abril 18, 2009

TEOLOGIA REFORMADA x TEOLOGIA DEFORMADA X

Is. 48:16 a 18 - "Chegai-vos a mim, ouvi isto: não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que aquilo se fez eu estava ali, e agora o Senhor Deus me enviou a mim, e o seu Espírito. Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: eu sou o Senhor teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar. Ah! se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos, então seria a tua paz como o rio, e a tua justiça como as ondas do mar!"
Chegar-se a Deus não é prerrogativa sinergística do homem. É graça oferecida por Ele sem o concurso da justiça e dos méritos humanos. Esta não é uma mera postulação fortuita, mas uma conclusão referendada nas Escrituras conforme Rm. 3: 10 a 12 - "Como está escrito: não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." Achegam-se a Deus aqueles a quem Ele mesmo convoca. É Ele o Senhor, o Redentor e o Santo, logo quem poderá resisti-lo? A graça de Deus é de fato irresistível, porque a salvação provém dela. É Ele quem ensina o que é útil e quem guia o pecador pelo caminho a que deve andar em conformidade com Ef. 2:8 e 9. É Ele quem opera, tanto o querer, como o efetuar segundo o Seu beneplácito e não segundo os méritos do homem. Muitos estimam, por pura presunção, que podem optar livremente a ir até Jesus e o aceitar. As Escrituras não endossam isto, visto que quem conduz o pecador até Cristo é o próprio Deus conforme Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." Não é uma questão de querer ou não querer, mas sim de não poder.
O caminho de Deus é Cristo conforme Jo. 14:6 - "Disse-lhe Jesus: eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." Caminho é uma palavra que, em língua portuguesa significa  pode ter como sinônimo o tremo método. Assim, Deus tem apenas um método para justificar o pecador da injustiça do pecado herdado de Adão, a saber, sua inclusão na morte de Cristo. Não há outra forma ou mesmo fórmula para o pecador se redimir, pois ninguém se redime por si só, mas é redimido por um redentor acima dele e superior a ele em qualidade espiritual, justiça e méritos. Da mesma forma, porque ninguém pode operar-se, mas sim que será operado por um médico cirurgião, o pecador não pode salvar-se sem o concurso de um salvador. Na norma inculta e coloquial se diz comumente: "eu me operei", mas é algo fora do normal alguém tomar do bisturi e realizar uma auto-cirurgia.
É deste contexto de impossibilidade do homem e graciosidade de Deus que emerge, tanto as religiões humanistas e desvinculadas da verdade, como a semente que serve ao Senhor de geração em geração. Neste afã é que surgiu o pelagianismo retratado no artigo anterior, como tantos outros artifícios da teologia deformada ao longo da história da Igreja.
O Semipelagianismo é uma teologia deformada que retrata especialmente da salvação. Ensina que o ser humano é salvo exclusivamente por Deus mediante a graça, mas que a salvação partiria primeiramente da inciativa e da boa vontade no coração do homem para com Deus. Isto é, o homem precisa dar o primeiro passo em direção a Deus e então Deus irá completar o processo da salvação do homem. Esta falsa teologia foi considerada herética no II Concílio de Orange em 529 d. C. É a necessidade de gratificação da alma que leva o homem à falsa teologia deformada. Parte do presumido "livre arbítrio" para justificar sua importantíssima participação no processo da salvação. Entretanto, as Escrituras não dão em nenhuma instância o suporte a esta suposição.
Em que aspecto o semipelagianismo está deformando a verdade? No ponto em que coloca o homem decaído e absolutamente depravado espiritualmente como cooperador com Deus na sua própria salvação. Para isto, invoca a falsa teoria do "livre arbítrio", pois sem este artifício, o semipelagianismo fica esvaziado de significação e esvaído sentido. Ora, como poderia o homem escravizado pelo pecado ser livre e ter capacidade de estabelecer arbítrio? Jesus afirma no evangelho de João que aquele que comete pecado é escravo do pecado. Isto indica que, os atos pecaminosos decorrem de uma natureza pecaminosa ou corrompida pelo pecado, mantendo o homem escravizado por natureza e por prática. Todas as heresias surgem da má compreensão do que é o pecado e do que são os atos pecaminosos. Também do que é salvação e do que é falsa autonomia humana no pecado. A liberdade de escolhas morais é confundida com "livre arbítrio".
Desenvolvendo uma atenção mais acurada nas atuais religiões, percebe-se o quanto, tanto o pelagianismo, como o semipelagianismo estão vivos e ativos no seio das igrejas institucionais. Eles mencionam em suas declarações de princípios que Deus é soberano, que Cristo é o salvador, que a salvação é dom de Deus, entretanto, não abrem mão do fato de colocar o homem decaído como cooperador no processo da salvação. Sempre acrescentam à Cristo, mais alguma coisa. Cristo mais esforço, Cristo mais obras de justiça, Cristo mais boa vontade, Cristo mais sacrifícios, Cristo mais penitências, Cristo mais religião. A verdade das Escrituras não abre espaço para este tipo de teologia, que, aliás, sequer é teologia.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bem apresentada a questão da Soberania de Deus e da incapacidade humana. Como dizia Santo Agostinho, o atual estado humano resume-se na frase: "não posso não pecar".

Mas, como afirma o Senhor Jesus, o que para o Homem é impossível, para Deus é possível.