Nm. 14:11 - "Disse então o Senhor a Moisés: até quando me desprezará este povo e até quando não crerá em mim, apesar de todos os sinais que tenho feito no meio dele?" Crer é a operacionalização da fé, pois são verbos intercambiáveis em suas significações. Este único versículo retirado do contexto que retrata o envio dos espias a uma averiguação da terra de Canaã, onde Deus iria introduzir o povo de Israel, para dele, fazer uma nação numerosa é suficiente a uma abordagem completa sobre a fé. Hoje, esta terra é chamada de Palestina, e se tornou palco de inumeráveis conflitos ao longo da história, projetando-se para o mundo como um contra-senso das promessas divinas. Esta aparente contradição, se dá pelo fato de haver outras profecias no "supremo propósito" de Deus. Quando a cortina do Eterno se fechar no último capítulo da história escrita por Ele antes dos tempos eternos, tudo se encaixará e o mundo ficará perplexo. Céticos, ateus e incrédulos de todo gênero emudecerão diante do trono do Altíssimo.
Depreende do texto que abre este estudo, a verdade inteira que, de fato, a fé não pode ser circunstanciada, ou circunstancial. Enquanto ela for uma propositura que parte do homem em seu estado de degeneração, não operará, e, muito menos, produzirá os efeitos espirituais que se esperam da religião. A pergunta divina, no texto em tela, é puramente retórica visto que Deus é onisciente. Obviamente, Ele sabia precisamente porque o povo o desprezava, e não criam-no. A questão é que crer decorre da fé operada e operacionalizada por Deus e não das expectativas humanas. Deus está colocando em evidência o fato que estes israelitas haviam presenciado inumeráveis sinais ao longo da libertação e travessia do Egito à Canaã. Ainda assim, não podiam crer incondicionalmente, porque possuíam uma mente escravizada. Por esta razão é que Jesus, o Cristo fala aos discípulos: "se eu vos libertar, verdadeiramente sereis livres." A simples presunção de liberdade produzida por fatos circunstanciais, não implica em libertação e liberdade espiritual.
Hoje, o que prevalece no seio da religião humana horizontalizada é a busca frenética pelos sinais que se operaram no passado. Alguns religiosos se dão a longos jejuns, meditações e sacrifícios para obter poder para operar tais maravilhas. Iludem-se e iludem aos pobres pecadores que os seguem no desespero de ver suas carências e necessidades resolvidas. Os sinais criam, de fato, uma expectativa de que existe algo sobrenatural, que Deus existe e que é possível obter o benefício de que tanto anseiam. É nesse ponto que surgem diversos complicadores: os ilusionistas se aproveitam dessa situação para extrair riquezas, submissão, obediência e sacrifícios desumanos. Cria-se nesta instância um hiato insolúvel, porque nem os líderes podem, nem os liderados conseguem desfazer de suas ânsias causadas pela natureza pecaminosa. O resultado disto tudo produz duas atitudes: fanatismo religioso e ateísmo por falta de fé.
Aqueles israelitas se achavam entre as possibilidades de conquistar uma terra prometida e rica e retornar à situação anterior como escravos no Egito. Entretanto, o que lhes faltava era a graça da fé, porque se Deus os havia prometido, certamente Ele os introduziria na terra da promessa.
Deste contexto é que Deus enviou doze homens a avaliar e averiguar a terra prometida. Neste afã, se mostraram os que ganharam fé e os que se fixariam apenas nas evidências circunstanciais. Dos doze, apenas dois, Josué e Calebe deram um relatório de fé. Os demais foram extremamente pessimistas acerca das possibilidades de conquista. Neste sentido, fica provada a ausência de fé neles, porque Deus o havia assegurado. Então, pela lógica todos deveriam ter crido. Por isso, as Escrituras dizem que a fé não é de todos.
O resultado dessa situação foi que Deus decidiu não deixar que os incrédulos entrassem na terra da promessa conforme os versos 22 e 23 - "...nenhum de todos os homens que viram a minha glória e os sinais que fiz no Egito e no deserto, e todavia me tentaram estas dez vezes, não obedecendo à minha voz, nenhum deles verá a terra que com juramento prometi a seus pais; nenhum daqueles que me desprezaram a verá." Moisés intercedeu pelo povo, suplicando a misericórdia de Deus para com as suas transgressões. A disciplina foi andar em círculos pelo deserto até completar o tempo estabelecido. Assim, apenas os dois espias que creram na promessa e as pessoas de vinte anos para baixo entraram em Canaã.
Pela incredulidade do povo, a congregação de Israel esteve à beira da fronteira da terra prometida, mas não entrou. Ao contrário, perambulou pelo deserto por quarenta anos até que todos os rebeldes faleceram. Por isso Jesus, o Cristo diz em Jo. 3:3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus."
Não vê e não entra!!!
Sola Fide!
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