quarta-feira, julho 24

O SALVADOR, A SALVAÇÃO E OS SALVOS

Is. 45: 5 a 12 - "Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cinjo, ainda que tu não me conheças. Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas. Destilai vós, céus, dessas alturas a justiça, e chovam-na as nuvens; abra-se a Terra, e produza a salvação e ao mesmo tempo faça nascer a justiça; eu, o Senhor, as criei: ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: que fazes? ou dirá a tua obra: não tens mãos? Ai daquele que diz ao pai: que é o que geras? e à mulher: que dás tu à luz? Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele que o formou: perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de meus filhos, e acerca da obra das minhas mãos. Eu é que fiz a Terra, e nela criei o homem; as minhas mãos estenderam os céus, e a todo o seu exército dei as minhas ordens."
Etimologicamente 'salvação' provém do grego koinê 'soteria' e do latim 'salvare'. Tomando, primeiramente, o termo grego salvação significa cura, redenção, remédio e resgate. No latim, o mesmo termo, tal como está grafado acima significa apenas salvar. Genericamente salvação é um substantivo que indica libertação de uma condição ou estado indesejável. Em teologia, a salvação se refere apenas à libertação da alma da condenação eterna pelo pecado original. Em quase todas as crenças e religiões há ostensiva ou veladamente a ideia de salvação. Isto é resultante da consciência de pecado, juízo e justiça que há no homem. À medida em que o homem vai se deparando com o seu próprio mal moral ou com o mal moral dos outros e da sociedade, ele sente algo indesejável em sua natureza. Esta situação é denominada de culpa e precisa ser extirpada em sua origem pecaminosa.
Então, pode-se afirmar com plena segurança que, no ensino cristão puro há o salvador, a alma condenada e o meio para salvá-la. O salvador é o Filho Unigênito de Deus, a saber, Cristo que se fez homem histórico em Jesus conforme Jo. 1:14 - "E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai." O termo "verbo" é a versão da palavra "logos" com o sentido de Palavra de Deus, ou mesmo, o princípio vital e ativo de Deus. Desta forma, o verbo divino que sempre existiu junto ao Pai, se encarnou no homem Jesus e veio habitar na humanidade, para, em tudo ser experimentado como os homens. Embora, Jesus, o Cristo não tivesse o pecado, Deus o fez pecado, para salvação de pecadores conforme II Co. 5:21 -"Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus." A este processo dá-se o nome de redenção, justificação ou salvação. Vê-se que o texto possui implícita a ideia de inclusão do pecador na morte de Cristo, onde faz menção a "...para que n'Ele...". Esta verdade faz todo o sentido, na medida em que, se há o salvador é porque há o pecador. Sendo o homem pecador, não apenas porque comete pecados, mas porque possui a natureza pecaminosa, logo, necessita do salvador. O pecador não pode jamais ser o salvador de si mesmo e às suas próprias expensas. Caso o pecador pudesse promover a sua própria redenção, dar-se-ia que o salvador seria absolutamente dispensável, para não dizer, absurdo.
A salvação, portanto, é um ato estritamente monérgico, a saber, depende única e exclusivamente da soberana vontade de Deus. Embora em quase todas as crenças se desenvolve uma noção universalista e sinérgica, as Escrituras, por sua vez ensinam que a salvação não é para todos. O uso da palavra todos só pode ser compreendido no contexto em que aparece. Quando se refere à salvação, invariavelmente, se refere a homens de todas as tribos e nações e não a todos os homens. Até porque, caso Deus tivesse decidido salvar a todos, certamente Ele o faria, pois nada e ninguém pode contradizê-lo em sua vontade soberana. Tal mente universalista coaduna com o pensamento do homem decaído, no afã de reencontrar a porta do Paraíso perdido. Isto se dá por meio dos ensinos e doutrinas humanistas baseadas no gnosticismo. Para tanto, produziram uma doutrina esdrúxula chamada de "livre arbítrio" que, nem é livre, e, muito menos, pode arbitrar qualquer coisa. Genericamente as pessoas confundem escolhas naturais dadas ao homem para a sua sobrevivência, com escolhas espirituais para a sua salvação. Esta última compete exclusivamente a Deus conforme Jn. 2: 9 - "Ao Senhor pertence a salvação." Em nenhum contexto das Escrituras acha-se que a salvação pertence ao homem. É Deus que conduz o pecado até Cristo para a salvação conforme Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." Trata-se, portanto, de uma cláusula pétrea e excludente, pois se ninguém pode ir a Jesus, o Cristo, logo, só os que Deus vivifica para tanto irão. Não é uma questão de "livre arbítrio", mas de graça. Não é uma questão de querer, mas de poder, no sentido de não ter a capacidade para ver a salvação por si mesmo. A salvação só passa a ser perceptível como um caminho quando ocorre a desobstrução dos ouvidos conforme Sl. 40:6 - "Sacrifício e oferta não desejas; abriste-me os ouvidos; holocausto e oferta de expiação pelo pecado não reclamaste." Vê-se, inclusive, que não são por ofertas e sacrifícios que Deus se apieda do homem, mas por Ele mesmo abrir os seus ouvidos. 
Os salvos, portanto, são aqueles os quais foram eleitos e regenerados nos termos de Rm. 8: 29 e 30 - "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou." Àqueles que Deus conheceu com afeição antes dos tempos eternos, ele os predestinou, chamou, justificou e glorificou. Observa-se que os verbos estão todos no passado, logo, elimina-se qualquer possibilidade de "livre arbítrio". O objetivo da eleição, predestinação e dos meios para salvar é tornar os eleitos conforme à semelhança de Cristo que agora é, não apenas, o Filho Unigênito, mas também o Filho Primogênito, a saber, o primeiro de uma família de filhos gerados de novo ou regenerados.
Sola Gratia!

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