quarta-feira, setembro 19

PEDIR E NÃO RECEBER

Tg. 4: 1 a 5 - "Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou pensais que em vão diz a escritura: o Espírito que ele fez habitar em nós anseia por nós até o ciúme?"
É verdade que as Escrituras autorizam ao homem apresentar suas petições perante Deus conforme Fl. 4:6 - "Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças." A ansiedade é o fruto da desconfiança em Deus. Por não saber orar como convém, também não sabe suplicar e, muito menos, ser grato. Esta é a realidade do homem em relação a Deus em termos de oração. Tais relações são o resultado das posições, ou seja, por não ter uma posição vertical vivificada, não possui igualmente uma relação filial. O filho confia no pai, porque sabe que ele é o seu provedor amoroso e generoso. 
A questão das relações mal resolvidas para com Deus resultam de uma inversão de atitudes: o homem tenta se aproximar d'Ele por meio de religião exterior, enquanto Deus requer uma adoração em espírito e em verdade. O espírito não vivificado, não pode se comunicar com Deus e a verdade, não é uma mera concepção filosófica, mas uma pessoa, isto é, Cristo. Por isso, não há respaldo, como também não há resposta, visto que não há comunhão e comunicação. A relação correta é vertical e parte de Deus em relação ao homem. É portanto, uma relação monérgica e não sinérgica como pretende a religião humana. Por isto é que se trata de religião, ou seja, religação: o homem busca a Deus por seus próprios esforços e entendimento. Esta é a mentira apregoada nas religiões institucionais que o homem decaído coopera com Deus e que o faz, porque é portador de "livre arbítrio". De fato, o homem decaído é portador do "servo arbítrio", pois todos estão debaixo do pecado, logo, quem é escravo não é livre conforme Jo. 8: 32 a 35 - "Replicou-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado. Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre." Por esta razão é que a relação monérgica exige uma relação filial.
A condição decaída produz no homem os desejos ou cobiças. A cobiça provém da necessidade de deleite, ou seja, dos prazeres almáticos. Quando cobiça e não consegue vem os ciúmes, e, com estes os assassínios, a violência, os conflitos. A inveja é o desejo de ter o que a outra pessoa tem para se igualar ou superá-la. Isto provoca o desejo de ser aceito, admirado, de ser consultado e prestigiado. Logo, o resultado disso são os conflitos interpessoais, os quais levam aos combates verbais, e, estes, às guerras. As Escrituras ensinam que, quando uma pessoa deseja o mal a alguém está cometendo assassinato conforme I Jo. 3:15 - "Todo o que odeia a seu irmão é homicida; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele." Jesus, o Cristo ensina que o homem decaído é homicida, porque a natureza pecaminosa que está nele é procedente de Satanás que é homicida desde o princípio conforme Jo. 8:44 -  "Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio..."
Assim, a escassez e a falta de bens são o resultado de não peticionar corretamente, pois quando se pede algo a Deus é apenas por inveja, ciúmes e desejo de prazeres. Estas atitudes são ligadas ao mundo horizontal e não ao mundo vertical, ou seja, são em nível humano e pecaminoso e não em nível espiritual e vivificado. O desejo de ter e de ajuntar para si indica a infidelidade do homem, pois demonstra claramente que não confia na dependência plena da graça de Deus. Não confia que Deus é o provedor perfeito e que não faltará ao que tem a fé do Justo conforme Hb. 10:38 - "Mas o meu justo viverá da fé; e se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele." Pedir e não receber é a consequência de pedir mal, ou seja, pedir conforme aos desejos centrados em si mesmo e não em Cristo. As petições devem ser conhecidas diante de Deus com súplicas, porque ninguém tem direitos e méritos para obter nada. As petições com fé e dependência plena na graça e na misericórdia são sempre acompanhadas de ações de graça, porque ao agradecer antes de receber demonstra-se confiança plena na todo-suficiência de Deus como pai e não como resolvedor de problemas, dramas e carências. Deus não tem mensalão para dar ao homem, por meio de mamatas espirituais. Ele tem Cristo para doar, e, Cristo é tudo, tendo-o, tem-se tudo.
Soli Deo Glora!

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