Lc. 9:59 a 61 - "E a outro disse: segue-me. Ao que este respondeu: permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Replicou-lhe Jesus: deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus. Jesus, porém, lhe respondeu: ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus."
O substantivo feminino morte provém do verbo morrer, e este, por sua vez, traz a significação daquilo ou daquele que perdeu o princípio vital. A palavra morte nas Escrituras pode se referir à morte física, ou à morte espiritual. Todavia, tanto em um, como no outro caso, resulta em separação, ruptura, supressão. No caso da morte física ocorre quando a alma e o espírito do homem são separados do corpo biológico; no caso da morte espiritual ocorre quando o homem, vivo ou morto, está separado da natureza de Deus por causa da sua natureza pecaminosa.
Is. 59: 1 e 2 - "Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir; mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça." O profeta Isaías está mostrando que o problema de incomunicabilidade entre o homem e Deus não está em Deus, mas no pecado que reside na natureza humana. São naturezas opostas, e, portanto, não se comunicam. O homem está separado, ou seja, morto para Deus. O pecado é uma questão de natureza, antes de ser uma questão de atos. O homem é pecador porque nasce com a natureza pecaminosa, e não apenas porque comete atos pecaminosos. Os atos pecaminosos são consequência da natureza pecaminosa, e nunca, o contrário como supõem os religiosos.
Ef. 2:1 a 7 - "Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo, pela graça sois salvos, e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus." Se Cristo vivificou os que estavam mortos em delitos e pecados, logo, segue-se que estes de fato estavam mortos para Deus, visto que não estavam mortos fisicamente. Assim, são duas naturezas de morte: uma para Deus, e a outra, não apenas para Deus, mas também para si mesmo. Nos mortos para Deus opera o espírito do príncipe das potestades do ar, a saber, Satanás. Este mesmo espírito maligno é quem opera e operacionaliza nos filhos da desobediência, ou seja, naqueles que andam em sentido oposto à natureza de Deus. Eles satisfazem a carne e os pensamentos próprios, e por isso, são filhos da ira, porque sobre eles permanece a ira contra a natureza pecaminosa.
A salvação é operada e operacionalizada nos filhos da desobediência e da ira, por misericórdia e graça soberana de Deus. Não há absolutamente nada que o pecador possa fazer para merecer a salvação. Iludem-se, iludem e são iludidos os que imaginam que o homem decaído pode cooperar com Deus no processo da salvação. Quem vivifica os mortos em delitos e pecados é Cristo, porque os eleitos foram incluídos na sua morte de cruz, para com Ele ressuscitar. Tudo isto se apropria pela fé, visto que Ele morreu e ressuscitou apenas uma vez com eficácia para sempre.
No texto de abertura se vê um homem a quem Cristo chamou para segui-lo, mas que, no entanto, pediu para primeiro sepultar o seu pai. A resposta foi clara: "deixe os indiferentes à natureza de Deus, o enterrar os seus próprios defuntos." Logo, há vivos mortos para Deus, que sepultam os seus mortos fisicamente. Então, há vivos mortos, e mortos defuntos!
Os que são chamados são vivificados por Deus e anunciam o evangelho do reino. Os mortos para Deus cogitam apenas das coisas dos homens. Estão sempre voltados para as coisas dos seus próprios mortos.
Ninguém pode conduzir o arado, isto é, as coisas do reino deste mundo, e ao mesmo tempo tratar das coisas concernentes ao reino do Eterno.
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