abril 03, 2010

A SÍNDROME DE JÓ XXIV


Jó 41: 33 - "Na terra não há coisa que se lhe possa comparar; pois foi feito para estar sem pavor." O capítulo 41 do livro de Jó traz uma longa descrição das características do crocodilo [heb.לויתן] 'leviathan', cuja tradução é 'monstro marinho'. Ao longo de todo o capítulo Deus tece comparações à força do crocodilo e a insignificância dos esforços humanos em querer dominá-lo. É uma referência a uma espécie de crocodilo marinho, que alguns supõem ter sido extinto.
Deus mostra que o homem sequer possui destreza para compreender a natureza por Ele criada e sustentada, quanto mais para discutir ou arguir com Ele em um debate. No texto são revelados ricos detalhes da natureza e habilidade deste animal, como em alguns capítulos anteriores, de outros animais. Tais riquezas e características diversificadas mostram claramente a eterna sabedoria divina. Desta forma a conclusão é que o homem deve se submeter à soberana vontade de Deus, como parte de uma criação pensada e controlada por Ele. O homem sempre se põe acima da criação e à parte dela como se fosse o seu criador. Despreza a soberania e o eterno desígnio de Deus que tudo fez, tudo controla sem que nada e ninguém lhe escape por um só segundo que seja.
Aplica-se neste texto o princípio moral: se a criatura é por si mesma complexa e perfeita, quanto mais o Criador que é bendito eternamente conforme Rm. 1:25 - "... pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém." Deus se basta a Si mesmo, não necessitando de nada que venha do homem ou de qualquer outra criatura. Deus, ao fazer qualquer concessão no universo, não perde absolutamente nada, porque Ele É. Assim, nenhum homem, por mais reto, íntegro, temente e que se desvie do mal, como era o caso de Jó, poderá exigir absolutamente nada d'Ele. Contrariamente, o homem deve proceder como aconselha Paulo em I Ts. 5:18 - "Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." O cético, indaga, então, devemos dar graças mesmo nos momentos ruins? Sim, mesmo nos piores momentos, pois se alguém admite que Deus de fato é soberano, justo, amoroso, perfeito e tudo o mais, é perfeitamente admissível que Ele esteja controlando tudo e não apenas o que interessa ao homem decaído e absolutamente depravado em sua natureza.
Toda a fala de Deus nos últimos capítulos de Jó foi determinada pela arrogância deste em se achar merecedor de uma sorte melhor. Colocou-se na posição de vítima de Deus, impingindo injustiça aos atos d'Ele e justiça ao seu estilo de vida puramente religioso. Jó alegou, inclusive, que sua mente não o reprovava por nenhum dos seus dias conforme capítulo 27:6 - "À minha justiça me apegarei e não a largarei; o meu coração não reprova dia algum da minha vida." Entretanto, Deus em nenhum momento e sob nenhuma circunstância atribui a Jó justiça. Logo, ele falava de sua justiça própria. O conceito de justiça do homem é de caráter forense e não se aplica à Justiça de Deus que é, em suma, Cristo. Foi em Cristo que a injustiça do pecado foi anulada em sua morte de cruz e não em atos humanos.
Rm. 5:1 e 2 - "Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus." Justificados é uma classe gramatical que implica em um objeto que tornou-se justo pela ação de um sujeito que o justificou. Então, mediante a fé, que é dom de Deus, os eleitos são tornados justos em Cristo Jesus, porque apenas Ele é Justo. Ser Justo não é acidental, mas essencial, ou seja, Ele não tem apenas justiça, mas Ele mesmo é a Justiça. A partir desse ponto o eleito e regenerado obtém acesso pela fé à graça que o mantém na perseverança santa.



A Cristo, o Justo, Honra, Força e Majestade!

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