Zc. 3: 1 a 10 - "Ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor. Mas o anjo do Senhor disse a Satanás: que o Senhor te repreenda, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreenda! Não é este um tição tirado do fogo? Ora Josué, vestido de trajes sujos, estava em pé diante do anjo. Então falando este, ordenou aos que estavam diante dele, dizendo: tirai-lhe estes trajes sujos. E a Josué disse: eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniquidade, e te vestirei de trajes festivos. Também disse eu: ponham-lhe sobre a cabeça uma mitra limpa. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça uma mitra limpa, e vestiram-no; e o anjo do Senhor estava ali de pé. E o anjo do Senhor protestou a Josué, dizendo: assim diz o Senhor dos exércitos: se andares nos meus caminhos, e se observares as minhas ordenanças, também tu julgarás a minha casa, e também guardarás os meus átrios, e te darei lugar entre os que estão aqui. Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens portentosos; eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo. Pois eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos. Eis que eu esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos exércitos, e tirarei a iniquidade desta terra num só dia. Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cada um de vós convidará o seu vizinho para debaixo da videira e para debaixo da figueira."
Ainda que alguns religiosos afirmem anunciar o evangelho da salvação aos perdidos, todavia, quando se deparam com um pecador, geralmente, o discriminam, insultam, ofendem e agridem por palavras, por desprezo, ou por atos. Não conhecem o que é a graça e a misericórdia. Segundo Phillip Yancey, 'graça é Deus fazendo tudo a quem nada merece'. E misericórdia 'é Deus não dando ao homem o que, de fato, merece'. Neste sentido, anunciar o evangelho da salvação ao pecador sem recebê-lo como pecador é negar o evangelho que presume anunciar. A igreja institucional pretende arrebanhar pessoas que não pecam. Exige que o homem seja perfeito para ser aceito em seu recinto. Ora, o Deus que salva não pactua com o pecado, mas aniquila-o na cruz em Cristo. Não teria sentido exigir perfeição de quem jamais poderia produzir a própria perfeição. Se alguém deve ser exemplar para pertencer à igreja, logo, a morte de Jesus, o Cristo é totalmente dispensável. A igreja verdadeira recebe o homem tal como é e o ensina a verdade para que alcance o conhecimento de Cristo e seja aperfeiçoado n'Ele. As igrejas institucionais, geralmente, confundem reforma moral com a conversão e a redenção espiritual.
O nível da graça e da misericórdia dispensado por Deus é o de Rm. 9: 11 a 18 - "... pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama, foi-lhe dito: o maior servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum. Porque diz a Moisés: terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia. Pois diz a Escritura a Faraó: para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra. Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece." Os eleitos foram eleitos antes que o próprio mundo existisse. Antes que cometessem qualquer ato de bondade ou de maldade. Não são as obras de justiça própria ou de méritos que torna o pecador um eleito, mas a graça e a misericórdia de Deus. Charles Sproul afirma em uma de suas obras: "só há dois grupos de homens no mundo: os eleitos e os não eleitos; um grupo recebe a graça de Deus; o outro grupo recebe a justiça de Deus; mas nenhum homem recebe a injustiça de Deus."
O texto de abertura é um texto simples e direto, embora não o pareça inicialmente. O profeta Zacarias está relatando a visão que Deus lhe concedeu sobre o sumo sacerdote Josué e sobre o povo de Israel. Ele viu o sumo sacerdote diante do anjo de Deus. É utilizada a expressão "anjo do Senhor" que, segundo os analistas, comentaristas e hebraístas é uma referência a Cristo antes da encarnação em Jesus. O fato é que o anjo do Senhor era um mensageiro divino para tratar das questões de Israel e seu povo. Juntamente com o sumo sacerdote Josué, estava Satanás como seu adversário. Ele sempre se põe no caminho entre os mensageiros de Deus e os homens para resistir-lhes. Na Terra e, para com os homens, ele resiste por meio do engano e das tentações. No céu, é o constante acusador dos homens diante de Deus.
Na sequência do texto de abertura vê-se que Deus elegeu o sumo sacerdote Josué. Ele era um dos judeus remanescentes retornados do cativeiro babilônico. Por esta razão é utilizada a expressão: "... não é este um tição tirado do fogo?" O ensino, neste caso, é que Deus não só elege os seus, mas os conduz para fora do fogo e da escravidão do pecado. Josué estava diante do Anjo do Senhor trajando vestes sujas que são o símbolo da culpa do pecado, ou seja, a presença da natureza pecaminosa no homem decaído. O Anjo do Senhor, então, disse: "tirai-lhe as vestes sujas." Isto indica o ato pelo qual o pecador é regenerado no sangue de Cristo. Vê-se, inclusive, que o anjo não lhe disse para tirar, ele mesmo, as vestes sujas, mas ordenou que alguém o fizesse. Isto simboliza o nosso desnudamento e o revestimento de Cristo em nós. O Anjo do Senhor, então, proclama: "...eis que tenho feito que passe de ti a tua iniquidade e te vestirei de finos trajes." A forma pela qual Deus faz passar a iniquidade, a saber, a natureza iníqua é aniquilando-a pela inclusão do pecador na morte com Cristo na cruz. É Deus quem retira as vestes de imundícia e reveste o pecador com a justiça de Cristo. Entretanto, a igreja nominal e institucional, juntamente com seus religiosos insistem em jogar vestes finas sobre os trajes sujos do pecador, chamando-o de convertido e irmão. Por esta razão, as igrejas são divididas, confusas, cheias de soberba e orgulho denominacional. Elas confundem travestidos de suas próprias aparências com revestidos com a justiça de Cristo. Não é uma questão de fazer reforma moral nas pessoas, mas de anunciar-lhes a verdade que os liberta para a eternidade.
Religiosos de todos os tempos estão absolutamente enganados em seus ensinos e práticas. Pretendem levar o homem pecador a promover sua própria salvação. O texto mostra que jamais o pecador poderá trocar suas vestes sujas por conta própria. Para atingir a perfeita justiça necessitam da ação do Justo de Deus que é Cristo. A justiça própria do homem é imperfeita conforme Is. 64:6 - "Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como o vento, nos arrebatam." A única esperança ao pecador é a justiça de Deus conforme Is. 61:10 - "Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como noivo que se adorna com uma grinalda, e como noiva que se enfeita com as suas jóias." O homem em estado de depravação espiritual, uma vez eleito, é lavado, vestido e coroado por Deus em sua graça e misericórdia conforme Rm. 13:14 - "Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências."
É declarado ao sumo sacerdote Josué, após a sua purificação, que ele deveria andar nos caminhos de Deus. Que exerceria o julgamento sobre o povo e que guardaria a fé. Foi dito a Josué que Deus enviaria o seu Renovo, ou seja, o Salvador. Este é um dos títulos messiânicos de Cristo para os judeus. Também é colocada uma pedra diante de Josué que possuía sete olhos, significando a plenitude e a totalidade da obra de Cristo para restauração do mundo. Ele é a pedra angular rejeitada pelos construtores conforme At. 4: 10 a 12 - "... seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, nesse nome está este aqui, são diante de vós. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular. E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos."
Ao final o próprio povo de Israel será convertido à verdade que Jesus, o Cristo é o Messias o qual tanto esperam. O texto mostra que isto ocorrerá quando diz: "Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, cada um de vós convidará ao seu próximo para debaixo da vide e para debaixo da figueira."
Sola Gratia!
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