setembro 26, 2010

A LINGUAGEM INCOMPREENSÍVEL


Jo. 8:43 - "Por que não compreendeis a minha linguagem? É porque não podeis ouvir a minha palavra."
No processo de assimilação de qualquer conhecimento é imprescindível que se façam as devidas análises semânticas, a saber, o estudo sincrônico ou diacrônico das significações em relação aos seus significantes.
Em um sistema linguístico a semântica é o componente do sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados. Desta forma é fundamental e urgente que se vejam alguns significantes e seus significados. O verbo compreender é transitivo direto e intransitivo, trazendo a ideia de apreender algo intelectualmente, utilizando a capacidade de compreensão, de entendimento; perceber, atinar para algo, alguém, ou alguma coisa.

Jesus lança uma questão aos líderes e principais de Israel em seu tempo. Ele os inquire retoricamente sobre o fato de os mesmos não compreender a sua linguagem. Ora, linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais. Então, o que Jesus, o Cristo estava a lhes comunicar não era absolutamente nada surrealista ou incompreensível intelectualmente. A questão é que há uma linguagem aceita e praticada em um dado momento, e outra, recebida e percebida apenas pelo espírito. A esta última dá-se o nome de revelação. Destarte, de nada adianta ao homem conhecer, ou mesmo, compreender intelectualmente, logicamente, ou emocionalmente, se não receber o dom da compreensão espiritual. É quando se vai além da mera letra, ocorrendo uma profunda vivificação para uma verdade espiritual. Nos dizeres do apóstolo Paulo, isto é colocado assim: "...não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica." II Co. 3: 5 e 6. Este é um dos principais problemas do cristianismo nominal e histórico, pensar por si mesmo e não receber a inspiração que do alto vem.


Os religiosos e políticos de Israel, bem como os dos dias atuais, invariavelmente pretendem encontrar uma solução para os dilemas do homem a partir de si mesmos e de suas meras concepções acerca de Deus e da verdade. Por esta razão houve, e ainda há enorme incompatibilidade natural na compreensão da linguagem de Cristo. Tal incongruência acaba por jogar lama sobre a verdade evangélica, que de resto, é absolutamente desprezada e escamoteada pelos próprios cristãos. Desta maneira o cristianismo que aí está não passa de mais uma lenda histórica construída sobre doutrinas sofismáticas e conflituosas entre si.


Se um cristão não vê Cristo em sua vida, ele não pode ser considerado cristão, pois as Escrituras sentenciam claramente: "Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." Gl. 2: 19 a 20. Aqueles religiosos, e a grande maioria dos cristãos nominais de hoje, querem um Cristo desenhado a partir dos seus sistemas de crenças, e não Aquele que é revelado no evangelho da graça. Não compreendem a linguagem da morte por inclusão na cruz, como também da ressurreição juntamente com Cristo para ganhar a Sua vida eterna. Tudo isto se apropria por fé no Filho Unigênito e Primogênito de Deus. Não é a doutrina maior que o que a criou! Este tem sido o maior erro entre o homem pecador e a revelação de Deus em Cristo, ou seja, a inversão da verdade. Substituem o doador pela doação; o conteúdo pelo continente; o doutrinador pela doutrina. Querem colocar o barro no vaso de ouro, sendo o ensino, exatamente o oposto: o vaso é de barro, mas o seu conteúdo que é de ouro conforme II Co. 4:7 - "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não da nossa parte." Assim, o que importa é o Cristo que habita nos regenerados e não o que o mundo imagina e afirma sobre eles e seus comportamentos morais. A questão comportamental é da competência e da esfera de Cristo somente. É Ele quem disciplina e corrige os que são d'Ele.














Desta forma, Jesus, o Cristo arremata a questão inicial e responde à Sua própria pergunta retórica: 'vocês não podem ouvir a minha palavra'. Fica demonstrado que não é uma questão de querer, de exercício intelectivo, ou mesmo de usar do famigerado "livre arbítrio", mas de não poder mesmo. Aqueles cujos nomes não estão escritos no livro do Cordeiro, não podem ouvir a palavra de Deus. Ainda que ouçam-na com os ouvidos físicos, não a internalizam por meio dos ouvidos do espírito. Isto só acontece quando recebem a graça da vivificação para crer.
Maranata!

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