Mt. 23:28 - "Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade." A operação da iniquidade é um fenômeno ambíguo aos olhos dos homens. No aspecto exterior possui aparência de justiça, entretanto, no aspecto interior possui a real dimensão do pecado. Os homens veem uns aos outros pelo lado errado, ou seja, avaliam-se apenas pelo que se pode ver exteriormente. O verdadeiro ser humano não é o que se apresenta na exterioridade, mas o que vive em seu interior. Segundo o texto, este homem interior é repleto de hipocrisia e iniquidade. É neste sentido que a iniquidade se torna um mistério operacional no mundo, pois é como um inimigo sem rosto. Age sob o disfarce da hipocrisia latente na alma do pecador religioso. O problema da sociedade não é o ateu ou a pessoa que pratica toda sorte de males. Estes são declarados e visíveis aos olhos de todos. O maior inimigo da sociedade é o que apresenta-se como justos exteriormente, mas por dentro são sepulcros caiados, nos dizeres do Mestre Jesus, o Cristo.
Há uma grande corrente humanista que pretende conferir ao homem um alto grau de dignidade, justiça e ética, entretanto, em sua natureza, este não é nem um pouco digno, justo e ético. Toda a concepção de justiça, dignidade e ética no homem é apenas circunstancial, pois quando surge uma situação adversa, estas virtudes desaparecem rapidamente. Assim, fica evidente que a questão do mistério da iniquidade operante é por natureza adâmica, e não, uma mera questão moral, relacional ou social. As religiões, apesar de todo o alarde em pretender reformar o homem moralmente, não conseguem grandes resultados. Este é um mal que se extirpa na raiz, a saber, aniquilando a culpa do pecado, por fé que o pecador morre em Cristo na cruz, e com Ele ressuscita para a vida eterna. Tudo é uma questão de receber graça e fé para ser vivificado. Isto nada tem a ver com religião exterior, ética e posturas comportamentais. Um ateu, em muitos casos, possui um comportamento ético-moral melhor do que muitos religiosos. Logo, não é uma questão de cunho moral, mas de caráter espiritual. Sem o caráter de Cristo no novo nascimento, todo homem é, em si mesmo, uma farsa!
Hipocrisia é um substantivo feminino que pode significar: ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade. Então, por um lado, o homem não regenerado apresenta-se exteriormente como quem é justo, mas pelo seu lado verdadeiro, é dissimulado, fingido, falso em suas intenções e sentimentos. Este, é, portanto, o lado verdadeiro do homem. Nisto não há nenhuma dignidade, justiça, ou ética. É preferível um violento, desbocado, agressivo e grosseiro, a um dissimulado. Por que deste não se sabe exatamente o que é, mas daquele, se sabe logo o que de fato é. A iniquidade consiste em ausência de equidade, que, por extensão de sentido é a falta do que é equânime. O pior tido de hipócrita é aquele que é hipócrita consigo mesmo.
O mistério da iniquidade opera no homem desde a sua queda no Éden, e continuou ao longo da história se aperfeiçoando de acordo com os requintes dos métodos e permissões de cada época história. Entretanto, o pior tipo de iniquidade é a religiosa, pois se ufana de ser verdadeira, quando de fato o sujeito dela é falso. Isto porque a religião é uma invenção humana para tentar ser "deus" sem Cristo, sem a cruz, sem a morte, e sem a ressurreição. Logo, sem regeneração ninguém verá o Reino de Deus conforme Jo. 3: 3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Nascer de novo no texto original é "nascer do alto", posto que toda ação de regeneração é monérgica. Já nascer da água é uma referência à fé obtida pela pregação e pelo ouvir da Palavra de Deus; o nascer do Espírito é perder o espírito corrompido pelo pecado, e ganhar um novo espírito conforme Ez. 36:26 - "Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne." Estas palavras foram ditas por Deus ao profeta, portanto, não se tratam de ilações e conjecturas humanistas e piegas. O texto ezequeliano é claro ao demonstrar que, quem dá o coração novo, e coloca o espírito novo no regenerado é Deus. Este é o mistério da fé que esteve oculto nos séculos, mas que agora está revelado e efetivado em Cristo Jesus, Senhor de toda a glória.
Maranata!
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