domingo, outubro 17

DO MERO ASSENTIMENTO À REAL CONVERSÃO I


Lm. 5:21 - "Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes..." Conversão é o ato de mudar de rumo, de direção, ou de sentido. Provém do latim 'convertionis' que significa movimento circular, ou giro. É como se alguém seguisse o sentido horário em um círculo e, por força superior, girasse sobre os seus artelhos e passasse a seguir o sentido oposto ao anterior, isto é, o sentido anti-horário. Já o verbo convencer significa persuadir alguém, ou a si mesmo de uma ideia, ou fato por meio da razão, ou de argumentos bem fundamentados. Enquanto a conversão é um ato recebido pela graça, o convencimento é uma decisão aceita com base no assentimento racional. Por um lado a conversão é resultante da misericórdia de Deus, porém, o convencimento resulta de escolhas naturais, julgamentos racionais, ou assentimentos centrados no homem decaído.
Destarte fica evidente que o homem não pode por si mesmo "se converter", pela mesma razão que não pode "se operar". É muito comum na linguagem coloquial pessoas afirmarem: "eu me operei" de tal problema de saúde. Entretanto, o paciente não se opera, ele é operado por um médico cirurgião. De igual modo, o pecador não se converte, mas é, antes, convertido por Deus.
O texto que abre este artigo mostra com clareza que a ação da conversão é de Deus. Indica que, se a ação é de Deus, então ela de fato será concretizada. Demonstra que o resultado da genuína conversão determina a renovação dos dias, confirmando II Co. 5:17 - "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." A condição 'sine qua non' para alguém ser renovado é estar em Cristo. Este é o ensino sobre a inclusão do pecador na morte de Cristo, para d'Ele receber a vida nova, rompendo definitiva e cabalmente com a velha natureza adâmica, na qual havia a culpa do pecado. A consequência final é que tudo se faz novo, reconciliando a criatura ao Seu Criador espiritualmente. Assim, se o essencial para ser convertido é estar incluído em Cristo, depreende-se disto, que ninguém pode promover a sua própria salvação. A conversão, pois, é ato da estrita e soberana vontade de Deus.
O homem natural é capaz apenas de converter-se de uma crença à outra, de uma ideia à outra, de uma posição ideologica à outra, de uma situação de status quo à outra, de uma religião à outra. A real conversão é precedida do arrependimento, isto é, da 'metanóia', ou mudança de mentalidade conforme At. 3:19 - "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos de refrigério na presença de Deus." Os arminianos de carteirinha amam estes textos que utilizam os verbos no imperativo. Afirmam eles que tais construções gramaticais confirmam que a decisão acerca da conversão é do homem. Entretanto, os imperativos nas Escrituras são para mostrar que é a vontade de Deus que impera quando Ele decide qualquer coisa no universo. O que o texto diz é que os pecadores terão arrependimento e serão convertidos a fim de que a graça de Deus possa apagar os seus pecados. É por meio da ação monérgica de Deus que os pecados originais dos homens são apagados perante Ele. Não indica uma ação sinérgica, pois do contrário a morte de Cristo seria totalmente dispensável. Como poderia um ser decaído, e absolutamente corrompido, morto para Deus promover a sua própria conversão? Como poderia um ser totalmente depravado e morto para Deus buscar a conversão e o arrependimento por si mesmo? É pela ação soberana e graciosa de Deus que o pecador é conduzido a Cristo, para, n'Ele, ser convertido conforme Jo. 6: 44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." Quando as Escrituras afirmam que "ninguém" pode ir a Cristo por moto próprio, é ninguém mesmo, e não uma espécie de faz de conta, como supõem os incrédulos religiosos. Então o texto mostra que é Deus quem leva o pecador até a cruz, para nela, destruir a natureza pecaminosa em Cristo. Isto porque, a natureza morta em delitos e pecados no homem se inclina sempre e invariavelmente para o lado oposto ao de Deus.

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