domingo, março 2

VIVER PARA QUEM E PARA QUE?

Rm. 14: 7 a 14 - "Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Pois, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, quer vivamos quer morramos, somos do Senhor. Porque foi para isto mesmo que Cristo morreu e tornou a viver, para ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Deus. Porque está escrito: por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua louvará a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Portanto não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao vosso irmão. Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que assim o considera; para esse é imundo."
Uma das maiores dificuldades do homem regenerado é manter-se em posição e em relação absoluta de dependência da graça de Deus. Há enorme dualidade, porque, de um lado, o nascido de Deus foi libertado da culpa do pecado, mas, de outro lado, ainda vive em um mundo sob a influência do pecado. A libertação que Cristo veio realizar, e realizou, abrange a aniquilação da culpa do pecado. Isto implica dizer que a morte espiritual que separava o homem decaído foi aniquilada na morte de Cristo conforme Hb. 9:26 - "... mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Foi um único  ato com efeito abrangente e eterno. Quanto a libertação da influência do pecado é um processo permanente ao longo da vida nesta esfera da existência conforme Pv. 4:18 - "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." O justo a que alude o texto não é justo segundo a sua própria justiça, mas aquele que foi justificado em Cristo. O que conta é a justiça de Cristo no regenerado e não seus atos de justiça própria. Há dois justos mencionados nas Escrituras: "o meu Justo", que é Cristo e os justos aos seus próprios olhos, como foi o caso de Jó. Os nascidos de Deus são justificados em Cristo!
O texto de abertura ensina sobre a razão de ser da vida dos eleitos e regenerados. Mostra que, uma vez redimido, o eleito não se pertence mais, pois quer viva, quer morra, vive e morre para o Senhor de suas vidas. A maioria dos religiosos vive uma dicotomia: em suas palavras declaram viver para Cristo, em seus atos insistem em dirigir suas vidas para si mesmos. Querem apenas usufruir das bênçãos oferecidas nas Escrituras. Recebem a doação, mas não recebem o doador. Buscam desenvolver uma espécie de santidade própria à revelia daquele que é o Santo. Isto ocorre, porque suas doutrinas são ensinos de homens e não das Escrituras. Não sabem, pelo espírito, que Deus não aceita o que é mal, mas também o que é o bem produzidos pela vontade do homem. Tudo  deve ser desconstruído para Cristo ser formado na nova criatura como diz II Co. 5:17 - "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." Para que tudo seja, de fato, novo a condição é "estar em Cristo." Um homem só está em Cristo quando recebe graça para crer que foi incluído em sua morte, como também na sua ressurreição. Tolo é o religioso que acredita que Jesus, o Cristo estava sozinho na cruz. O ensino é substitutivo, mas também inclusivo conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Jesus, foi levantado da Terra três vezes: na crucificação, na ressurreição e na ascensão. Neste texto fica claro que é na crucificação, pois especifica e tipifica a morte e não a ressurreição e a ascensão.
Muitas igrejas e seitas transformam o reino de Deus em questões puramente comportamentais. Definem como essencial o que a pessoa come, como se veste e o que faz ou deixa de fazer. Abandonam e desprezam o próprio Senhor Jesus e põem a ênfase em questões morais. O que adianta a um portador da natureza pecaminosa  abandonar atos e atitudes de imoralidade se não estiver em Cristo. As suas boas ações lhes servirão apenas para viver exteriormente bem, mas jamais poderão redimi-lo da maldição interior do pecado. Ao nascido do alto, entretanto, os seus atos  e atitudes corretos ou incorretos serão todos  passados pelo crivo da vida de Cristo que nele passa a habitar. Para os regenerados em Cristo,  o que conta é o que Cristo é neles e não o que eles fazem ou deixam de fazer por si mesmos. Nos redimidos, é a vida de Cristo que põe em marcha o processo da produção  da santidade d'Ele. O ensino  paulino não deixa margem às dúvidas conforme Gl. 2: 19 e 20 - "Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." Morrer para a lei é morrer para os valores humanistas consagrados como solução para ganhar a vida eterna. Ao morrer para os preceitos da lei, a vida de Cristo ocupa o lugar e dá início à vida d'Ele como centralidade. Paulo mostra que, mesmo a vida sob influência do pecado que há no mundo, está sendo conduzida por Cristo pela fé. Este texto mostra claramente a morte inclusiva e substitutiva: "... já estou crucificado com Cristo" e "... e se entregou a si mesmo por mim."
Então, viver para Cristo é viver à disposição d'Ele e não por meio de atos e atitudes próprios, ainda que éticos e morais. Quanto a conduta correta ao longo da vida é consequência da vida de Cristo e não a causa dela. Por estas razões é que há muitas brigas, disputas e rachaduras nas igrejas institucionais. Os religiosos disputam entre si  quem  é mais santo, mais justo e mais merecedor da graça de Deus. Ascendem a fogueira das vaidades, tornando o que deveria ser exemplo da vida de Cristo em escândalos e soberba religiosa. Neste sentido, ofendem ao Senhor Jesus, o Cristo e afastam-se cada vez mais da sã doutrina das Escrituras.
Sola Gratia!

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito_bom_texto..esclarecedor.