Rm. 9: 6 a 16 e 22 a 24 - "Não que a palavra de Deus haja falhado. Porque nem todos os que são de Israel são israelitas; nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus; mas os filhos da promessa são contados como descendência. Porque a palavra da promessa é esta: por este tempo virei, e Sara terá um filho. E não somente isso, mas também a Rebeca, que havia concebido de um, de Isaque, nosso pai (pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito: o maior servirá o menor. Como está escrito: amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum. Porque diz a Moisés: terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia. E que direis, se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que de antemão preparou para a glória, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?"
Religião é uma proposta que pretende, por meio de obras de justiça e de esforço, convencer Deus a ser favorável ao homem. Ou ainda, religião é uma invenção humana para tentar conseguir a salvação por conta própria. Simplificadamente, religião significa a tentativa humana de religar o que foi desligado por causa do pecado original. Desta forma, o religioso cria diversos e diferentes sistemas de crenças para atingir tal objetivo. Entretanto, as Escrituras ensinam que o homem não pode religar-se a Deus nem por sua vontade, nem por linhagens étnicas, nem por escolha moral conforme Jo. 1:12 e 13 - "Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus." É a vontade de Deus que leva o pecador receber a Cristo. Estes são os que passam a crer no seu nome, porque a estes foi dado o poder de serem feitos filhos de Deus. Eles não conquistaram nada por eles mesmos, antes foram conquistados pela graça da vontade de Deus. A transferência do homem do reino das trevas para o reino do amor de Deus não é operada pelo nascimento biológico, pela descendência étnica, nem pela vontade da mente ou da inteligência. O novo nascimento ou nascimento do alto é operado pela vontade de Deus. Tanto Jó, como Paulo eram corretos religiosos, nem por isso, estavam purificados da natureza pecaminosa que os separava de Deus. Foi necessário um duro processo de regeneração neles por meio da cruz.
A religião serve para cegar mais o pecador, porque este introjecta normas, regras, ritos e preceitos que obscurecem e substituem a verdade. Tais sistemas em geral, usam a Bíblia, porém, interpretadas e aplicadas pelo senso de crença do homem em sua natureza pecaminosa. O pecado, não aniquilado na cruz, determina no homem natural uma tendência à adaptação do texto bíblico ao que agrada a sua alma. O religioso, via de regra, se apega aos valores comportamentais e aos dogmas da religião, fechando os filtros à revelação das Escrituras. Superdimensiona os valores morais no lugar da pessoa de Cristo que é, de fato, quem produz a santidade nos eleitos e regenerados. O excesso de regras comportamentais e rituais da religião exterior funcionam como uma densa cortina que impede a visão da simplicidade do evangelho. Uma das mais eficazes estratégias do Diabo é manter os religiosos todo o tempo ocupados com coisas relacionadas a Deus, a Cristo, a Bíblia e a Igreja, mas estes não veem a verdade. O inimigo substitui a verdade por diversas verdades relativas e por coisas ou práticas da religião. No século XIX, Watchman Nee disse: "... tenho inveja das lavadeiras da minha aldeia, porque, enquanto eu tenho a Palavra de Deus nas mãos, elas têm o Deus da Palavra." Ele foi um filho do Altíssimo que passou a maior parte da vida em prisões na China Comunista, por causa do evangelho. Acontece, que, após este homem ter recebido o ensino verdadeiro por meio de Jesse-Pen Lewis veio a conhecer a verdade que verdadeiramente liberta, a saber, Cristo e este crucificado.
No texto que abre esta instância, o apóstolo Paulo vem falando da sua grande tristeza por não ter sido separado por Deus para anunciar o evangelho aos judeus e aos seus parentes. Demonstra que, apesar de os judeus serem israelitas e terem a lei, os pactos, a doação do Cristo, o culto e as promessas, nem todos seriam salvos. Afirma ainda que, não é pelo fato de que nem todos os judeus receberam a verdade, Deus houvera falhado. Mostra que nem todos os descendentes da promessa feita a Abraão foram eleitos para a salvação. Por esta razão João afirma sobre Jesus: "veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam." Isto equivale dizer que o salvador veio, primeiramente, ao povo de Israel, mas a maioria não o reconheceu como o salvador deles. Então, a questão não é de o pecador ter um sistema religioso, praticar ritos e se submeter a um conjuntos de preceito e regras morais. A questão é de Deus ter escrito os nomes dos pecadores eleitos no livro da vida do Cordeiro.
A eleição e a predestinação são doutrinas bíblicas e não invencionices de quem quer que seja. Na verdade são doutrinas extremamente duras para o senso de justiça humana. Especialmente o religioso cheio de justiça própria abre logo o seu baú de justificativas para inocentar Deus desta doutrina. Eles alegam que Deus é amor e que jamais rejeitaria alguém que é correto e que aceita Jesus. Todavia, desconhecem que o homem decaído não pode aceitar Jesus, o Cristo. É ele quem os aceita na cruz para aniquilação das suas naturezas pecaminosas. Entretanto, correto até o anjo querubim que veio a ser Satanás era até o dia em que foi achada nele a iniquidade. Correto, Jó era, sendo, inclusive, elogiado por Deus diante de Satanás. Correto, também era Paulo e zeloso dos pactos do judaísmo.
Paulo mostra no texto que Jacó e Esaú sequer haviam nascido, mas Deus já havia escolhido a Jacó. Os gêmeos sequer haviam feito o bem ou o mal, mas Deus já havia feito a escolha por Jacó. Então, não é uma questão de fazer o bem ou o mal, pois estas realidades fazem parte da natureza humana. Além do que, o bem e o mal é, primeiramente, uma questão de conceito ou ponto de vista antes de se tornar uma prática. O que é tido como o mal em uma circunstância pode ser tido como o bem em outra. Deus determinou que Esaú seria servo de Jacó e assim aconteceu historicamente, porque seus descendentes foram agrupados na tribo de Judá. Isto não implica em que Esaú tenha sido amaldiçoado e que teve uma vida cheia de sofrimentos, miséria e pobreza. A escolha ou eleição é uma questão espiritual e não material.
Os advogados de Deus logo questionam que o ensino da doutrina da eleição faz Deus se tornar injusto. Paulo mesmo responde a isto no texto: "Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum." A explicação abrange a soberania de Deus: "... terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia, e terei compaixão de quem me aprouver ter compaixão. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia." Ele é soberano para fazer o que lhe aprouver.
O texto mostra claramente que foi Deus quem preparou os vasos para ira e perdição e os vasos de misericórdia para a sua glória. Ambos foram feitos por Deus e não um pelo Diabo e o outro por Deus como se ensina, comumente, nas religiões institucionais e humanistas. Mostra que é Deus quem usa de misericórdia e de justiça com quem quer. A eleição não depende de quem pratica esta ou aquela religião. Não depende de quem corre atrás de boas obras ou de bom comportamento. Estas realidades são operadas por Deus que realiza o querer e o efetuar nas vontades dos que são d'Ele. Isto é soberania e não injustiça, pois ele poderia deixar todos na condenação do pecado.
No texto original diz que Deus amou a Jacó e odiou a Esaú. Algumas traduções humanistas mudaram a palavra "odiei" para "amou menos" ou mesmo "aborreci". Todavia, o texto original em grego koinê diz que Deus odiou a Esaú e não que amou menos ou aborreceu. Em outro texto é dito que, mesmo depois de Esaú ter chorado e desejado retomar a bênção, Deus não reconsiderou conforme Hb. 12:27 - "Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas." Esaú buscou arrependimento com lágrimas, porém não o encontrou. Desta forma os religiosos incrédulos às Escrituras deveriam agendar uma audiência com Deus para questioná-lo sobre a sua soberania em amar a um e rejeitar ao outro.
Sola Scriptura!
Nenhum comentário:
Postar um comentário