sábado, julho 27

A CRUZ, OS CRUCIFICADOS E A MORTE EM CRISTO

Gl. 2: 20 - "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim."
A crucificação foi uma prática dos dominadores romanos instalada poucos anos antes do nascimento de Jesus, o Cristo. Era, segundo o senso de juízo dos romanos, o pior castigo imposto a uma pessoa. Portanto, jamais praticado contra quem tivesse a cidadania romana. A palavra grega neotestamentária para cruz é 'staurós' [σταυρός], a qual significa; 'estaca reta' ou 'madeiro para tortura'. Segundo descrições bíblicas e extrabíblicas, o condenado carregava do local da condenação até o local da execução apenas a parte horizontal ou o braço da cruz. No local era perfurado um buraco no chão onde a estaca principal era fixada após a colocação do braço. Então, o condenado era pregado ou amarrado à cruz e levantado verticalmente, sofrendo uma morte lenta e cruel que durava horas ou até mesmo dias. O peso do corpo exercendo fortes pressões nos braços e pernas pregados, causa dores indescritíveis.
A Escritura afirma que o Salvador ou o Messias seria levantado em um madeiro conforme Dt. 21:23b - "...porquanto aquele que é pendurado é maldito de Deus." Isto é confirmado em Gl. 3:13 - "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro." 
No dia da crucificação de Jesus, o Cristo havia mais dois crucificados: um à sua direita e outro à sua esquerda. Dos dois, apenas um reconheceu que merecia estar naquela situação, pediu misericórdia e reconheceu a divindade de Cristo. O outro, não só não se via como merecedor do castigo, como também afrontava Jesus, negando-lhe a divindade. Tal cena é uma tipificação da humanidade: os desgraçados que recebem a graça e os não eleitos que permanecem desgraçados por incredulidade. O malfeitor que se humilhou representa o lado da humanidade que recebe a graça para a vida eterna. O malfeitor que permaneceu sem compreender a sua própria condição representa o lado da humanidade que perecerá em seus delitos e pecados. Verifica-se que ambos eram malfeitores, pois há sempre uma visão maniqueísta que divide a humanidade entre bons e maus. De fato, todos os homens são em suas naturezas maus, sendo o diferencial a misericórdia e a graça de Deus.
Acerca de Jesus, o Cristo foi dito que ele é o Cordeiro de Deus que foi imolado desde a fundação do mundo conforme Ap. 13:8b - "...esses cujos nomes não estão escritos no livro do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo." Desde o Éden há sinais deste sacrifício como imagens que apontavam para o sacrifício do Filho de Deus. Quando o próprio Deus providenciou peles de animais para cobrir a nudez do homem houve sacrifício. Igualmente, depois, quando Abel ofereceu o sacrifício de um cordeiro a Deus estabeleceu a fé no substituto perfeito. Por esta razão é perda de tempo discutir quem matou Jesus, pois este acordo transcende a própria história do homem na Terra. Os romanos, os judeus e todo o processo grotesco que envolveu o julgamento de Jesus, o Cristo foram apenas meios de cumprimento das Escrituras. 
Rm. 16:25c - "...conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos." O mistério guardado ao longo dos tempos era a morte substitutiva e inclusiva de Cristo. Além dos dois malfeitores que foram executados fisicamente no mesmo dia ao lado de Cristo, todos os eleitos e preordenados para a vida eterna também foram crucificados. A este processo o apóstolo Paulo chama de batismo na morte de Cristo conforme Rm. 6:3 a 6 - "Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado." Assim, Cristo não morreu sozinho naquela cruz, pois todos os eleitos foram incluídos em sua morte. A morte de Jesus, o Cristo não seria necessária se o pecador pudesse aniquilar o seu pecado original. Logo, todos os pecadores eleitos e predestinados foram atraídos em sua morte para destruição do corpo do pecado conforme Jo. 12:32 e 33 -"E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Este é um processo definido antes mesmo que o mundo existisse. Deus decidiu redimir os eleitos, criou todos os meios para executar o seu projeto e o executou concretamente quando aprove a ele executá-lo conforme Rm. 8: 29 e 30 - "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou."
Nestes termos, a redenção do pecador é um ato estritamente monérgico, ou seja, depende exclusivamente da vontade soberana de Deus que leva os que conheceu antes dos tempos eternos até Cristo para que sejam incluídos em sua morte conforme Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." Vê-se, pelo texto, que não é uma questão de querer do pecador, mas de não poder ir até Jesus, o Cristo, por conta própria. O homem natural não tem o poder de ir até a verdade. Pode até ter capacidade e inclinação para procurar religião, mas não de ir a Cristo. É Deus quem conduz os pecadores eleitos para serem atraídos à cruz. Eles são despertados pela pregação do evangelho que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. 
Sola Scriptura!

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