terça-feira, novembro 30

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS IX


Mt. 6: 5 a 8 - "E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes."
Verificando o comportamento dos religiosos vê-se que a maioria deles não ora segundo o modelo estipulado por Cristo. Cada um inventa uma forma mais espalhafatosa, escolhe lugares exóticos ou místicos; adota entonação de voz arrogante, melosa, e autoritária; insere conteúdo semântico convincente, isto é, escolhe palavras. Nada disso altera a verdade bíblica ensinada por Cristo. Orar não é uma questão de postura, ou posição, mas de relação entre o orador e o ouvinte. O poder da oração está no que a ouve, e não no que a profere conforme já foi tratado em estudos anteriores. É, portanto, uma questão relacional entre o suplicante e o suplicado!
Não orar como os hipócritas é a primeira condição da oração biblicamente correta. Um hipócrita é, segundo os dicionários, 'quem ou aquele que demonstra uma coisa, quando sente ou pensa outra, que dissimula sua verdadeira personalidade e afeta, quase sempre por motivos interesseiros ou por medo de assumir sua verdadeira natureza, qualidades ou sentimentos que não possui; fingido, falso, simulado.' A palavra hipócrita é tão forte, que é adjetivo e é substantivo de dois gêneros. A etimologia da palavra é 'hupokrites', a qual significa adivinho, ator, velhaco. Então, Cristo está dizendo que os tais hipócritas são falsos, dissimulados, atores, fingidos, simuladores, adivinhos, velhacos. Eles, na verdade, se põem numa posição de fingir espiritualidade e humildade que não possuem, e, com isto, pretendem fazer Deus lhes ser favorável. Muitos até afirmam que as suas atitudes são muito fervorosas, porque o Espírito Santo os anima a um estado de comunhão acima dos demais homens. Eles se afirmam como embaixadores de Deus na Terra, orando e intercedendo pelos problemas e necessidades humanos. Muitas dessas pessoas levam vidas absolutamente oposta aos ensinos das Escrituras no tocante a quaisquer aspectos da vida cristã. Em muitos casos oram por problemas alheios que eles mesmos sofrem e que não são resolvidos.
Cristo mostra no texto de abertura, que os religiosos hipócritas gostam de ser percebidos como grandes virtuoses de Deus na Terra. Fazem muita questão de serem vistos em atitudes supostamente espiritualizadas, pois isto lhes arregimenta seguidores, admiradores, colaboradores financeiros, entre outras coisas. É dito que tais oradores recebem imediatamente as suas recompensas, a saber, o serem bajulados e admirados apenas pelos homens. O texto não diz que eles recebem as bênçãos pelas quais estão orando. Eles recebem o que de fato estão buscando em si, de si, e para si mesmos. É uma atitude horizontalizada e não verticalizada.
O ensino de Cristo sobre o modo de orar diverge substancialmente desses modelos religiosos: entrar no quarto, fechar a porta, orar em secreto ao Pai. A oração que é ouvida só poderá ser feita por quem é filho, e, para tanto, é necessário nascer do alto conforme o texto de Jo. 1:12 e 13 - "Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus." Primeiramente é necessário crer, sendo que a própria fé é um dom de Deus. Secundariamente os eleitos e regenerados são feitos filhos de Deus, e não se fazem filhos d'Ele. Aos nascidos de Deus cabe apenas recebê-Lo em Cristo, sendo o ato de receber passivo e não ativo como querem os religiosos. Estas verdades não são resultantes da ascendência étnica (o sangue), nem da alma (a carne), e muito menos, do DNA do homem (o varão). É uma ação absolutamente monérgica, a saber, procedente unicamente de Deus em Sua soberana vontade.
Então orar é uma conversa entre filho e Pai, resultante do descanso na graça e na confiança plena que será ouvido. O filho não se utiliza de quaisquer expedientes para comover o Pai, pois Ele é quem dá início ao processo. Ele sabe de todas as coisas, antes da fundação do mundo, e as estabeleceu para que os seus eleitos andassem segundo os Seus caminhos preordenados para louvor da Sua Imarcessível Glória.
Sola Fide!

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