terça-feira, março 8

FÉ E OBRAS: OPOSIÇÃO OU COMPLEMENTO IV?

Tg. 2:21 a 24 - "Porventura não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar seu filho Isaque? Vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E se cumpriu a escritura que diz: e creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus. Vedes então que é pelas obras que o homem é justificado, e não somente pela fé."
A leitura das Escrituras não depende apenas da capacidade intelectual ou do domínio das línguas originais, hebraico e grego. Tais aspectos são importantes para um mero assentimento lógico e racional, mas não produz os efeitos espirituais necessários. O bom entendimento é fundamental, porém se não for unido à fé, que é dom de Deus, de nada adianta conforme Hb. 4:2 - "
Porque também a nós foram pregadas as boas novas, assim como a eles; mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não chegou a ser unida com a fé, naqueles que a ouviram." Então vê-se que a pregação do evangelho pode até ser coerente e correta, mas se não for eficiente e eficaz pela ação da fé, não produz salvação.
Ao ler as primeiras sentenças declarativas do texto que abre este artigo, tem-se a impressão de que Tiago está afirmando que a salvação depende das obras. Ele utiliza o exemplo de Abraão como forma de expressar sua prédica. Todavia, os versículos mostram o que de fato é a justificação pela fé, não se tratando de uma postulação com base nas obras, mas com base na fé. Em Galatas 3 e Romanos 4 Paulo menciona o caso de Abraão. Porém, o apóstolo afirma que o homem é justificado pela fé, não por obras. Tiago faz referência a Gn. 22, enquanto Paulo faz referência a Gn. 15. No texto referência de Paulo, Deus prometeu a Abraão que lhe daria um filho por meio do qual se constituiria uma grande nação, e, por ela viria o Salvador do mundo. Abraão creu apenas nessa palavra inicialmente, e ainda quando, o mesmo Deus exigiu o sacrifício do filho da promessa, Isaque ele continuou crendo. Por isso, não foi a obra de Abraão que o justificou, mas a fé que Deus lho concedeu. Abraão possuía todos os motivos para não crer na promessa de Deus, pois era muito idoso, não tinha tido filhos antes, sua esposa já havia cessado de menstruar e era também idosa. Entretanto, Abraão creu no que Deus disse! Então o ato de oferecer o filho da promessa em holocausto foi uma obra resultante da fé e não da falta dela. Abraão creu que o mesmo Deus que lhe dera um filho, o poderia restituir mesmo tendo sido sacrificado. Em Gn. 15 a justificação de Abraão estava relacionada a seu filho, o que se tornara um tipo da justificação do pecador no Filho Unigênito de Deus, a saber, Cristo. De igual modo em Gn. 22, a justificação de Deus para Abraão estava relacionada a seu filho. Em Gn. 15 Abraão não tinha filho, mas creu no poder da palavra de Deus.
Rm. 4:17 - "... como está escrito: por pai de muitas nações te constituí perante aquele no qual creu, a saber, Deus, que vivifica os mortos, e chama as coisas que não são, como se já fossem." Então este texto confirma o nível de fé que teve Abraão ao realizar a obra, logo o que o justificou foi a fé e não as obras. Abraão creu que, mesmo Isaque morrendo, Deus o ressuscitaria dos mortos. E antes ele creu apenas na promessa de um filho, ou seja, creu no invisível. Isso é fé dada por Deus!
Não há nenhuma contradição entre Tiago e Paulo, ao contrário, se complementam no sentido de confirmar que a justificação do pecador é pela fé e não por obras. Ao arminiano ou ao homem apenas religioso, poder-se-ia confirmar que Paulo fala da justificação pela fé e Tiago da justificação pelas obras. Entretanto, Tiago não afirma em instância alguma que o pecador não é justificado pela fé. Ele confirma que as obras vivas são o resultado da vida justificada pela fé.Tiago mostra que a oferta de Isaque foi uma obra de Abraão, e que tal obra mostrou visivelmente a fé de dele na promessa de Deus. Paulo enfatiza a justificação, enquanto Tiago enfatiza o modo operacional da fé pelas obras de Cristo no nascido do alto. Logo, não se pode dizer o que o texto bíblico não diz só para satisfazer a base de crença própria ou de alguém. Isso é desonesto e diabólico.
Sola Scriptura!

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