quarta-feira, maio 12

CRER INCONDICIONALMENTE x CRER CONVENCIONALMENTE VI


Rm. 4: 1 a 8 - "Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado pelas obras, tem de que se gloriar, mas não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora, ao que trabalha não se lhe conta a recompensa como dádiva, mas sim como dívida; porém ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça; assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus atribui a justiça sem as obras, dizendo: bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputará o pecado." O capítulo quatro da epístola aos romanos é um monumento da fé e não à fé como se diz comumente. O debate se circunscreve nas esferas da justificação por obras da lei e da justificação por fé. O apóstolo Paulo mostra, que, pela lei, o homem obtém a ira, enquanto que, pela fé, obtém a justificação por graça. A glória produzida pelas obras da carne, da justiça própria, ou pela lei é tão somente uma glória de si para consigo. Deus não tem parte nisto, porque está escrito que Ele não concede a Sua glória a outrem.
Deus imputou, isto é, contabilizou justiça a Abraão apenas com base na fé. A sua disposição para sacrificar Isaque, não lhe creditou justiça, porque apenas obedeceu ao que Deus lhe havia ordenado. O que o justificou foi a fé na promessa, isto é, na Palavra de Deus, a qual afirmara antes, que dele, a saber, da sua descendência seria feita uma grande e numerosa nação. Assim creu Abraão que a promessa de Deus não falharia, porque o que Ele diz, Ele cumpre. Supõe-se que Abraão creu de tal forma que, mesmo Isaque sendo sacrificado, Deus lhe ressuscitaria para fazer cumprir a Sua promessa. Isto é crer incondicionalmente e não apenas circunstancialmente. Até porque, as circunstâncias lógicas, neste caso, eram todas favoráveis à descrença e não à fé, como, a esterilidade de Sara, a avançada idade de Abraão.
As obras da lei, ou da carne, ou do esforço próprio não produzem dádiva, mas dívida, pois aquele que se esforça recebe recompensa, mas o que nada faz para merecer, recebe graça, a qual não é outra coisa, senão Deus fazendo e doando ao que nada merece. Recompensar a quem trabalha, produz uma relação contratual com base na obrigatoriedade recíproca. A graça doa e dá ao que nada faz, para que fique claro que Deus é quem age monergisticamente. Ele não necessita da cooperação do homem decaído para produzir justificação ao pecador. Os que advogam esta posição são religiosos enfatuados por seus próprios méritos, e, isto, resulta na exclusão e desqualificação do sacrifício substitucionário e inclusivístico de Cristo. É a negação da graça e da misericórdia de Deus que elegeu os que de antemão conheceu e os predestinou para a vida, chamando-os, justificando-os e glorificando-os conforme o registro de Rm. 8: 29 e 30. É desse tipo de religião humana que se alimenta o inferno e o 'deus' deste século, o qual cega o entendimento dos homens para que não creiam segundo as Escrituras, mas segundo os seus próprios fundamentos denominacionais, institucionais e dogmáticos.
Deus, em seu supremo propósito atribui justificação a quem quer, independentemente das obras que possam ser feitas. Não fora isto, a salvação não seria pela graça, sendo a fé o meio conforme o registro de Ef. 2:8 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus." A religião humana produz apenas soberba e orgulho almático e não coração de carne e espírito novo conforme a promessa de Ez. 36:26 - "Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo."
A ação é absolutamente originada, operacionalizada e operada por Deus. É Ele quem justifica o ímpio e não o justo, pois do contrário, seria Deus redundante. É o ímpio quem carece de ser restituído à glória de Deus e não aquele que se conta por justo. As iniquidades necessitam de perdão e os pecados de cobertura. Fora da cruz não há, nem perdão, nem cobertura.
Solo Christus!
Sola Gratia!

terça-feira, maio 4

CRER INCONDICIONALMENTE x CRER CONVENCIONALMENTE V


Tg. 2: 17 a 26 - "Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Crês tu que Deus é um só? Fazes bem; os demônios também o crêem, e estremecem. Mas queres saber, ó homem insensato, que a fé sem as obras é inútil? Porventura não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar seu filho Isaque? Vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E se cumpriu a escritura que diz: e creu Abraão em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus. Vedes então que é pelas obras que o homem é justificado, e não somente pela fé. E de igual modo não foi a meretriz Raabe também justificada pelas obras, quando acolheu os espias, e os fez sair por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta."
Muitos estudiosos e intérpretes das Escrituras afirmam com base em alguns textos que as obras humanas não salvam, que não têm validade para a sua redenção, e que por elas, nenhuma carne se salva. Neste sentido estão munidos de toda razão, pois as Escrituras são uma unidade de ensino que não se contradiz. Todavia, quando alguns destes mesmos estudiosos se debruçam sobre o texto do apóstolo Tiago sentem um certo desconforto pela forma direta e veemente a que ele põe as obras como algo essencial e necessário no contraponto à fé.
Tudo nas Escrituras deve ser recebido como vindo de Deus, e jamais do homem, conforme informa e ensina II Tm. 3: 16 e 17 - "Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra." Sendo as Escrituras divinamente inspiradas, logo, não resta nada nelas que possa ser da autoria humana. Este último texto fornece o fundamento para que se possa situar as obras no seu devido lugar. Ele afirma que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado 'para toda boa obra.' Então, a justificação e a salvação precedem as boas obras, porque estas são praticadas pelo homem de Deus. Não são as boas obras que determinam a filiação divina, mas o regenerado realiza as boas obras, porque, afinal, elas são de Deus e não do homem. Não são as boas obras que preparam o regenerado, mas a fé o torna capacitado à elas. O homem por si mesmo realiza apenas obras de justiça própria, nunca boas obras que são de Deus, posto que, somente Ele é bom. Isto está claramente ensinado em Ef. 2:10 - "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas." Após o pecador ser feito nova criatura, ou nova geração em Cristo, ele praticará boas obras que foram pré-estabelecidas por Deus de antemão. Não é a nova disposição do eleito e regenerado que as determina, mas elas foram preparadas para ele andar nelas. As boas obras o seguirão, e não ele que as segue! Os homens, especialmente os religiosos arminianos, colocam as boas obras na esfera puramente comportamental. Assim, se a pessoa se diz nova criatura e não apresenta uma vida moral impecável, eles logo desconfiam da sua espiritualidade. Entretanto, o ensino do texto não está circunscrito a este tipo de relação, mas independentemente do comportamento moral do regenerado, as boas obras que Deus desejar serão realizadas por ele, apenas porque elas foram preparadas para serem executadas pelos nascidos de Deus. Deus não depende do homem, ou de qualquer outra coisa no Universo para realizar as suas boas obras. Porém Ele é soberano para executá-las nos seus eleitos e regenerados.
O texto que abre esta artigo contém em si mesmo a explicação do papel das boas obras nos nascidos do alto: 'a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada.' Após receber a fé bíblica e incondicional, esta opera para que as boas obras sejam executadas. Por isso, Abraão creu incondicionalmente na palavra de Deus, o qual havia prometido fazer da sua descendência uma grande nação e, por meio dela, trazer o redentor. A fé verdadeira é cooperante no sentido de dar a disposição e o mover das obras que Deus quer realizar em seu projeto eterno. O regenerado é apenas o meio pelo qual Deus realiza tais obras, podendo ser substituído até por pedras, ou mulas. O fato é que Ele as realiza, independentemente do homem. Muitos religiosos dão a impressão que Deus depende do homem e do seu comportamento moral para cumprir o seu propósito no universo. Entretanto, este não é o ensino das Escrituras.
No mesmo texto de abertura deste estudo se lê: "...que é pelas obras que o homem é justificado, e não somente pela fé". A expressão chave é: "e não somente pela fé." Então fica evidente que após crer incondicionalmente as boas obras aparecerão como prova da ação de Deus. A fé é que capacita o regenerado a agir e não a sua noção de justiça própria como supõe comumente os arminianos. O erro destes é que colocam as obras antes da fé, enquanto as Escrituras colocam ambas em interação, sendo a fé o elemento determinante das boas obras, e as boas obras o elemento consequente da ação monergística de Deus.
Conclusivamente, o apóstolo Tiago não está dissociando a fé das obras, mas tão-somente mostrando que estas seguem aquela, e que estas, confirmam a realidade daquela.
Sola Scriptura!
Sola Fide!

sábado, maio 1

CRER INCONDICIONALMENTE x CRER CONVENCIONALMENTE IV


Hc. 3: 17 e 18 - "Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação." Há muitas categorias de fé apregoadas neste mundo, entretanto, todas à revelia daquilo que é ensinado nas Escrituras. Neste sentido aquelas são esvaziadas do real conteúdo da fé verdadeira. São inseridas meramente na esfera das esperanças e projeções das carências humanas. Objetivamente todas as pessoas cultivam dentro de si algum tipo de esperança ou crença a fim de obter alguma vantagem, benefício, favor, fama e sucesso em diferentes campos da vida. Todavia, estas diferentes formas de crer e de esperar não promovem o homem de pecador e corrompido à regenerado e redimido. Tais crenças podem até ser muito úteis humanamente falando, pois as pessoas desejam e buscam o que lhes parece bom e desejável. Muitas vezes estas esperanças e desejos acontecem exatamente como almejam as pessoas, porém, isto não lhes dá a convicção de perdão de pecado e reconciliação com Deus. É deste contexto que surge a diferença entre fé incondicional e fé convencional.
O texto que abre este artigo é da categoria da fé genuína e bíblica. Como soe acontece ao gênero de texto semita, exagerou-se da figura de linguagem para explicar aquilo que é de cunho espiritual. Em todos os tempos e lugares os homens dependem de certos acontecimentos naturais para satisfação das suas necessidades básicas, tais como: beber, comer, morar, vestir. Por isso, desde os tempos mais recuados na frisa da história, os homens realizam cultos e fazem oferendas aos seus "deuses" da fertilidade, da colheita, da abundância, entre outros. No texto em tela, o profeta Habacuque faz referência à figueira, à oliveira, à videira e aos rebanhos de gado. Eram os elementos fundamentais na produção do alimento que permite a perpetuação da vida biológica. Tais atividades figuravam entre as mais importantes à subsistência dos grupos humanos.
Por associação de ideias, o profeta está mostrando que, ainda que tudo falhe e haja escassez do essencial, ele permanece na dependência plena de Deus. É quase irracional alguém se alegrar e exultar na escassez. A normalidade humana é se alegrar e exultar na abundância. Entretanto, os eleitos, os quais receberam a fé genuína, se alegram em todas as ocasiões, porque a sua fé não é circunstanciada pelos acontecimetos da realidade objetiva apenas. Eles recebem misericórdia e graça suficientes para depositar em Deus todo o crédito pelos acontecimentos quer sejam bons, quer sejam maus. Esta é uma realidade resultante da fé que do alto vem e não das esperanças e expectativas convencionadas pela religião barganhista do homem.
A fé verdadeira é dom de Deus e não um pressuposto das virtudes humanas conforme nos informa Judas verso 3: "... exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos." A fé verdadeira foi entregue e não alcançada por quaisquer méritos; a fé foi concedida de uma vez para sempre e não apenas nos momentos de desespero ou de grande alegria e vitória; e, finalmente, a fé foi entregue aos santos, a saber, os que foram santificados em Cristo. A maioria dos religiosos crê que a fé é produzida pelas suas vontades, pelos seus esforços e sacrifícios. A expressão "pelejar pela fé" indica viver e depender da fé e não utilizá-la como uma espécie de arma secreta para conquistar pontos na presença de Deus. Toda ação espiritual é primeiramente monérgica, jamais sinérgica com supõem os arminianos e religiosos de todas os matizes.
Sola Scriptura!