julho 10, 2012

A DIFERENÇA ENTRE OS DONS ESPIRITUAIS E AS HABILIDADES ALMÁTICAS VIII

Hb. 11: 1 a 3 - "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem. Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho. Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê."
A fé é obrigatoriamente um dom, porque ninguém possui fé naturalmente considerando o inteiro teor de Rm. 3: 10 e 11 - "... como está escrito: não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus." Alguns inadvertidamente atribui a si mesmos ou a outrem a propriedade da fé. Aqui ou ali ouve-se alguém dizer: fulano de tal tem muita fé! Beltrano é uma pessoa de fé! Sicrano é um homem ou uma mulher de fé! Desta forma, os mitos e os clichês se vão proliferando e assumindo papel de verdades aceitas e enunciadas como se verídicas fossem. Entretanto, e a despeito de tantos com tanta fé, o mundo vai de mal a pior moral e espiritualmente. Na verdade, o ensino escriturístico vai de encontro a estas perspectivas ativistas conforme Mt. 17:20 - "Disse-lhes ele: por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível." Em toda a história da Igreja, não se viu nenhum monte passando pelo céu de um lado para outro. Um grão de mostarda é extremamente diminuto, assemelhando-se a grãos de areia, logo, o desafio de ter fé natural é muito reduzido ao homem. A fé verdadeira é um dom, o que passa disto é misticismo barato, que, em certos casos e circunstâncias, funciona para o homem natural, pois lhe satisfaz os desejos almáticos. Não se pode confundir força mental, pesamento obsessivo e desejos com fé a genuína.
Viu-se, numa destas postagens de redes sociais, algo publicado pela ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos - em forma de um quadro demonstrativo-comparativo, os índices de ateus em alguns países e o nível de bem-estar e de contentamento neles. Os índices de ateísmo são superiores a 70% em países como Dinamarca, Finlândia, Suécia e Japão. Em contrapartida, nestes países, os índices de violência, miséria, pobreza e descontentamento em geral são baixíssimos. No contraponto, mostraram os índices de religiosos e de sofrimento, dor e mal-estar no Brasil, tendo ambos, valores acima de 85%. Resumo da ópera, segundo a ATEA: quanto mais se crê em Deus  ou se dedica a uma religião, maiores os níveis de miserabilidade e sofrimento. No site da ATEA há diversos artigos e banners comparativos. Um deles chama atenção pela simplicidade e pela força argumentativa: colocaram lado a lado uma foto de Charles Chaplin e outra de Adolf Hitler. No lado de Chaplin escreveram no rodapé "não acredita em Deus"; no lado de Hitler escreveram "acredita em Deus". Ora, todos sabem o perfil de ambos perante a a história. Chaplin, um humanista nato. Hitler um assassino e etnocida nato! Os que assim veem o mundo, veem-no pelas lentes maniqueístas do bem e do mal. Todavia, bem e mal são meros conceitos morais relativos e não absolutos no tempo e no espaço. O que é absolutamente tido como o bem em uma cultura, pode ser absolutamente o mal em outra cultura. Bem e mal neste caso é uma questão relativa.
Entretanto, cada um expressa o que pensa acerca de assuntos desta natureza. Todavia, nem sempre o que se expressa encontra correspondência na verdade espiritual ou epistemológica. Primeiramente, comparar alguém que pertence a uma religião a outro que não pertence a nenhuma religião não é um princípio muito sábio, pois a religião nada tem a ver com Deus. É subproduto da própria vaidade humana ao querer tornar o homem um 'deus'. Portanto, há maior probabilidade de um religioso ser, de fato, ateu, que um ateu permanecer sem crer em Deus a vida toda. É como o próprio termo afirma: 'religião', ou seja, tentativa humana de religação a Deus. Não há absolutamente nenhuma indicação da ação monergística na religião ou na religiosidade humana. Assim, os percentuais de bem-estar onde predominam ateus, e os baixos índices de felicidade, bem-estar e realizações pessoais onde predominam religiosos, não provam, nem que Deus é real, nem que Deus é irreal e dispensável. Provam apenas o que o homem é, independentemente da fé.
Jd. 3b - "... exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos." O texto mostra que a fé foi entregue de uma vez para sempre, mas apenas aos santificados. Até porque, a fé não é de todos conforme II Ts. 3:2b - "... porque a fé não é de todos." No texto original neotestamentário a palavra fé é 'pistis' e pode significar, tanto o dom de Deus para alguém crer, como o caminhar segundo o evangelho de Cristo. Tal caminhar não é necessariamente uma questão de moralidade, mas de crer no evangelho como o poder de Deus para todo aquele que crê. Rm. 12:3c - "... conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um." Vê-se que a fé possui uma medida e que tal medida é dada por Deus a cada um individualmente. É Deus quem reparte e concede a fé verdadeira por meio do Espírito Santo conforme I Co. 12:9b - "... a outro, pelo mesmo Espírito, a fé." Não há diferentes tipos de fé, como pretendem alguns, mas a fé é um dom de Deus para o que for útil ao Reino de Cristo e à Glória d'Ele. 
Os homens possuem naturalmente apenas esperança ou expectativa com base em seus desejos almáticos. Como tais desejos é que os movem no sentido de obter benefícios, vitórias e garantias, eles imaginam que seja a fé. A fé humana é inconstante e momentânea, na medida em que se consegue ou não o que se deseja.  A fé espiritual é ver o invisível e pisar no inexistente. Logo, nenhum homem natural é capaz de possuir ou desenvolver esta natureza de fé. Por esta razão é que é um dom e não uma habilidade humana produzida pelos poderes latentes da alma. Todavia, aos nascidos de Deus é dada a fé, seja para a realização das obras de Deus, seja para o aperfeiçoamento dos eleitos na produção da santidade de Cristo neles. 
Hb. 4:2 - "Porque também a nós foram pregadas as boas novas, assim como a eles; mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não chegou a ser unida com a fé, naqueles que a ouviram." As boas novas, a saber, o evangelho é pregado aos homens, porém, se a Palavra de Deus não for unida à fé, para nada aproveita-se. Isto porque, a fé vem pelo ouvir, e o  ouvir da Palavra de Cristo conforme Rm. 10:17 - "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." Este texto confirma o fato que a fé é dádiva divina e não habilidade humana, pois é a palavra da verdade que produz a fé verdadeira e espiritual. Um claro exemplo de fé verdadeira no que diz Cristo é o episódio da travessia do Mar de Tiberíades. Jesus entrou no barco e disse aos discípulos: passemos para a outra banda. No percurso sobreveio uma tempestade e um vendaval enquanto o Mestre dormia. Os discípulos, desesperados e faltos de fé disseram: "mestre, não se te dá que morramos, como podes assim dormir?" Ao que Cristo se ergueu e ordenou à tempestade que cessasse e ao mar que se acalmasse. Ele disse aos discípulos: "...homens de pequena fé." Ora, o que o Cristo afirmou é que os discípulos não haviam crido no que Ele houvera dito antes: "passemos para a outra banda." Quando Deus diz algo, aconteça o que acontecer, é exatamente o que Ele diz que ocorre. A fé humana é com base em circunstâncias, mas a fé de Deus é com base na Sua Palavra.
Sola Fidei!

Um comentário:

Anônimo disse...

Amado, graças a Deus entendemos da mesma forma. Deus lhe abençoe. Caso deseje, me envie email para rochaservo@yahoo.com.br