segunda-feira, abril 8

SOBRE O FIM DOS TEMPOS XX

Mt. 16: 15 a 19 - "Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? Respondeu-lhe Simão Pedro: tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus."
As sete igrejas mencionadas no Apocalipse não eram as únicas igrejas existentes no mundo de então. Tão pouco eram as únicas Igrejas da Ásia Menor, uma província romana naquele tempo, hoje, Turquia. Elas foram referenciadas no texto escatológico como tipologia da Igreja naquele tempo, ao longo do tempo e no fim dos tempos. Até à época em que Jesus, o Cristo veio, viveu e pregou a sua mensagem, não haviam igrejas. Os locais de culto entre os judeus eram chamados de sinagogas. O Templo de Salomão em Jerusalém era o lugar central dos sacrifícios, ofertas e cultos públicos e solenes ao Deus de Israel. Jesus, o Cristo mencionou a palavra "igreja" [ekklesían] uma única vez,  exatamente no texto que abre esta instância. Tal vocábulo é oriundo da língua grega e empregado com sentido de assembléia dos cidadãos sobre os negócios da polis, ou seja, da sociedade. Embora muitos líderes religiosos ensinam, por conta própria, que o vocábulo 'ekklesía' significa 'aqueles que foram chamados fora do mundo', na verdade, tal sentido nada tem a ver com a Igreja. O termo, de fato, provém de 'ek' que significa para fora e o verbo 'kaleo' que significa chamar, convocar. Era uma convocação dos cidadãos gregos a que saíssem para fora das suas casas para se reunir e decidir sobre assuntos políticos. Era semelhante ao termo 'kahal' entre os judeus que convocavam o povo para formar assembleias a fim de deliberar sobre assuntos comuns e de Estado.
No sentido em que Cristo e os discípulos utilizaram o vocábulo, a ideia é: 'o inteiro conjunto de cristãos nascidos do alto e espalhados pelo mundo'. Contém, na sua essência, a ideia de um corpo formado por todos os que foram feitos  filhos de Deus e que o adoram por meio de Cristo. Atualmente a Igreja verdadeira é  uma só, mas subdivide-se em duas realidades: a Igreja visível e a Igreja invisível, sendo esta a "Igreja Triunfante" que já se acha na presença do Grande Rei, e, a outra, a "Igreja Militante" que ainda luta neste mundo contra as potestades do mal. Tal dualidade acabará quando toda a Igreja se reunir ao Grande Rei para o estabelecimento do reino eterno.
No contexto do texto de abertura Jesus, o Cristo indagava aos discípulos como o povo se referia a ele. A resposta foi um tanto difusa, pois cada tinha um conceito diferente sobre Jesus. Mas, o Mestre foi um pouco mais a fundo e perguntou a eles, discípulos, o que eles  pensavam. Pedro se adiantou e disse que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo. Jesus, então, disse-lhe que tal revelação não lhe era própria, mas do próprio Deus. Como consequência desta revelação Jesus, o Cristo diz a Pedro, que, até então se chamava Simão Barjonas, ou seja, Simão, filho de Jonas, que a partir daquele momento passaria a se chamar Pedro. Pedro que é a tradução hebraica de Khephas ou Cefas no aramaico significa pedrinha ou pedregulho em ambas as línguas. Desta forma Jesus, lhe diz: "tu és uma pedrinha e de pedrinhas como tu, edificarei a minha Igreja sobre mim mesmo que sou a Rocha Eterna."[versão do autor] Os termos gregos utilizados foram, respectivamente, 'Petros' e 'petra'. Embora determinados ramos do cristianismo nominal delegam à Pedro a posição de primeiro Papa e que a Igreja seria edificada sobre ele, este não é o ensino do texto. Haja vista o uso do pronome demonstrativo "esta" e do pronome possessivo "minha" no contexto da afirmação do Cristo. Verifica-se, ainda, que as chaves são dadas à Igreja e não a Pedro como supõe alguns religiosos.


No diagrama estão as sete igrejas indicadas por Cristo para que recebessem a mensagem apocalíptica. Sabe-se que em numerologia bíblica, o número sete indica sempre totalidade. Neste caso estas sete igrejas tipos representavam a totalidade das Igrejas existentes e que viriam a existir. Verifica-se que há uma caracterização ou qualificação de Jesus, o Cristo para cada uma delas, elogios, reprimendas, exceto para duas Igrejas (Esmirna e Filadélfia), a forma da manifestação d'Ele, a ordem para ouvir o ensino do Espírito Santo e as promessas aos que perseverarem até o fim.
Há intérpretes que tomam as características dessas igrejas tipos e aplicam-nas às igrejas ao longo dos tempos. Acreditam eles que a situação das Igrejas de hoje corresponde às características da Igreja de Laodiceia. Entretanto, esta é uma mera questão de interpretação. O texto, em si, não autoriza, nem desautoriza tal ensino. 
Sola Gratia!

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