sábado, julho 21

PROFUNDA DEI ET ALTITUDINES SATANAE III

Ef. 3: 8 a 12 - "A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou, para que agora seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor, no qual temos ousadia e acesso em confiança, pela nossa fé nele."
A maneira em que Deus age no universo é sempre oposta à maneira de Satanás e dos homens decaídos. Ele escolhe os fracos e pequenos para anunciar grandes e tremendas coisas. Deus nunca trabalha com as maiorias, mas usa as minorias para abalar os fundamentos da Terra e contradizer o movimento da história. De todas as personagens que Deus escolheu ao longo dos tempos para construir o seu supremo propósito, nenhum foi escolhido em função de qualquer mérito, justiça própria ou dignidade. Desafia-se a quem quer que seja a buscar nas páginas das Escrituras qualquer circunstância em que Ele agiu de modo diferente do descrito nestas linhas. 
No texto que abre esta instância vê-se claramente o apóstolo Paulo reconhecendo esta realidade: Deus o escolheu, sendo ele o mínimo de todos os santificados. A ele foi dada a graça de anunciar aos povos fora da nação israelita, as riquezas que ninguém poderia compreender. Isto porque inescrutável é aquilo que é impossível de ser escrutado, investigado, compreendido; é algo impenetrável, incompreensível, insondável. 
Em Cristo foram depositados todos mistérios ocultos de Deus pelos séculos da eternidade pretérita e futura. É fundamental entender que Cristo é o Filho Unigênito de Deus e anterior ao homem histórico Jesus, nascido de mulher. Entretanto, não se pode recair no erro doutrinário de afirmar que se trata de duas pessoas distintas, pois,  de fato, formam uma única pessoa portadora da natureza divina e da natureza humana. Este é o primeiro mistério que Deus ocultou ao longo dos séculos até que se cumprisse o tempo certo para revelá-lo ao mundo conforme Jo. 1: 1 a e 14 - "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens; a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai." A tradução em língua portuguesa coloca Cristo como o Verbo divino, porém o texto grego original fala de "palavra" ou "logos". Cristo é, portanto, o Deus Filho que estava desde o princípio com o Pai, criando todas as coisas pelo poder da Palavra. Ele é o portador da vida eterna, pois neste texto a palavra vida é 'zoé'. Também Cristo é a luz dos homens, ou seja, é Ele o portador de todo o conhecimento e sabedoria, porque luz no texto original é 'phôs', significando conhecimento. Verifica-se que as trevas são, na verdade, ausência de luz, pois quando a luz resplandece nas trevas elas deixam de existir. Isto implica em que, quando o conhecimento verdadeiramente procedente de Deus por meio de Cristo é anunciado, a ignorância da verdade desaparece e a mentira não pode mais atuar.
O mistério de Deus, Cristo, foi manifestado na pessoa humana de Jesus, o Filho do Homem, pois foi gerado em uma mulher, porém pela ação divina. Este mistério ficou oculto ao longos das eras mais primitivas da Terra e perante todos os exércitos dos céus. Agora, tal mistério foi revelado e demonstrado perante os principados e potestades nas regiões do espaço sideral por meio da Igreja. Estas potestades e principados são ordens de anjos caídos ou não que recebem a revelação daquilo que Deus guardou apenas para a Igreja. Esta é uma das grandes profundezas de Deus, pois justo a Igreja que é a união de todos os regenerados em todos os tempos e lugares. São pessoas, geralmente, simples e desprovidas de poder e riquezas temporais.
É fundamental entender, que, quando as Escrituras se referem a Jesus, o Cristo, nada tem a ver com a figura religiosa esculpida pela cultura ocidental nestes últimos dois mil anos. O Jesus Cristo inventado, elaborado e reelaborado por artifícios teológicos, retóricos e dogmáticos nada tem a ver com o Jesus, o Cristo das Escrituras. Também quando o texto se refere à Igreja, é uma menção ao corpo vivo de Cristo, visto que a promessa é que ela seria construída por pedrinhas sobre a Rocha Eterna conforme Mt. 16: 16 a 19 - "Respondeu-lhe Simão Pedro: tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus." Veja, Pedro recebeu a revelação do mistério que esteve oculto nos séculos da eternidade pretérita que Jesus era o Cristo Filho de Deus vivo. Jesus confirma que tal revelação não foi resultante de sabedoria humana, mas uma revelação direta de Deus. Neste momento, Jesus, o Cristo entrega a Pedro o apostolado e o encargo para dar início à formação do corpo vivo, a Igreja. Pedro tinha por nome Cefas em aramaico, significando pedrinha ou pedregulho. Em hebraico o seu nome era Simão Pedro Barjonas, ou seja, Simão Pedro filho de Jonas. Era, e, de certa forma, ainda é um costume entre os judeus utilizar o patrônimo, indicando a linhagem da família. Pois bem, Jesus disse, ainda: "... tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja."  De fato, o significado desta afirmação é o seguinte: "... tu és um pedregulho ou uma pedrinha e sobre esta rocha, que sou eu, edificarei a minha Igreja de pedrinhas como tu." Isto porque, no texto original são utilizadas as palavras "...su ei Petros, kai epi taute té petra oikodoméso mou tén ekklésia..." Então, se era sobre esta rocha, pois "petra" é, neste  contexto, rocha e não pedrinha, era sobre Ele, Cristo, que a Igreja seria edificada e não sobre Pedro como pretendem alguns segmentos da religião nominal e dominante. O pronome "esta" utilizado deixa claro que o sujeito a que se refere é Cristo e não Pedro. As Escrituras mostram que a Rocha Eterna é Cristo e não um homem qualquer conforme Is. 26:4 - "Confiai sempre no Senhor; porque o Senhor Deus é uma rocha eterna." Uma pedrinha não pode sustentar algo maior do que ela, mas uma rocha firme pode sustentar todas as pedrinhas sobre si.
Sola Scriptura!

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