Ap. 2: 12 a 17 - "Ao anjo da igreja em Pérgamo escreve: isto diz aquele que tem a espada aguda de dois gumes: sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, induzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem. Outrossim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas. Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e contra eles batalharei com a espada da minha boca. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe."
Pérgamo era uma cidade importante da Ásia Menor. Com o apoio do Império Romano, Pérgamo ganhou independência dos Selêucidas por volta de 190 a. C., passando a fazer parte dos domínios romanos a partir de 133 a.C. Por aproximadamente 200 anos foi a capital da província romana da Ásia Menor.
Ao mensageiro da Igreja em Pérgamo, Jesus, o Cristo se identifica como 'aquele que tem a espada afiada de dois gumes'. Isto implica em duas coisas: Cristo é quem tem o real poder e não Roma; os dois cortes, indicam que é arma, mas também a palavra penetrante que separa alma, espírito, juntas e medulas.
Jesus, o Cristo afirma que em Pérgamo está o trono de Satanás. Neste caso, os eleitos e regenerados em Pérgamo eram vizinhos do Diabo. Tal afirmação deixa os leitores do Apocalipse perplexos, primeiro por Satanás ter um trono, e, segundo por este trono estar em uma cidade na Terra. Desde o ano 29 a. C. havia um templo dedicado ao imperador Augusto de Roma naquela cidade. Mais tarde foram construídos mais dois templos dedicados aos imperadores Trajano e Severo. Também existiam templos dedicados aos deuses Zeus, Dionísio, Atena e Asclépio. A queda de Satanás se deu exatamente, porque ele desejou ter um trono e um reino para si próprio, independentemente de Deus conforme Is. 14: 13 e 14 - "E tu dizias no teu coração: eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo." O resultado da arrogância foi a sua expulsão do lugar Santo, tendo sido arrojado à Terra. Também Satanás sempre desejou ser adorado como um "deus", chegando mesmo a oferecer os reinos do mundo a Jesus, o Cristo, se este o adorasse e se encurvasse diante dele. Sabe-se que o primeiro lugar onde Satanás colocou o seu trono foi em Babilônia, quando não havia o Cristianismo. Na atualidade este trono está em Roma onde há uma igreja com um trono, muita pompa e riquezas incalculáveis. Tal sistema é distinguido por suas vestes, seus rituais, seus domínios temporais, tais como propriedades, hierarquia organizacional e governo. Assim, Satanás foi estabelecendo o seu sistema paralelamente à Igreja do Senhor Jesus até culminar em um sistema mundial que universaliza diversas práticas de origem pagã e diabólica. Finalmente, ele terá um trono para si mesmo e será adorado por um período de três anos e meio no fim dos tempos.
Jesus, o Cristo menciona uma fiel testemunha pelo nome de Antipas. Não há qualquer registro nos compêndios do Cristianismo sobre este piedoso cristão. Provavelmente foi alguém, que, em sua simplicidade foi perseguido e morto por causa da sua fé inabalável em Cristo. Também pode ser que Antipas seja apenas um tipo de todos os cristãos que foram martirizados e assassinados ao longo da história do Cristianismo.
Jesus, o Cristo acusa a Igreja em Pérgamo de duas coisas: tolerar os que sustentam a doutrina de Balaão e os Nicolaítas. Vê-se que a ação de Satanás é gradual e permanente. Primeiro levantou os nicolaítas na Igreja em Éfeso, ou seja, os que queriam uma ordem hierárquica, sacerdotal e clerical, governo e organização humana. Depois levantou os que desenvolvem a doutrina de Balaão, a saber, que se utiliza da infiltração dos que se dizem judeus e não o são para corromper os crentes às práticas contrárias à singeleza do evangelho. Toda Igreja que se diz cristã, mas acrescenta rituais, cerimoniais, sacrifícios, esforços e obras de justiça como meio de chegar à salvação está inserida na categoria de Sinagoga de Satanás. Tais igrejas são as que alimentam o trono de Satanás e os seus projetos de formar um reino na Terra sem Cristo. É como afirmou Helmut Richard Niebuhr: "um Deus sem ira, trouxe um homem sem pecado, para um paraíso sem juízo, onde é ministrado o ensino de um Cristo sem cruz." O erro de Balaão foi, que, sendo impedido por Deus de amaldiçoar os hebreus, ensinou a Balaque a atrair os israelitas a comer dos sacrifícios aos ídolos e se misturar aos pagãos por meio da prostituição. Neste sentido, a doutrina de Balaão já tomou conta das Igrejas institucionais e nominais há muito tempo. Uma das formas mais claras do ensino de Balaão hoje é o famigerado pluralismo cultural, o qual ensina que toda diversidade religiosa deve ser tolerada e até acolhida na Igreja.
Nm. 31:16 - "Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, fizeram que os filhos de Israel pecassem contra o Senhor no caso de Peor, pelo que houve a praga entre a congregação do Senhor." II Pd. 2:15 - "... os quais, deixando o caminho direito, desviaram-se, tendo seguido o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça..." Assim, os que pregam a doutrina de Balaão são os religiosos que fazem negócio com o evangelho, pregando por recompensas e ensinando a buscar a prosperidade e a se contaminar com o mundo. Pois, Balaão não amaldiçoou Israel, porque Deus o impediu. Entretanto, aconselhou Balaque rei dos moabitas a usar a tática da infiltração, levando o povo a pecar contra Deus.
Cristo reafirma o aviso a que a Igreja em Pérgamo: ouça o que o Espírito Santo está dizendo, ou seja, ensinando. O papel do Espírito Santo de Deus é exatamente o de convencer o homem do pecado e de ensinar os nascidos do alto a guardar a verdade conforme Jo. 16:8 - "E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo..." Jo. 16:13 - "Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade."
A promessa à Igreja em Pérgamo é a de que ao vencedor será dado do maná escondido e uma pedra branca na qual será escrito o seu novo nome que só o vencedor conhecerá. Esta promessa do maná é uma referência ao privilégio único dos eleitos e redimidos que participarão das bodas do Cordeiro conforme Ap. 19:9 - "E disse-me: escreve: bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro." O uso de uma pedrinha branca indicava, naquele tempo, a absolvição de um réu em processo acusatório. Era também um documento que comprovava a concessão da liberdade a um escravo. Assim, quem tivesse uma pedrinha branca havia sido inocentado de uma acusação ou liberto da escravidão. Neste caso, é uma perfeita referência à libertação plena do pecador em Cristo.
Sola Gratia!
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