abril 13, 2013

SOBRE O FIM DOS TEMPOS XXI

Ap. 2: 1 a 7 - "Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres. Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus."
Consoante o que já foi dito, anjo, no texto apocalíptico significa essencialmente um mensageiro ou alguém responsável pela mensagem e não um ser sobrenatural. Desta forma, cada carta às sete igrejas é endereçada a uma pessoa específica na referida Igreja. O envio destas mensagens à Igreja é um preparo sobre a advertência do Espírito Santo conforme I Pd. 4:17 - "Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se começa por nós, qual será o fim daqueles que desobedecem ao evangelho de Deus?" Desde o tempo em que se achava entre os homens a mensagem de Jesus, o Cristo era essencialmente de libertação espiritual e não um manual de auto-ajuda. No Apocalipse, a única mensagem que é repetida a todas às "Igrejas Tipos" de igual forma é: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas." Ao contrário do que é recomendado, as igrejas resolveram interpretar a mensagem de Cristo da seguinte forma: "bem-aventurado aquele que não lê e não ouve as palavras desta profecia." A cada época as igrejas institucionais e históricas se afastam mais e mais da essência da mensagem de Cristo. Produzem suas próprias doutrinas, valendo-se de citações de versículos bíblicos apenas para dar falsa legitimidade aos seus conclaves, sínodos, convenções, constituições, regimentos, declarações de fé e de princípios. Estão mais para ONG,s do que para a Igreja como corpo vivo de Cristo.
Tais igrejas preferem obter lealdade à denominação, ao pastor ou aos líderes e às suas doutrinas próprias, a que sejam leais ao próprio Cristo. Quando alguém se levanta para pregar apenas as Escrituras, logo é questionado e acusado de ser desleal à denominação, à igreja ou ao líder. Quando um membro não se enquadra ao clericalismo é perseguido como perturbador, pregador de heresias e formador de seitas. Nisto se confirma I Rs. 18:17 e 18 - "E sucedeu que, vendo Acabe a Elias, disse-lhe: és tu, perturbador de Israel? Respondeu Elias: não sou eu que tenho perturbado a Israel, mas és tu e a casa de teu pai, por terdes deixado os mandamentos do Senhor, e por teres tu seguido os baalins." Jesus e os discípulos foram considerados perturbadores nos seus dias de pregação. Depois deles, Lutero, Calvino, John Wesley, Jan Huss, Wicliffe, Zuinglio e outros tantos também o foram, cada um a seu tempo. O fato é, que, se alguém prega o que é bíblico e correto, não é aceito, mas se defende com lealdade cega a liderança é tido como consagrado e firme. Irão todos para a condenação eterna com toda lealdade e doutrina, porque se não forem verdadeiramente libertados pela inclusão na morte de Cristo e sua consequente ressurreição não há redenção.
Verifica-se que o texto de abertura inicia dizendo: "ao anjo da Igreja em Éfeso" e não "da Igreja de Éfeso". Isto faz grande diferença, porque referencia um grupo de eleitos e regenerados na cidade de Éfeso e não um templo onde se reuniam milhares de pessoas nesta cidade. Igrejas como templos não existiam no cristianismo primitivo. Sequer a doutrina de Cristo era chamada de cristianismo. Tal ensino era chamado de "o Caminho". Foi no final do primeiro século que os seguidores de Cristo foram, pela primeira vez, chamados de cristãos na cidade de Antioquia.
O texto prossegue fornecendo as qualificações de Cristo como sendo: "aquele que tem as sete estrelas nas mãos e que anda entre os cadeeiros de ouro". Indica que é Cristo que tem o controle dos mensageiros - sete estrelas - e das Igrejas - sete candeeiros. Não faz referência a organizações hierárquicas humanas, lideranças, clérigos, sacerdotes, documentos escritos e aprovados pelos homens, substituindo as Escrituras. Na sequência, são feitos elogios à Igreja em Éfeso como uma Igreja que andava nas obras de Deus, trabalhava, perseverava, não dava suporte aos que eram maus, provava os espíritos e os corações confrontando-os com a verdade e que sofria as consequências desta pureza doutrinária por amor ao nome de Cristo. Este amor é que é o primeiro amor, o amor mais profundo e verdadeiro.
Entretanto pesava contra a Igreja em Éfeso uma reprimenda, pois ela havia abandonado o primeiro amor. O texto grego original deste versículo é bem mais severo que as traduções costumeiras: "tenho, porém contra ti algo muito sério..." O abandono do primeiro amor é o abandono à motivação da fidelidade, do serviço, das obras de Deus, da perseverança e do combate à mentira. É a substituição de Cristo por coisas, fama, reconhecimento, crescimento numérico, bandas musicais, coreografias, dancinhas, modernização tecnológica. No princípio tudo era feito apenas com base no amor a Cristo, depois passou a ser feito por amor à própria Igreja. É a coisificação de Cristo e a deificação da Igreja. Neste sentido a Igreja estava abandonando a única realidade que consiste na vontade de Deus conforme Jo. 6:19 - "Jesus lhes respondeu: a obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou." Sem isto, de nada adianta realizar a caridade, andar moralmente correto, pregar um catecismo. Sem a fé que Jesus, o Cristo é Deus e que apenas Ele pode libertar o homem do pecado, todas as demais coisas se tornam apenas ações sociológicas e a Igreja se torna apenas uma ONG. 
À Igreja em Éfeso é feita uma grande promessa aos vencedores: 'comer da árvore da vida que está no paraíso de Deus'. Isto implica alimentar-se da vida de Cristo perpetuamente, obtendo a sua vida eterna e abundante.
Uma atitude aprovada por Cristo é que a Igreja em Éfeso aborrecia a obra dos Nicolaítas. Ora, não era uma seita ou um grupo de pessoas fazendo algo herético ou imoral. O termo nicolaítas provém 'nico' + 'laitanes', sendo que "nico" significa 'conquistar', 'dominar' e 'controlar'. Enquanto "laitanes" significa 'leigo', 'popular', 'comum', ou seja, não iniciado ou não experimentado nas profundezas de Deus. Assim, os nicolaítas eram um grupo de pessoas que estavam na Igreja, porém sem experiência de novo nascimento. Desejavam uma organização hierárquica clerical ou sacerdotal, criando níveis ou graus de importância na Igreja. O culto, os ritos, as roupas e a decoração eram mais importantes que a mensagem das boas novas. É este o sentido de ser leal à igreja, à denominação, aos princípios votados e aceitos pela decisão das assembleias. É a horizontalização, humanização e coisificação da Igreja!
A Igreja verdadeira é congregacional, bíblica e cristocêntrica. O que passa disto é clericalismo religioso sem a presença de Cristo. É o domínio dos nicolaítas! É anátema!
Sola Scriptura!

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