro que a eles, os incrédulos, Deus envia a operação do erro para que creiam na mentira. Suas naturezas pecaminosas são inclinadas à mentira e jamais à verdade.
O espírito do anticristo, a saber, a sua metodologia operacional já está posta no mundo há muito tempo, porque muitos anticristos se têm manifestado ao longo da história. Entretanto, há um que impede a revelação da sua identidade como homem e servo de Satanás, a saber, o Espírito de Cristo que opera nos eleitos e regenerados. Quando a medida da misericórdia e da graça de Deus se completar, e a Igreja verdadeira for arrebatada, o 'filho da perdição' se manifestará visível e operacionalmente ao mundo. A principal evidência deste indivíduo será a operação por meio de sinais e prodígios da mentira. Tudo nele será com base no que se pode ver, sentir e tocar. Ao contrário, a fé é confiança plena no que não se pode ver e no que ainda não chegou visivelmente aos olhos humanos, a saber, o reino eterno de Cristo. Desta forma a maior parte das igrejas institucionais se enquadram no espírito do anticristo e não no evangelho da verdade, pois suas mensagens são, em geral, no que se pode ver e sentir. São igrejas cujo evangelho é baseado na sensorialidade e na sensualidade. Os primeiros a devotar fé, confiança e esperança no anticristo serão religiosos pertencentes às igrejas e seitas ditas cristãs. As Escrituras deixam isto claro no registro de I Pd. 4:17 - "Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se começa por nós, qual será o fim daqueles que desobedecem ao evangelho de Deus?"
Sola Scriptura"