março 26, 2014

O HOMEM INTERIOR x O HOMEM EXTERIOR

Rm. 7: 22 e 23 - "Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros."
Personalidade provém de pessoa do latim 'persona' ou 'personae'. Outro termo correlato é 'personagem', ou seja, uma figura fictícia representada por um ator ou objeto de arte. Pois bem, destas realidades semânticas surge a ideia que cada ser humano é uma pessoa, a saber, é um ser dotado de personalidade, além de assumir atos e atitudes de pessoalidade. No teatro grego, a personagem e a sua personalidade eram representadas, na maior parte das vezes, por um único ator. O ator atuava em cada ato paramentado com suas indumentárias, sendo essencial o uso de uma máscara. Assim, para cada ato o ator trocava suas vestes e colocava uma máscara diferente, caracterizando cada personagem. O homem, em sua realidade circunstanciada pela natureza pecaminosa, nada mais é que um ator, representando uma personagem que se utiliza de diversas e diferentes máscaras no cenário da existência. Por exemplo, a maioria das pessoas não se comporta do mesmo modo em um velório e em um baile de carnaval. Dependendo dos lugares a que são conduzidas ou se conduzem, as pessoas se vestem de maneiras diferentes, como também assumem discursos e narrativas diferentes. Por esta razão é tão difícil conviver socialmente, pois nunca se sabe quando e quem uma pessoa decaída está representando.
O homem é, segundo as Escrituras, um ser tripartite conforme Hb. 4:12 - "... e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração..." O texto em seu contexto faz referência ao poder da Palavra de Deus quando penetra no coração do homem. Vê-se claramente que o homem, objeto da mensagem da cruz, é um ser dotado de corpo, alma e espírito. Em toda extensão das Escrituras não se fala em salvação ou purificação do espírito do homem, mas na salvação da sua alma. Isto porque é a alma que está impregnada pela natureza pecaminosa a qual produz, como resultado, os atos pecaminosos. Geralmente, religiosos tomam o efeito pela causa ao imaginar que é pecador apenas aquele que comete atos falhos e contrários à moral convencionada. Ora, o homem é pecador, porque possui natureza pecaminosa que, por sua vez, gera os atos pecaminosos e não o contrário como se supõe geralmente. 
O apóstolo Paulo trata no texto de abertura acerca da dualidade entre o homem interior e o homem exterior. O homem interior é o espírito que foi assoprado por Deus. O espírito inoculado no homem está desligado do Espírito de Deus por causa da natureza pecaminosa. Quando o homem se liberta da carne e da alma, o seu espírito retorna a Deus. Os que são reconciliados pela graça mediante a fé têm os seus espíritos vivificados novamente mesmo antes de morrer fisicamente. Para o primeiro caso lê-se em Ec. 12:7 - "... e o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu." E, para o segundo caso, lê-se em Ez. 36: 26 -"... e porei dentro de vós um espírito novo." Desta forma o homem interior é o espírito oriundo de Deus e inoculado no homem e o homem exterior é a alma e o corpo físico, que, juntos são denominados no novo testamento de carne ou carnalidade. Isto se explica pelo fato de a alma ser a sede dos desejos, vontades e emoções, e o corpo apenas expressa tais realidades almáticas. Como o espírito só se comunica com espírito, estando o homem ainda sem regeneração o seu espírito está morto, ou seja, desligado de Deus. Não se comunica com o Espírito de Deus e nem com a alma, nem com o corpo. Estando o homem regenerado o seu espírito está novamente reconciliado com o Espírito Santo por meio da geração de um novo homem em Cristo conforme Ef. 2:10 - "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas." Também em Cl. 3: 9 e 10 - "...pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou."
O homem exterior é guiado, essencialmente, pela alma e suas paixões conforme Rm. 7:5 - "Pois, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, suscitadas pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte." O homem exterior é uma conjunção dos anseios da alma e as necessidades fisiológicas do corpo. Entretanto, na experiência de regeneração ou de novo nascimento ocorre uma nova disposição operada e operacionalizada por Deus conforme Gl. 5: 24 e 25 - "E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito." Muitos meditam sobre si mesmos e dizem: "eu não sinto que estou vivendo no Espírito, porque ainda retenho muitas destas paixões carnais." De fato, não é mesmo para sentir, pois sensorialidade é algo especificamente almático. O que crê na sua inclusão na morte de Cristo, como também na sua ressurreição, apenas crê. A fé autêntica se norteia pelo que a palavra de Deus diz e não por sentimentos e circunstâncias visíveis.
O objetivo da regeneração, a saber, de uma nova geração do pecador redimido em Cristo,  é exatamente a formação da santidade d'Ele no novo nascido. Muitos cristãos sinceros sofrem anos a fio, porque insistem na ideia que eles mesmos são os provedores e gerentes das suas santidades. A santidade descrita no evangelho verdadeiro, nada tem a ver com a conotação religiosa de santidade. Santo significa separado, ou seja, aquele que não se mistura com o que é mal e pecaminoso. Santidade é a obtenção da purificação e separação daquilo que é mal e pecaminoso pela ação monérgica de Cristo. É Cristo quem opera o querer e o efetuar, ficando isto muito claro em Ef. 3:16 - "... para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais robustecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior." Então, quem concede por misericórdia e graça o robustecimento do homem interior é Cristo e não os supostos méritos e justiças próprias de quem quer que seja.
Enquanto os cristãos continuarem crendo e depositando em si mesmos e na religião a solução para os seus conflitos entre o homem interior e o homem exterior, continuarão passando por intensas dores. Permanecerão mais tempo no deserto onde tudo é inóspito e solitário para a alma sequiosa por fama, prestígio, reconhecimento, poder e controle. 
Sola Gratia!

4 comentários:

Anônimo disse...

Por favor escreva sobre a lua de sangue, o que tem haver o eclipse com a palavra do Senhor...

MENDIGO ENTRE MENDIGOS disse...

Olha acredito que é apenas um fenômeno natural de refração da luz. Pois o que está previsto no Apocalipse ocorrerá depois que o Sol perder a sua luz. Assim, primeiro haverá algum fenômeno no Sol e como reflexo também na Lua. Neste caso ocorrerá apenas na Lua. De vez em quando acontece.

Cristina disse...

Bom dia sr Mendigo entre mendigos: acordei nesta manhã pensando sobre o homem interior e passando pelo google encontrei a sua postagem. MUito obrigada por esta linda revelação que o Espírito de Deus trouxe sobre a sua vida e por você ter compartilhado, pois edificou em muito a minha vida e tenho certeza que fará o mesmo com todos os que lerem. Que toda a sorte de bençãos espirituais, nas regiões celestiais em Cristo Jesus seja sobre a sua vida e sobre toda a sua geração.

MENDIGO ENTRE MENDIGOS disse...

Olá Cristina. Eu sou o mendigo entre mendigos pela Graça de Deus a mim dispensada em Cristo.
Fico imensamente feliz que tenha sido de alguma valia para sua edificação. É nesta esperança que escrevo, visto que, as pregações das igrejas institucionais estão muito fora da verdade bíblica.
Que Deus derrame sobre você graça sobre graça.

P.S. Desculpe a demora para comentar o seu gentil comentário. É que são muitos estudos e não tenho muito tempo para relê-los com frequência.