junho 27, 2015

OBSCURANTISMO E DESCONSTRUÇÃO DE DEUS III

Rm. 1: 18 a 25 - "Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça. Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si; pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém."
Há uma constante tentativa de desconstrução de Deus por parte do homem. Incrivelmente, grande parte desse processo se dá no seio das religiões e crenças em geral. Nem sempre é um processo consciente, porque tal processo é inspirado por forças sobrenaturais. Não se trata da velha estratégia de transferir a culpa para Satanás, mas porque, de fato, é o papel dele fazer isso. Visto que ele é o arqui-inimigo de Deus e, porque, não pode crer resta-lhe desconstruir Deus para provar que sua tese é a verdadeira. Jesus, o Cristo concede luz sobre este ensino em Mt. 13: 24 a 26 - "Propôs-lhes outra parábola, dizendo: o reino dos céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. Quando, porém, a erva cresceu e começou a espigar, então apareceu também o joio." O reino dos céus é o reino de Deus, implicando em pleno e total domínio sobre os céus e sobra a Terra e tudo que neles há. O homem que semeou a boa semente é Cristo, o Filho Unigênito de Deus que trouxe a mensagem da cruz como única solução para aniquilar o pecado. Entretanto, enquanto há uma verdade sendo disseminada e pregada, também há uma falsa mensagem sendo ensinada e divulgada em paralelo. As duas verdades crescem juntas, porém, ao final, elas se divergem e se diferenciam total e absolutamente. Uma conduz ao reino dos céus, isto é, ao domínio soberano que provém de Deus, a outra conduz à perdição eterna, a saber, a segunda morte.
Neste sentido, o que muita gente bem intencionada não sabe é fazer a distinção entre o joio e o trigo. Ambos são de uma mesma família de gramíneas e se assemelham em tudo, exceto na espiga. Vê-se que o que faz a diferença não é a planta em si, mas o que ela produz como resultado final. O grão de trigo é a matéria prima da qual se faz o pão que alimenta o homem. O grão do joio não presta para produzir nada que alimenta ou que dá a vida. Por analogia, não é o fato de uma religião, seita ou crendice apregoar a paz, o amor e a harmonia que ela procede de Deus. O joio cresce junto ao trigo sem lhe causar nenhum mal, em harmonia, portanto. O mal só se apresenta no momento final, quando serão apuradas as consequências. 
O texto de abertura mostra que a ira de Deus procede dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça. O que realmente isso quer dizer? Quer dizer que Deus entrega o ímpio à sua própria sorte até a destruição. Isto é dito na sequência do texto de Rm. 1. Também, a ira de Deus é a sentença condenatória para o dia do juízo final. Impiedade é um substantivo feminino que significa falta de consideração ou desprezo por Deus. É uma palavra cuja função se aplica apenas a seres humanos. Muitos imaginam, em suas mentes obscurecidas pelo "deus" deste século, que ao pertencer a uma ou outra crença está isento de tal impiedade. Entretanto, há maior risco de alguém ser ímpio dentro de um sistema religioso que fora dele. Muitas vezes uma pessoa ateia fere menos a Deus que uma religiosa. Isto porque, pelo menos, o ateu é mais honesto em declarar sua posição e relação no tocante a Deus. Deter a verdade em injustiça é exatamente praticar e disseminar uma crença que não encontra respaldo na verdade. A verdade é uma só e é uma pessoa e não uma concepção filosófica, científica ou um dogma religioso. A verdade é o próprio Cristo conforme Jo. 14:6 - "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." Neste texto, Jesus se declara o conteúdo e o continente, tornando um com a verdade. Também se confessa como o único caminho possível à redenção do pecador. Igualmente mostra que é o único que concede a verdadeira vida, ou seja, a vida eterna.
A injustiça colocada no lugar da verdade ocorre quando o homem substitui a solução de Deus para o pecado, colocando seus méritos e justiça própria no lugar de Cristo, e este crucificado. A execução da justiça de Deus contra a injustiça do pecado se deu naquela cruz. É na cruz que o pecado do homem, o qual o separa de Deus e o torna morto espiritualmente é destruído conforme Hb. 9:26 - "...doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Acontece que ao deter a verdade, que é Cristo, em injustiça, o pecado do homem não pode ser aniquilado. Neste caso, pratica-se uma religião de esforços e sacrifícios de tolos e a tal para nada aproveita espiritualmente. Morrerão todos em seus delitos e pecados conforme Jo. 8:24 - "Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados." A expressão: "... eu sou" equivale à pessoalidade de Deus. Foi a mesma expressão dita a Moisés quando fora enviado a libertar o povo hebreu da escravidão no Egito. Portanto, substituir a verdade pela religião, crença ou práticas de justiça própria consiste em deter a verdade, que é Cristo, em injustiça. Isto consiste na impiedade aludida no texto que abre este estudo.
Sola Scriptura!

junho 21, 2015

OBSCURANTISMO E DESCONSTRUÇÃO DE DEUS II

Rm. 1: 18 a 25 - "Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça. Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, a eles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si; pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém."
O obscurantismo acerca de Deus não consiste em ignorância intelectual sobre ele. Contrariamente, quanto mais o homem estuda e propõe tratados sobre Deus, menos o conhece. Isto porque, nenhuma criatura pode conhecer Deus se ele não se der a conhecer pela revelação da sua palavra e no espírito. Na língua grega koinê, o grego popular ou comum, para o qual foi traduzido o texto neotestamentário há duas palavras que, por vezes, se confundem na mente dos homens: uma é saber "eidete" e a outra é conhecer "guinosko". 'Saber' pode ser verbo ou substantivo, e, como substantivo significa: 'soma dos conhecimentos adquiridos, sabedoria, cultura e erudição'. Enquanto, verbo, saber possui diversos modos e tempos, indicando uma forma de conhecimento puramente intelectivo. Já, 'conhecer' é sempre verbo transitivo e significa 'apreender, conscientizar-se, entender, experimentar, familiarizar-se, identificar, informar-se, relacionar-se, ver, vivenciar, viver'. Dá sempre o sentido de internalizar ou imprimir na mente experimentalmente algo ou alguém.
A importância de atentar-se para as diferentes funções gramaticas visa a tomada de ciência da profundidade do texto bíblico. Deve-se evitar fazer exegese e hermenêutica errôneas e equivocadas. Sabe-se que exegese é a interpretação ou o esclarecimento de uma palavra, frase ou texto. Já a hermenêutica é a explicação dos sentidos das palavras nos textos e nos contextos em que figuram. Portanto, estes requisitos visam instrumentalizar o estudioso dos textos bíblicos para se conseguir melhor compreensão daquilo que Deus mostra em sua palavra. Entretanto, o conhecimento que muda a mente e traz a metanoia é a luz que salva o homem e se dá apenas por revelação espiritual.
A razão para tanta explicação gramatical e semântica é a necessidade de elucidar o objetivo do texto bíblico e não demonstrar pedantismo. Evita-se fazer juízos de valor de quem quer que seja, mas, tão somente, apresentar a quem se interessar pela verdade, seja esta suave ou dura. O que recebe a incumbência de anunciar o evangelho puro não pode se sentir limitado ou reprimido por imposições do politicamente correto. O seu compromisso é apenas com o texto e com a vontade de Deus. Obviamente que, agindo desta forma ganhará muitos adversários, porque tal posição gera ira e oposição. É natural que seja assim, porque a verdade destrona o homem sob a influência da natureza pecaminosa. Para fundamentar o que está dito neste parágrafo põe-se o seguinte texto, II Co. 4: 3 a 5 - "Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. Pois não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor; e a nós mesmos como vossos servos por amor de Jesus.
Desta forma, o obscurantismo a que alude o título e o texto de abertura desta série de estudos é o resultado da ocultação do evangelho aos que se perdem. A razão da cegueira é o fato que o "deus" deste século, a saber, Satanás, lhes encobriu a verdade. Eles não veem e não creem, porque a natureza pecaminosa ou o pecado é a incredulidade conforme Jo. 16:8 e 9 - "E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim." Jesus afirma neste texto que o pecado é não crer n'Ele. Entretanto, não se pode confundir crer como mera formalidade da religião exterior. Neste caso, entra a diferença entre saber e conhecer, porque saber é apenas ter alguma informação, cultura, erudição e sabedoria intelectiva sobre Deus, Cristo, fé, verdade. Isto não significa o real conhecimento de Deus, Cristo, fé e verdade. Em muitos casos tais saberes são o resultado do acúmulo de informações obtidas por força do meio cultural em que a pessoa nasce, da família, dos costumes locais ou por busca pessoal de tais informações. É apenas religião e tradição adquiridas pelo meio em que a pessoa está inserida.
O conhecimento verdadeiro e experimental da verdade do evangelho é tratado no novo testamento como sendo luz. Neste caso, não se refere ao fenômeno físico da óptica, mas de ser iluminado pela verdade. A verdade não é uma concepção filosófica, mas uma pessoa, a saber, o próprio Cristo. Isto fica claro em suas próprias palavras em Jo. 14:6 - "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim."  Vê-se que Jesus, o Cristo não possui apenas alguma verdade a ser distribuída, ele mesmo é a verdade. Desta forma ele é a doação e o doador da verdade, ao mesmo tempo. Portanto, estar em Cristo é estar na verdade. Ter Cristo é ter a verdade. Conhecer Cristo é conhecer a própria verdade. Isto não implica em ser perfeito, não errar, ser superior a outras pessoas. Significa que o nascido do alto passa para uma nova disposição, na qual, estará sendo aprofundado no conhecimento de Deus. Todo o processo é monérgico, isto é, a ação parte sempre de Deus em relação aos eleitos.
Sobre a vã tentativa de desconstruir Deus por parte do homem, seja bem ou mal intencionado acaba sempre gerando uma única verdade: a condenação de si mesmo. Da parte d'Ele nada se altera, porque ele é imutável. Então, mesmo que todos os habitantes da Terra decidissem chamá-lo de "deusa", em nada alteraria a sua essência. Ainda que todos os homens decidam que Deus é uma pedra, uma escultura de madeira, de ferro, de gesso, um boi, um carneiro, uma águia, um jacaré, isto não o altera em sua sublime majestade e glória. Entretanto, também em nada altera o fato de o homem ser pecador por natureza e por atos, isto é o que o condena à perdição eterna. O erro do homem portador da natureza pecaminosa é achar que pode suprimir ou subjugar Deus por meio de sabedoria e artifícios humanos. Tal sabedoria humana é identificada em Tg. 3:15 - "Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica." Ela é da Terra, almática e diabólica, porque foi adquirida pelo próprio homem nesta vida por suas experiências sensoriais, por meio da alma e induzidos pelo Diabo que detém o controle das almas dos homens não regenerados. Traduziu-se 'psikê' por 'animal', mas, na verdade, significa almática ou relativo à alma. Até porque, animal provém do latim 'anima' que, por sua vez, significa alma. 
Sola Scriptura!

junho 18, 2015

OBSCURANTISMO E DESCONTRUÇÃO DE DEUS I

Rm. 1: 17 a 25 - "Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: mas o justo viverá da fé. Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça. Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso Deus os entregou, às concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si; pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém."
A Onomástica é uma ciência que se definiu no século XIX, dedicando-se ao estudo dos nomes. O termo Onomástica provém do grego [ὀνομαστική] "onomastikê" e significa "nomear" ou "dar nomes". Como tal, esta ciência se subdivide em duas vertentes: a Toponímia e a Antroponímia. A Toponímia se destina a dar nomes aos lugares, tais como, cidades, rios, lagos, oceanos, montanhas, paisagens vegetais, localidades. Já a Antroponímia se destina a dar nomes próprios e sobrenomes às pessoas.
Tudo o que existe, animado ou inanimado, é ser e possui nome. A classe gramatical que nomeia ou denomina os seres é o substantivo. Substantivo é um conjunto de palavras variáveis que nomeiam objetos, pessoas e fenômenos, além de lugares, estados, sentimentos, qualidades e ações. Os substantivos são classificados em: a) próprios; b) comuns; c) concretos; d) abstratos; e) primitivos; e, f) derivados. Os substantivos próprios nomeiam seres, entidades, países, cidades, estados, continentes, planetas, oceanos, dentre outros. São escritos com a letra inicial maiúscula. Os substantivos comuns nomeiam um conjunto de seres da mesma espécie (animais, plantas, objetos), por exemplo, 'pessoa, gente, criança, cidade, país.' Entretanto, se se atribuir à pessoa, gente, criança, cidade, país uma particularidade deixa de ser substantivo comum e passa a ser substantivo próprio. Desta forma, se alguém disser: "o homem não entrou no avião, porque perdeu a passagem," trata-se de substantivo comum, pois o homem designa um ente de uma espécie ampla. Entretanto, se alguém disser: "Mário perdeu o voo, porque esqueceu o bilhete de embarque," trata-se de um substantivo próprio, porque foi dado um nome próprio ao homem. Os substantivos concretos designam seres reais e concretos com existência própria e que não dependem de outro para existir. Então, como exemplos, se pode dizer: "a aliança entre Estados Unidos e Grã-Bretanha permitiu a vitória sobre o Iraque," trata-se de substantivo concreto. Mas, se for dito: "a aliança da noiva é de ouro branco," trata-se de substantivo abstrato. Finalmente os substantivos primitivos são aqueles que não derivam de outro. Já os substantivos derivados são aqueles que derivam de outro substantivo. Assim, se alguém disser: "a árvore perdeu as folhas," nesse caso, 'folhas' é um substantivo primitivo. Todavia, se alguém disser: "a árvore perdeu a folhagem," neste caso, folhagem é substantivo derivado.
Morfossintaticamente, o substantivo exerce função direta com o verbo, atua como o núcleo do sujeito, do complemento verbal e do agente da passiva. Pode ainda funcionar como núcleo de outras estruturas sintáticas.
Portanto, o substantivo é uma palavra que, por si mesma, designa um ser real ou metafísico. É a palavra com a qual se nomeiam seres, atos e conceitos. O objetivo desta exposição mais ou menos gramatical é a questão de como os homens, em geral, e os religiosos em particular tratam substantivamente Deus. 
Desta forma o substantivo próprio Deus, não é o nome de Deus, mas tão somente a forma de designar este ser concebido como absoluto, supremo, invisível, onipotente, onipresente, onisciente e soberano. Vê-se enorme obscurantismo sobre a relação entre o homem e Deus. Tal entenebrecimento foi causado pela depravação total do homem após a sua queda espiritual. Esta condição gerou grande confusão, porque o homem foi destituído da glória de Deus conforme doutrina Rm. 3:23 - "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." Todos são pecadores, não apenas porque cometem atos pecaminosos, mas porque herdaram a natureza pecaminosa do ancestral comum. Esta glória perdida era o revestimento do conhecimento de Deus que é chamado no texto escriturístico de luz. Ainda que, a mente obscura proteste sobre esta queda e depravação, o texto permanece firme e inabalável conforme Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." Então, o protesto de quem quer que seja, permanece ele só do outro lado, resistindo e confirmando a incredulidade que é o pecado original. 
As mentes obscurecidas substituem a verdade pela mentira, a justiça pela injustiça e, assim confirmam o estado de separação espiritual de Deus. Colocam no lugar de Deus crenças, ritos, leis, dogmas, religiões, preceitos, sabedoria humana. Nada substitui o próprio Deus! Como não conseguem alcançá-lo e ter a paz que excede a todo o entendimento, preferem desconstruir a sua imagem, semelhança e os seus atributos, como também o seu eterno poder. Adoram coisas, forças ocultas, animais, forças da natureza e homens. Atualmente se discute sobre designar Deus de 'deusa', porque imaginam que o substantivo masculino, Deus, é uma forma discriminatório de gênero. Entretanto, além de ser uma desconstrução espiritual, também é uma imensa ignorância intelectual, pois Deus, não é nome próprio, é apenas um substantivo concreto que o designa pela necessidade simples de nomeá-lo gramaticalmente. Surge, portanto, da necessidade de torná-lo sujeito no discurso. Nada tem a ver com questão de gênero ideologicamente. Também denominá-lo de "deusa" continuaria situando-o em um gênero.
Sola Gratia!

junho 16, 2015

TIÇÃO TIRADO DO FOGO

Zc. 3: 1 a 10 - "Ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor. Mas o anjo do Senhor disse a Satanás: que o Senhor te repreenda, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreenda! Não é este um tição tirado do fogo? Ora Josué, vestido de trajes sujos, estava em pé diante do anjo. Então falando este, ordenou aos que estavam diante dele, dizendo: tirai-lhe estes trajes sujos. E a Josué disse: eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniquidade, e te vestirei de trajes festivos. Também disse eu: ponham-lhe sobre a cabeça uma mitra limpa. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça uma mitra limpa, e vestiram-no; e o anjo do Senhor estava ali de pé. E o anjo do Senhor protestou a Josué, dizendo: assim diz o Senhor dos exércitos: se andares nos meus caminhos, e se observares as minhas ordenanças, também tu julgarás a minha casa, e também guardarás os meus átrios, e te darei lugar entre os que estão aqui. Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens portentosos; eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo. Pois eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos. Eis que eu esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos exércitos, e tirarei a iniquidade desta terra num só dia. Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cada um de vós convidará o seu vizinho para debaixo da videira e para debaixo da figueira."
Ainda que alguns religiosos afirmem anunciar o evangelho da salvação aos perdidos, todavia, quando se deparam com um pecador, geralmente, o discriminam, insultam, ofendem e agridem por palavras, por desprezo, ou por atos. Não conhecem o que é a graça e a misericórdia. Segundo Phillip Yancey, 'graça é Deus fazendo tudo a quem nada merece'. E misericórdia 'é Deus não dando ao homem o que, de fato, merece'. Neste sentido, anunciar o evangelho da salvação ao pecador sem recebê-lo como pecador é negar o evangelho que presume anunciar. A igreja institucional pretende arrebanhar pessoas que não pecam. Exige que o homem seja perfeito para ser aceito em seu recinto. Ora, o Deus que salva não pactua com o pecado, mas aniquila-o na cruz em Cristo. Não teria sentido exigir perfeição de quem jamais poderia produzir a própria perfeição. Se alguém deve ser exemplar para pertencer à igreja, logo, a morte de Jesus, o Cristo é totalmente dispensável. A igreja verdadeira recebe o homem tal como é e o ensina a verdade para que alcance o conhecimento de Cristo e seja aperfeiçoado n'Ele. As igrejas institucionais, geralmente, confundem reforma moral com a conversão e a redenção espiritual.
O nível da graça e da misericórdia dispensado por Deus é o de Rm. 9: 11 a 18 - "... pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama, foi-lhe dito: o maior servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e aborreci a Esaú. Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum. Porque diz a Moisés: terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia. Pois diz a Escritura a Faraó: para isto mesmo te levantei: para em ti mostrar o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome em toda a terra. Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece." Os eleitos foram eleitos antes que o próprio mundo existisse. Antes que cometessem qualquer ato de bondade ou de maldade. Não são as obras de justiça própria ou de méritos que torna o pecador um eleito, mas a graça e a misericórdia de Deus. Charles Sproul afirma em uma de suas obras: "só há dois grupos de homens no mundo: os eleitos e os não eleitos; um grupo recebe a graça de Deus; o outro grupo recebe a justiça de Deus; mas nenhum homem recebe a injustiça de Deus."
O texto de abertura é um texto simples e direto, embora não o pareça inicialmente. O profeta Zacarias está relatando a visão que Deus lhe concedeu sobre o sumo sacerdote Josué e sobre o povo de Israel. Ele viu o sumo sacerdote diante do anjo de Deus. É utilizada a expressão "anjo do Senhor" que, segundo os analistas, comentaristas e hebraístas é uma referência a Cristo antes da encarnação em Jesus. O fato é que o anjo do Senhor era um mensageiro divino para tratar das questões de Israel e seu povo. Juntamente com o sumo sacerdote Josué, estava Satanás como seu adversário. Ele sempre se põe no caminho entre os mensageiros de Deus e os homens para resistir-lhes. Na Terra e, para com os homens, ele resiste por meio do engano e das tentações. No céu, é o constante acusador dos homens diante de Deus. 
Na sequência do texto de abertura vê-se que Deus elegeu o sumo sacerdote Josué. Ele era um dos judeus remanescentes retornados do cativeiro babilônico. Por esta razão é utilizada a expressão: "... não é este um tição tirado do fogo?" O ensino, neste caso, é que Deus não só elege os seus, mas os conduz para fora do fogo e da escravidão do pecado. Josué estava diante do Anjo do Senhor trajando vestes sujas que são o símbolo da culpa do pecado, ou seja, a presença da natureza pecaminosa no homem decaído. O Anjo do Senhor, então, disse: "tirai-lhe as vestes sujas." Isto indica o ato pelo qual o pecador é regenerado no sangue de Cristo. Vê-se, inclusive, que o anjo não lhe disse para tirar, ele mesmo, as vestes sujas, mas ordenou que alguém o fizesse. Isto simboliza o nosso desnudamento e o revestimento de Cristo em nós. O Anjo do Senhor, então, proclama: "...eis que tenho feito que passe de ti a tua iniquidade e te vestirei de finos trajes." A forma pela qual Deus faz passar a iniquidade, a saber, a natureza iníqua é aniquilando-a pela inclusão do pecador na morte com Cristo na cruz. É Deus quem retira as vestes de imundícia e reveste o pecador com a justiça de Cristo. Entretanto, a igreja nominal e institucional, juntamente com seus religiosos insistem em jogar vestes finas sobre os trajes sujos do pecador, chamando-o de convertido e irmão. Por esta razão, as igrejas são divididas, confusas, cheias de soberba e orgulho denominacional. Elas confundem travestidos de suas próprias aparências com revestidos com a justiça de Cristo. Não é uma questão de fazer reforma moral nas pessoas, mas de anunciar-lhes a verdade que os liberta para a eternidade. 
Religiosos de todos os tempos estão absolutamente enganados em seus ensinos e práticas. Pretendem levar o homem pecador a promover sua própria salvação. O texto mostra que jamais o pecador poderá trocar suas vestes sujas por conta própria. Para atingir a perfeita justiça necessitam da ação do Justo de Deus que é Cristo. A justiça própria do homem é imperfeita conforme Is. 64:6 - "Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como o vento, nos arrebatam." A única esperança ao pecador é a justiça de Deus conforme Is. 61:10 - "Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como noivo que se adorna com uma grinalda, e como noiva que se enfeita com as suas jóias." O homem em estado de depravação espiritual, uma vez eleito, é lavado, vestido e coroado por Deus em sua graça e misericórdia conforme Rm. 13:14 - "Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências."
É declarado ao sumo sacerdote Josué, após a sua purificação, que ele deveria andar nos caminhos de Deus. Que exerceria o julgamento sobre o povo e que guardaria a fé. Foi dito a Josué que Deus enviaria o seu Renovo, ou seja, o Salvador. Este é um dos títulos messiânicos de Cristo para os judeus. Também é colocada uma pedra diante de Josué que possuía sete olhos, significando a plenitude e a totalidade da obra de Cristo para restauração do mundo. Ele é a pedra angular rejeitada pelos construtores conforme At. 4: 10 a 12 - "... seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, nesse nome está este aqui, são diante de vós. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular. E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos."
Ao final o próprio povo de Israel será convertido à verdade que Jesus, o Cristo é o Messias o qual tanto esperam. O texto mostra que isto ocorrerá quando diz: "Naquele dia, diz o Senhor dos Exércitos, cada um de vós convidará ao seu próximo para debaixo da vide e para debaixo da figueira."
Sola Gratia!