I Ts. 5: 17 e 18 - "Orai sem cessar. Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco."
São incontáveis as discussões acerca do verso 17 de I Tessalonicenses capítulo 5. As dúvidas recaem se o texto está afirmando que se deve orar 24 horas por dia, 7 dias por semana, o mês inteiro, o ano todo, e pelos séculos dos séculos. Ora, não há nem mesmo a necessidade de ser muito inteligente para saber que não é este o ensino. Ninguém, por mais piegas que seja, ora durante todo o tempo. O 'orar incessantemente' é uma atitude de consciência permanente de que tudo depende da graça de Deus, e não do ato de orar sem parar. A questão é que as traduções dos textos bíblicos, em muitas instâncias, seguem as tendências ideológicas do sistema religioso dominante, ou daquela a que pertence o tradutor. Não há nada de errado com os textos originais, mas com as traduções deles pelos diferentes sistemas religiosos!
A exegese do texto do verso 17 não pode ser feita isolando-o do texto do verso 18. Aliás, na verdade no final do verso 17 há implícita uma vírgula e não um ponto como se faz nas traduções. O texto literalmente diz: 'adialeiptôs proseychesthes'. Isto significa: "incessantemente orai'. E no verso 18 diz: 'en panti eucharisteite touto gar thelema Theou en Christô Iesou eis imas'. Então, vendo como um texto único e conectado é: "incessantemente orai, dando graças por tudo, ou em tudo dando graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus." O foco central da sentença, não é o tempo gasto em oração, mas o objetivo da oração. A continuidade do verso 18 mostra que este estado de graça é o que Deus quer dos seus eleitos por meio de Cristo Jesus. Não é a vontade do homem que deseja orar o tempo todo. Aliás, a vontade humana é de não orar em tempo algum, visto que a inclinação dos desejos humanos é má todo tempo por causa da natureza pecaminosa. Muitos até oram muito, por muito tempo, mas por hábito, por medo, para tentar convencer Deus a lhes ser favorável em algum aspecto. Assim, passa a ser apenas uma válvula de escape e não uma conversa entre Pai e filho. Então, em suma, o que ensino é nunca deixe de orar dando graças por tudo. Não cessar de orar, não é o mesmo que orar sem parar. É, na verdade, não interromper a prática da oração por longos períodos.
Tg. 5: 13 a 16 - "Está aflito alguém entre vós? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. A súplica de um justo pode muito na sua atuação." Orar é falar com Deus, logo, ao expor as aflições, a pessoa se sente mais confiante, pois o problema não reside n'Ele, mas no homem. A doença é algo que afeta a parte física do homem, alterando-a e trazendo dor e sofrimento. Portanto, a oração originada na fé que é dom de Deus, curará, ou aliviará a dor do doente. A palavra grega utilizada para 'salvar' no texto de Tiago, é 'sôsei', sendo usada no sentido de curar, ou libertar do mal físico.
A unção com óleo não tinha nenhuma relação com aspecto místico ou sobrenatural. Era a prática médica da época, em que se acreditava no poder terapêutico de unguentos à base de óleos naturais e ervas específicas. Era uma espécie de medicina popular a que os mais pobres poderiam ter acesso.
O texto de Tiago mostra que a oração deve ser originada da fé, e esta, sabe-se que é dom de Deus e não um poder natural do homem. Veja que, quem levanta, liberta e perdoa os pecados do doente é Deus e não o orador. A necessidade de confessar os pecados uns aos outros é para o alívio psicológico, pois o sentido deste ensino no texto é que as pessoas não devem guardar maus juízos, rancores, raivas e maledicências uns contra os outros. Orar uns pelos outros é para que haja o exercício do amor fraterno e mútuo e, assim, haja alívio psicológico. Sabe-se hoje, que, pessoas que guardam rancores e são vingativas acabam acarretando muitos males físicos para si.
Finalmente, a oração ou súplica de um justo pode muito em seus efeitos, não pelo homem em si, mas porque o que o justifica pode interceder como advogado perante o Pai. Em Hb. 10:38 é apresentado quem é o Justo de Deus - "Mas o meu justo viverá da fé". É uma remissão ao texto de Hc. 2:4, fazendo referência ao Cristo. Logo, o justificado por Cristo pode orar pelos outros, porque o Justo que nele vive tem poder para causar efeitos benéficos e favoráveis ao sofrimento e a dor dos homens. O poder não está no que ora, mas naquele que nele habita, a saber, Cristo.
Ora Pro Nobis Domini...
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