Hc. 3: 17 e 18 - "Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação." Há muitas categorias de fé apregoadas neste mundo, entretanto, todas à revelia daquilo que é ensinado nas Escrituras. Neste sentido aquelas são esvaziadas do real conteúdo da fé verdadeira. São inseridas meramente na esfera das esperanças e projeções das carências humanas. Objetivamente todas as pessoas cultivam dentro de si algum tipo de esperança ou crença a fim de obter alguma vantagem, benefício, favor, fama e sucesso em diferentes campos da vida. Todavia, estas diferentes formas de crer e de esperar não promovem o homem de pecador e corrompido à regenerado e redimido. Tais crenças podem até ser muito úteis humanamente falando, pois as pessoas desejam e buscam o que lhes parece bom e desejável. Muitas vezes estas esperanças e desejos acontecem exatamente como almejam as pessoas, porém, isto não lhes dá a convicção de perdão de pecado e reconciliação com Deus. É deste contexto que surge a diferença entre fé incondicional e fé convencional.
O texto que abre este artigo é da categoria da fé genuína e bíblica. Como soe acontece ao gênero de texto semita, exagerou-se da figura de linguagem para explicar aquilo que é de cunho espiritual. Em todos os tempos e lugares os homens dependem de certos acontecimentos naturais para satisfação das suas necessidades básicas, tais como: beber, comer, morar, vestir. Por isso, desde os tempos mais recuados na frisa da história, os homens realizam cultos e fazem oferendas aos seus "deuses" da fertilidade, da colheita, da abundância, entre outros. No texto em tela, o profeta Habacuque faz referência à figueira, à oliveira, à videira e aos rebanhos de gado. Eram os elementos fundamentais na produção do alimento que permite a perpetuação da vida biológica. Tais atividades figuravam entre as mais importantes à subsistência dos grupos humanos.
Por associação de ideias, o profeta está mostrando que, ainda que tudo falhe e haja escassez do essencial, ele permanece na dependência plena de Deus. É quase irracional alguém se alegrar e exultar na escassez. A normalidade humana é se alegrar e exultar na abundância. Entretanto, os eleitos, os quais receberam a fé genuína, se alegram em todas as ocasiões, porque a sua fé não é circunstanciada pelos acontecimetos da realidade objetiva apenas. Eles recebem misericórdia e graça suficientes para depositar em Deus todo o crédito pelos acontecimentos quer sejam bons, quer sejam maus. Esta é uma realidade resultante da fé que do alto vem e não das esperanças e expectativas convencionadas pela religião barganhista do homem.
A fé verdadeira é dom de Deus e não um pressuposto das virtudes humanas conforme nos informa Judas verso 3: "... exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos." A fé verdadeira foi entregue e não alcançada por quaisquer méritos; a fé foi concedida de uma vez para sempre e não apenas nos momentos de desespero ou de grande alegria e vitória; e, finalmente, a fé foi entregue aos santos, a saber, os que foram santificados em Cristo. A maioria dos religiosos crê que a fé é produzida pelas suas vontades, pelos seus esforços e sacrifícios. A expressão "pelejar pela fé" indica viver e depender da fé e não utilizá-la como uma espécie de arma secreta para conquistar pontos na presença de Deus. Toda ação espiritual é primeiramente monérgica, jamais sinérgica com supõem os arminianos e religiosos de todas os matizes.
Sola Scriptura!
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