
Logo nos primeiros anos do cristianismo apareceram inumeráveis propostas e teses tentando trazer para o seio da Igreja as ideias pré-socráticas sobre cosmogonia e as teses platônicas sobre a imortalidade da alma. Tais teses têm se perpetuado até os dias de hoje, passando pelo neoplatonismo e pós-kantismo. Na teologia deformada, contemporânea não faltam os teólogos que tentam ingloriamente conciliar o Marxismo e o Cristianismo, como também o Existencialismo e Cristianismo.
A construção de pontes pseudo-teológicas tem uma única intencionalidade: permitir o livre trânsito entre as ideias secularistas e a teologia bíblica. Por esta razão as igrejas institucionais estão repletas de "crentes" incrédulos, ou cristãos que não conhecem Cristo. Esta teologia deformada é viciosa, porque, de um lado alimenta o pecado no homem, dando-lhe a sensação de que é possível ele mesmo produzir a sua salvação; de outro lado enaltece os líderes e pregadores como quem conseguirá solucionar a miséria humana sem passar pela morte de cruz em Cristo. Tornam, assim, o Cristianismo mais digerível e aceitável aos olhos de um mundo cada vez mais distante de Deus e mais focado no próprio homem. Neste sentido é que se reproduz o pensamento deformista do "homo mensura" de Protágoras que é uma replicação do "sereis como deuses" da serpente no Éden. O mito da influência, nas palavras de Robert Godfrey, se reproduz ao ponto de alguns teólogos de alcovas afirmarem sem temor algum que o Cristianismo tem o poder de sacralizar o que é secular.
A igreja institucional está na contramão da história, pois ao tentar ser cativante ao mundo é capturada e presa pelos padrões do próprio mundo. Entretanto, quando é chamada à encruzilhada, a igreja prefere se conciliar com os padrões do humanismo secular, a esvaziar-se dos conteúdos que causam repúdio aos incrédulos. Este é um acordo que contamina e empobrece a teologia reformada e a teologia bíblica, fazendo-as recair na vala comum do mundanismo. Não há um verdadeiro regenerado que vivesse em concílio com os padrões humanistas. Os profetas foram incansavelmente perseguidos e assassinados por não proferirem palavras de amenidades aos sistemas vigentes em seus tempos. Os apóstolos e discípulos estiveram profundamente engajados na controvérsia entre verdade e mentira, humanismo e cristianismo dos primeiros séculos da era cristã.
No mundo atual se percebe uma frágil tolerância a algumas igrejas, porque de certa forma estão comprometidas com o humanismo secular por uma questão de sobrevivência e de replicância desse sistema iníquo. Bastarão algumas discordâncias para que certas igrejas recaiam no obscurantismo e na mira do sistema. Percebem-se já alguns sinais desse conflito controverso no endurecimento de alguns governos e ideologias ressurgentes no mundo moderno e contemporâneo. Em diversos países as igrejas estão vendendo os seus templos por falta de membros.
O texto que abre este artigo dá todas as indicações das motivações e dos estímulos a esta situação aparentemente conciliada. O homem é pecador por natureza e não por atos apenas. Enquanto esta contradição não for extirpada de nada adianta cristianizar o secular, e, muito menos, secularizar o Cristianismo como se vê nestes tempos. Deus não se curva aos padrões do homem decaído como quem caiu na latrina e, ao sair, toma um pão e o oferece aos outros. Deus tem misericórdia e graça para com os que ele aprouve escrever os nomes no livro da vida do Cordeiro.
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