Is. 8: 19 e 20 - "Quando vos disserem: consultai os que têm espíritos familiares e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? acaso a favor dos vivos consultará os mortos? A Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva."
A feitiçaria é produzida pelo homem, sendo, portanto, um fenômeno almático e não por divindades ou demônios diretamente, como se supõe. I Sm. 15:23 - "Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e o culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei." Toda atitude de rebelar-se contra a palavra de Deus leva à feitiçaria. Está relacionada a sortilégios, encantamentos, bruxarias e ocultismo, as quais são soluções fora das Escrituras. A tradução grega da Septuaginta diz deste mesmo versículo: "Porque a adivinhação é pecado e a consulta ao terafim causa tristeza e angústia." Isto explica a origem dos males esquizofrênicos e hipocondríacos que atacavam o rei Saul, visto que este texto está no contexto da rejeição de Deus a ele.
Estes terafins são uma casta de anjos caídos responsáveis por alimentar crendices, superstições e falsa fé, procurando levar suas vítimas para uma completa cegueira espiritual. Ainda que a pessoa acredite que é algo bom e construtivo, na verdade, aí é que está o perigo, pois Cristo disse que ninguém é bom, salvo o Pai que está no céu. Querer ser bom, fazer o bem ou corrigir o mal da humanidade sem que o homem seja regenerado pelo novo nascimento, não funciona, porque está fundamentado em justiça e méritos próprios. O homem decaído não possui justiça e mérito perante Deus. A graça d'Ele é que o regenera e o põe para praticar as boas obras que são de Deus, e não do homem.
Em Jz. 17: 5 e 6 se vê um fanático religioso, tentando estabelecer culto doméstico por conta própria, utilizando estes terafins, ou seja, espíritos ou deuses familiares: "Ora, tinha este homem, Mica, uma casa de deuses; e fez um éfode e terafins, e consagrou um de seus filhos, que lhe serviu de sacerdote. Naqueles dias não havia rei em Israel; cada qual fazia o que parecia bem aos seus olhos." Percebe-se o desespero do homem cego espiritualmente e a intensa busca por luz própria à revelia da verdade. Assim tem sido nos dias atuais também, quando milhões de pessoas seguem doutrinas e práticas espiritistas acreditando que está tendo contato com seres iluminados e superiores. Na verdade estão se comunicando com seres espirituais caídos que se passam por seres iluminados e do bem. Estas pessoas repetem o mesmo erro dos antigos, sendo enganados e enganando milhões de outras pessoas. Geralmente, pessoas ligadas a tais práticas são sempre inconstantes, infelizes e repletos de problemas pessoais. Não vivem na plena graça e na dependência de Deus. Suas vidas são cíclicas, ora estão muito felizes, ora estão deprimidos.
Os terafins eram estes espíritos familiares mencionados no texto de abertura. São na verdade uma categoria de anjos caídos que se passam por anjos da guarda, por espírito de parentes mortos. Na medida em que uma pessoa busca estes espíritos familiares, tais anjos caídos assumem a forma, a voz e fala coisas que só o falecido sabia para impressionar e convencer o consulente que de fato é o morto quem fala. No texto que está em tela a consulta do rei Saul à pitonisa de En-Dor a palavra utilizada por ela ao ver o espírito subindo da terra foi terafim, e que foi traduzida como 'um deus'.
Não existe comunicabilidade entre os homens vivos e os homens já falecidos. Isto fica claríssimo em Lc. 16:22 a 31 - "Veio a morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico, e foi sepultado. No inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e a Lázaro no seu seio. E disse: pai Abraão, tem misericórdia de mim, e envia-me a Lázaro, para que molhe na água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: filho, lembra-te de que em tua vida recebeste os teus bens, e Lázaro de igual modo os males; agora, porém, ele aqui é consolado, e tu atormentado. E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem os que lá passar para nós. Disse ele então: rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham eles também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Respondeu ele: não! pai Abraão, mas, se alguém dentre os mortos for ter com eles, hão de se arrepender. Abraão, porém, lhe disse: se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos."
No verbete do dicionário virtual wikipedia sobre espiritualismo diz: "É um conjunto de doutrinas que consideram o homem um espírito imortal que alterna experiências nos mundos material e espiritual, de acordo com a doutrina da reencarnação, com o objetivo de evoluir, tanto moral quanto intelectualmente, rumo a Deus. Considera também a comunicabilidade entre os vivos e os mortos, geralmente por meio de um médium, ou seja, de um mediador."
Acerca destes ensinos e de outros derivados dele, tratar-se-á em outro artigo. Entretanto, o texto de Lucas 16 deixa clara a impossibilidade de comunicabilidade entre vivos e mortos. Sabe-se que os que defendem tais ensinos encontram explicações para todas estas passagens, porque, quando se quer afirmar uma coisa, ainda que errada, se consegue torcer, contorcer e retorcer a verdade em benefício da mentira.
Sola Gratia!
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