II Co. 5: 14 a 19 - "Pois o amor de Cristo nos constrange, porque julgamos assim: se um morreu por todos, logo todos morreram; e ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Por isso daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos desse modo. Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação."
Os cognominados "meios-evangelhos" são aqueles cuja essência da mensagem é um misto de verdades e mentiras. Entretanto, pelo crivo das Escrituras, meias-verdades são mentiras completas. Ou é sim, ou é não, e o que passa disso tem procedência maligna. Neste sentido há muitos pregadores afirmando sobre a necessidade do "novo nascimento", mas jamais anunciam a antecedente realidade da morte compartilhada em Cristo. Estes teólogos de alcovas, conseguem maior milagre que aquele operado pelo próprio Jesus, pois conseguem fazer alguém "nascer de novo", sem que o tal tenha crido que morreu n'Ele primeiro. Ora, é dito em Jo. 3:3 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." A expressão "... nascer de novo" é uma tradução livre da expressão no grego koinê "gennethê anôthen", ou seja, "nascer do alto". Fica evidente, então, que se trata de um nascimento sobrenatural, e não como entendeu Nicodemos, que o homem entraria novamente no ventre de sua mãe para nascer de novo.
Assim como o "novo nascimento" é um fato sobrenatural, a morte compartilhada em Cristo é também sobrenatural, como diz o texto de abertura: "... se um morreu por todos, logo todos morreram." O compartilhamento da morte de Cristo consiste no fato que Ele não morreu sozinho na cruz. Quando Ele foi levantado no madeiro sem pecado, atraiu os todos pecadores eleitos antes da fundação do mundo a si, para, n'Ele, destruir a culpa dos seus pecados conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Desta maneira Jesus, o homem histórico, substituiu o pecador fisicamente, enquanto o Cristo filho unigênito de Deus, o substituiu espiritualmente. É isto que é a morte substitutiva e inclusiva do pecador na morte concreta e histórica de Jesus, o Cristo. Consequentemente, na ressurreição, o novo nascido ganha a vida eterna de Cristo.
Esta é a razão do ensino enfático do apóstolo Paulo: "... se alguém está em Cristo, nova criatura é." O verbo ser está no presente contínuo, ou seja, é nova criatura sempre. Neste texto, em seu original grego, a expressão "nova criatura" é, de fato, "nova geração" ou "gegonen kainá". Isto implica em que, no "novo nascimento" sobrenatural operado pela ação monérgica de Deus houve uma geração de um novo homem reconciliado com Ele mesmo por meio da morte compartilhada do Seu Filho Unigênito. A expressão paulina "... Por isso daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne... " demonstra que a visão do nascido do alto passa a ser espiritualizada e não mais materializada. Entendendo que a carne foi mortificada com seus feitos na cruz, a visão do novo nascido, nada tem mais a ver com carnalidade. Todo este processo elaborado pela sabedoria divina a fim de debelar de vez o pecado é apropriado por fé. Não se trata de aniquilação da personalidade, como os cegos imaginam. Também, não significa impecabilidade como os inimigos da cruz afirmam, pois quanto a cometer atos pecaminosos, o novo homem continua sujeito, embora não sinta mais prazer nisso. O pecado que separava o pecador de Deus foi, de fato, aniquilado na cruz conforme Hb. 9:26 - "... doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Todavia, este é o pecado da incredulidade que matou, isto é, separou o espírito do homem do Espírito de Deus. Enquanto o homem, ainda que regenerado, permanecer com a natureza terrena, haverá a possibilidade de pecar enquanto atos falhos. A nava criatura é um estado de fé concedida ao pecador por graça e misericórdia. Nada tem a ver com justiça própria e méritos como se supõe nas religiões humanistas.
Sola Scriptura!