julho 28, 2012

PROFUNDA DEI ET ALTITUDINES SATANAE VIII

Ec. 7:29 - "Eis que isto tão somente achei: que Deus fez o homem reto, mas os homens buscaram muitos artifícios."
Agostinho de Hipona, um dos precursores da Reforma, ao tratar da questão da relação criatura e Criador, registrado no documento "On Correction and Grace XXXIII" organizou a seguinte estrutura com base em diversos textos bíblicos:
Antes de pecar o homem tinha duas opções: 'posse peccare et posse non peccare', significando que a criatura possuía plena liberdade de escolha, pois poderia pecar ou não pecar. 
Após pecar o homem passou a ter apenas uma opção: 'non posse non peccare', significando, que, uma vez contaminado pela natureza pecaminosa, possuía apenas inclinação para pecar.
Após a regeneração, o homem tem a possibilidade de não pecar 'posse non peccare'. Entretanto, se pecar a graça anula o pecado, porque já foi justificado.
Na restauração final, o homem ganhará o último e mais elevado estágio que é 'non posse peccare'. Indicando que não haverá mais a natureza pecaminosa na criatura, portanto não haverá mais a capacidade para pecar.
Considerando a estrutura apresentada por Agostinho, como também, a exegese da carta de Paulo aos Romanos, pode-se concluir, então, que há quatro estágios no processo espiritual do homem:
1° estágio - antes da lei moral, o homem vivia à margem de qualquer juízo sobre o seu próprio pecado, mas ele já havia sido instalado na natureza humana. O decreto eterno de Deus sobre o pecado foi executado com a morte, pois '... no dia em que dele comeres certamente morrerás." Tal morte, não é apenas a morte física, mas também a morte espiritual, ou seja, a separação do espirito do homem em relação a Deus. Tal condição está formulado em Rm. 2:12 - "Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão."
2° estágio - com o advento da lei moral, o homem ficou consciente da sua condição pecaminosa e percebeu-se escravo do pecado. Isto é registrado em Rm. 5:20a - "Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa abundasse." E em Jo. 8:34 "Replicou-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado." Nesta fase, o pecador descobre a culpa do pecado.
3° estágio - com o advento da graça, o homem recebe vivificação para desenvolver a santidade de Cristo, tendo sido redimido e libertado da culpa do pecado. O pecador regenerado vive na fé do Justo, que é Cristo. Nesta fase, o pecador regenerado está sendo liberto da influência do pecado. Assim, fica estabelecida a graça em Rm. 5:20b - "... mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça." 
4° estágio - na ressurreição final o pecado terá sido banido definitivamente do homem conforme I Co. 15:54 - "Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrito: tragada foi a morte na vitória." Nesta fase o pecador terá sido liberto da presença do pecado.
O texto de abertura registra uma das profundezas de Deus, pois fica esclarecido que o Criador fez o homem em retidão, portanto, ele era reto. Entretanto, por escolha própria, a criatura optou pelo pecado denominado original, e, consequentemente, se meteu em muitas astúcias. Embora grande parte dos religiosos imagine que o pecado consiste apenas em cometer atos moralmente falhos, na verdade, o pecado que desligou o homem da comunhão com Deus foi a incredulidade. Observa-se, que, Deus disse ao primeiro homem: "... mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás." Satanás, incorporado na serpente, contrariamente, disse: "... disse a serpente à mulher: certamente não morrereis." Embora isto tenha sido dito à primeira mulher, ela o transmitiu ao homem que acatou tal informação como verdadeira, desprezando o decreto eterno de Deus. Tal atitude se constituiu em pecado, sendo isto confirmado por Jesus, o Cristo "... do pecado, porque não creem em mim."
Há grande diferença quando as Escrituras se referem ao pecado e aos pecados. O pecado que separou o homem de Deus, tornando-o decaído e absolutamente corrompido é a incredulidade na Palavra d'Ele. Foi assim, no caso do primeiro homem, e continua sendo em relação a todos os homens, pois "... portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." Esta morte a que alude o texto, não é, necessariamente apenas a morte física, mas a separação espiritual do homem em relação a Deus, por isso, o texto sagrado utiliza a palavra 'thanatos'. A solução a esta questão, foi providenciada antes dos tempos eternos por Deus através de Cristo, pois "... porque, assim como por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados. Cada um, porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda."
Estes são os fundamentos das profundezas de Deus aos seus eleitos e regenerados. Esta é, pois, a essência do evangelho verdadeiro. Nada tem a ver com este evangelicalismo especulativo e humanista que é apresentado pelas religiões. Entretanto, as profundezas de Satanás apresentam outras alternativas mais atraentes aos que estão mortos espiritualmente. Negam todas estas verdades, colocando-as ao nível de lendas e mitos. Substituem a verdade que retira o brilho da vaidade humana, pelas profundezas de Satanás. Estas apresentam um programa mais fundamentado no esforço, nas obras de justiça, nos méritos. Portanto, tais escolhas levam milhões de pessoas a colocarem suas esperanças  apenas na humanidade. Neste ponto prevalece o que as Escrituras afirma em Jr. 17:5 - "Assim diz o Senhor: maldito o varão que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!"
Sola Gratia!

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