novembro 16, 2010

A ORAÇÃO SEGUNDO AS ESCRITURAS IV


Mc. 11: 20 a 25 - "Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes. Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste. Respondeu-lhes Jesus: tende fé em Deus. Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis. Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas."
O texto reporta ao episódio em que Jesus procurava figos em uma frondosa figueira nos arredores de Jerusalém. Por não ter encontrado frutos maduros, ordenou que aquela figueira se secasse, e ela secou-se. Como é próprio da criatura decaída questionar, sempre alguns questionam tal atitude como sendo cruel, para não dizer irascível. Dizem eles, que sentido teria Jesus amaldiçoar uma simples árvore, porque não havia frutos nela? Nem mesmo era a estação apropriada para a figueira ter figos maduros. Acrescenta-se, ainda, que o mesmo poder que o Cristo tinha para secá-la, também possuía para fazê-la produzir frutos. O ensino que está implícito nesta questão é outro.
Há duas questões a serem abordadas nesta passagem: uma se refere ao poder da oração; a outra se refere ao poder da maldição. A questão é que a figueira amaldiçoada apresentava apenas aparência e beleza exterior e não frutos sazonados. É do conhecimento comum que a figueira típica da região da Palestina apresentava invariavelmente os primeiros botões de flores, cerca de dois meses antes de apresentar a folhagem. Primeiro os frutos, depois as folhas. Desta forma a figueira 'mentiu', pois apresentava aparência de que já possuía os seus frutos. Por isso, Cristo a amaldiçoou. Ela tentara enganá-Lo com a mera aparência. A figueira comum é denominada Ficus carica, podendo ser fêmea ou macho. Os figos da Ficus carica podem ser inflorescências, ou infrutescências, sendo este comestível, e aquele, permanece apenas flores que murcham e secam. Se as inflorescências forem fertilizadas, se tornam frutos chamados aquênios com sementes que se reproduzem. Isto revela muita coisa do ensino de Cristo na questão da figueira e da sua maldição.
Em Jo. 15: 1 e 2 afirma o seguinte: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor. Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto." É necessário estar enxertado na 'árvore da vida' que é a videira verdadeira. Deus não recebe figueira como se videira fosse. Ainda que frondosa e rica em folhagens, jamais terá natureza de videira. A beleza e a aparência estava na figueira, mas ela negava o cuidado do Viticultor Eterno. Por isso, o Cristo cortou a vida própria daquela figueira, ela não estava na dependência plena da vida do Viticultor. Lembre-se que foi com folhas de figueiras que Adão e Eva cobriram a nudez física deles. Mas não puderam cobrir a nudez espiritual.
Assim, o Senhor Jesus não cometeu um ato atentatório contra o meio ambiente por mero capricho. Ele, o Logos criador de todas as coisas, bem sabia o que estava fazendo neste episódio. Também, Cristo optou por secar a figueira para transmitir um ensino contrário ao engajamento, ou ao que é politicamente correto, do ponto de vista humanista. Ele demonstra que, ou a vida provém de Deus para servir, ou não serve nem mesmo para continuar vivendo. Cristo mostrou aos discípulos que é pelo poder da Palavra de Deus que as coisas acontecem, e não pela aparência da religião exterior. A figueira foi, desde o Éden, o símbolo da religião na qual o homem decaído se oculta para encobrir a sua real natureza pecaminosa conforme Gn. 3:7 - "Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais." Assim, o homem criou o primeiro culto religioso do disfarce da sua natureza pecaminosa. Encobrir a nudez física e espiritual com folhas, matéria orgânica, que se deteriora rapidamente é uma indicação da falibilidade dos projetos humanos sem passar pela inclusão na morte de Cristo, na cruz, para destruição do corpo do pecado. A figueira frondosa e bela por fora era Israel, Jerusalém, ou qualquer sistema religioso que não tem a vida não criada, isto é, a vida de Cristo.
Jesus mostra aos discípulos que a oração tem o poder de fazer montes se transportarem de um lado para o outro, porém exige-se a fé do Justo e a consciência de que o pecado do homem foi aniquilado na cruz. Só perdoa as faltas contra alguém, aquele que foi primeiramente perdoado da culpa do pecado.
Sola Fidei!

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