At. 18:24 a 26 - "Ora, chegou a Éfeso certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloquente e poderoso nas Escrituras. Era ele instruído no caminho do Senhor e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão as coisas concernentes a Jesus, conhecendo entretanto somente o batismo de João. Ele começou a falar ousadamente na sinagoga: mas quando Priscila e Áquila o ouviram, levaram-no consigo e lhe expuseram com mais precisão o caminho de Deus."
Nos últimos tempos de Cristo fisicamente entre os homens, ele incluiu acerca do evangelho uma ordenança que deveria ser o princípio norteador de todo regenerado. É dito em Mt. 28:19 e 20 - "Portanto indo, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos." Esta ordem não fora dada apenas aos discípulos daquele tempo, e aos doze apóstolos, mas a todos os nascidos do alto em todos os tempos. Entretanto, o verbo ir no texto grego original não está no imperativo, mas no gerúndio, logo, é "... indo, fazei discípulos de todas as nações...", e não "ide", como traduzido em língua portuguesa propositadamente. Isto se explica porque nem todos os eleitos e regenerados deixam os afazeres para sair pregando o evangelho nos moldes que se faz comumente entre alguns religiosos que se auto-intitulam missionários. O verbo no gerúndio quer dizer que é uma exigência adimensional no espaço e no tempo, ou seja, na medida em que os eleitos forem caminhando pela vida, em sucessivas gerações, deverão anunciar o evangelho, e não apenas em certas ocasiões, lugares e circunstâncias. Também o texto não autoriza afirmar que todos os homens, de todas as etnias seriam convertidos pela pregação do evangelho. O sentido de todos, na quase totalidade das vezes em que aparece no novo testamento, é no sentido de haver escolhidos entre todos os povos, nações, tribos e etnias. Esta visão universalista de que a salvação é para todos é um tanto humanista e distorcida do ensino das Escrituras. Verifica-se, ainda, que a ordem é bem mais abrangente do que a simples pregação do evangelho. Ela inclui também, o ensino, a fim de que os alcançados pela graça sejam instruídos na observação de tudo quanto é ordenado nas Escrituras, no tocante ao evangelho de Cristo. A experiência cristã verdadeira exige pregação da palavra da cruz aos que não conhecem e ensino da doutrina aos que já foram alcançados pela graça.
Mt. 13:44 - "O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobri-lo, esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo." O ensino deste texto é muito simples, exatamente por esta razão o Cristo se utilizava das parábolas, para simplificar ao nível do homem a comunicação da verdade. O texto não ensina que o homem comprou todo o campo pelo valor dele todo, mas apenas pelo valor de um tesouro que nele havia. Os pecadores eleitos que estão no campo, a saber, nas tribos, nações e povos representam este grande tesouro. O homem que o comprou é Cristo, e Ele o faz para garimpar este tesouro escondido no campo que é o mundo. Cristo abriu mão da sua deidade, e de todos os privilégios dela ao lado do Pai no céus para pagar o resgate do tesouro, a saber, os eleitos que seriam atraídos a Ele na cruz, e com Ele ressuscitariam ao terceiro dia para a vida eterna.
O evangelista Apolo foi grandemente elogiado no texto de Atos. Acerca dele fora dito que era poderoso nas Escrituras, eloquente, e fervoroso no espírito. Diz, ainda, que no tocante as coisas concernentes a Jesus, ele era preciso. Isto não é pouca coisa, considerando as limitações humanas, especialmente de quem conhecia apenas o ensino de João, o batista. Entretanto, ao tomar da palavra para pregar, Priscila e Aquila, fiéis servos do Senhor Jesus Cristo, se aperceberam que lhe faltava mais exatidão na doutrina. Percebeu-se que ele era apenas instruído no caminho do Senhor, e que pregava apenas com base no ensino de João, o batista. Priscila e Aquila instruíram Apolo no "Caminho de Deus", isto é, em Cristo como o caminho, e este é o caminho da cruz, pois em Jo. 14:6, Jesus se declara como sendo "o caminho, a verdade, e a vida". Saber acerca de Jesus, não é o suficiente, necessário é andar n'Ele, a saber, ganhar a Sua vida nos moldes de Gl. 2: 19 e 20 - "Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." É fundamental dizer que, uma coisa é saber acerca de Jesus, e afirmar que Ele é o caminho, outra coisa é andar n'Ele por consequência de ter sido n'Ele incluído. Acerca de Cristo, Deus, evangelho, doutrinas, religião, até um ateu pode discursar com eloquência. Isto não lhe acrescenta nada, além é óbvio, do mero saber intelectivo. Há pregadores que são exímios teólogos, conhecedores profundos do Cristianismo histórico, mas não estão incluídos em Cristo. Vivem suas próprias vidas almáticas e religiosas sem a vida de Cristo.
Este é um grave problema hoje, basta alguém saber falar em público, ler a Bíblia, e ter coragem para falar acerca de Jesus, é imediatamente consagrado e elevado ao grau de grande virtuose de Deus na Terra. Em muitos casos não possuem sequer exatidão em nada, quanto mais, "mais exatidão no Caminho de Deus". Priscila e Aquila, ao ouvir Apolo, logo constataram a falta de mais exatidão, e, ao invés de criticá-lo, escorraçá-lo da sinagoga, expô-lo à execração pública, o tomou à parte e levando-o com eles em amor, o instrui mais exatamente no ensino do evangelho da cruz. Isto prova que eloquência, conhecimento bíblico, e teológico, não são suficientes para ser mais exato no ensino da verdade. É necessário passar pela experiência do "novo nascimento", ou "nascimento do alto" conforme o ensino de Jesus em Jo. 3: 3, 5 e 6 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito." Quem não nascer do alto, não vê, e não entra no reino de Deus.
Maranata!
Nenhum comentário:
Postar um comentário