Jó 42: 1 a 6 - "Então respondeu Jó ao Senhor: bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este que sem conhecimento obscurece o conselho? por isso falei do que não entendia; coisas que para mim eram demasiado maravilhosas, e que eu não conhecia. Ouve, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me responderas. Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos. Pelo que me abomino, e me arrependo no pó e na cinza." Depois que Deus arguiu Jó, mostrando-lhe o seu real lugar como criatura decaída e dotada de uma natureza pecaminosa, ainda que moralmente elogiado, ele então conseguiu dar a resposta correta ao Senhor.
Jó reconheceu, porque conheceu, a onipotência de Deus; igualmente conheceu e reconheceu a soberania de Deus; Jó se viu na sua real perspectiva, ou seja, apenas um homem reto, íntegro, temente e que se desviava do mal, porém sem o verdadeiro conhecimento do Altíssimo. Há profunda diferença entre conhecer acerca de Deus e conhecê-Lo de fato como Deus. É Ele mesmo que se dá a conhecer conforme Mt. 11:27 - "... e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar." O homem não regenerado não possui a menor inclinação para Deus conforme Rm. 3: 10 a 12 - "... como está escrito: Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." Entretanto, o homem em todos os tempos e lugares é naturalmente um ser religioso, porém religião não salva.
A falta de conhecimento do Senhor é o que demonstra o estado de decadência e separação espiritual do homem. Os eleitos e regenerados recebem por misericórdia e graça a mente de Cristo conforme I Co. 2:16 - "Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo." A presunção de conhecimento de Deus é comum entre homens naturais, pois presumem ser professores d'Ele, e, portanto, Jó não foi exceção a esta regra. Jó falou apenas do que se lhe apresentava à percepção humana, mas não do que de fato compreendia pelo seu espírito. Esta competência é possível apenas por meio do Espírito de Deus nos eleitos e regenerados. Conhecer leis naturais e saber explicá-las não implica em conhecimento espiritual. Há muitos ateus que possuem excelente conhecimento natural, porém não passa de ciência.
Jó, como muitos homens de excelente caráter, possuía apenas um conhecimento de segunda mão. Conhecia pelo que ouvira falar, então, era um conhecimento de segunda mão. Desta categoria de conhecimento o mundo está repleto, porque as religiões são meras reprodutoras de doutrinas, preceitos, dogmas, regras e normas elaboradas para reformar moralmente a sociedade. Querem concertar o homem para obter uma melhora no mundo. Entretanto, a verdade de Deus quer mais do que isto, quer fazer uma nova criatura conforme II Co. 5: 17 - "
Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." Porém, operou-se e operacionalizou-se em Jó o milagre do nascimento do alto ou da regeneração segundo a ação monérgica de Deus. Agora ele via com os próprios olhos ao Senhor. De fato, quem não nascer do alto, não vê e não entra no domínio espiritual conforme Jo. 3: 3, 5 e 6 - "Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito." Então, nascimento espiritual é obra de Deus, enquanto nascimento biológico é obra de leis naturais preordenadas por Deus.
O resultado do nascimento do alto é o homem, ainda que ético, se reconhecer abominável e arrependido até o pó e à cinza. Isto equivale dizer que o homem iluminado pela graça se vê e se reconhece na sua real posição e na sua real relação com Deus. A partir daí, sim, Deus inicia o processo de desconstrução do homem natural e de reconstrução da semelhança de Cristo no novo nascido.
Seja Deus engrandecido e adorado em espírito e em verdade eternamente.
Amém!
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