agosto 05, 2022

O SEU VELHO HOMEM FOI CRUCIFICADO?

 

Rm. 6: 11 a 16 - "Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?"
A expressão velho homem é utilizada pelo apóstolo Paulo no capítulo 6 de Romanos, no verso 6 - "...sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado." Não se trata da crucificação de um homem idoso, como fazem nas Filipinas, na semana chamada santa. Não é homem velho, mas velho homem. Isto indica que se trata da velha natureza adâmica contaminada pelo pecado original, a saber, a incredulidade. O significado do ensino deste versículo 6 é que, os eleitos foram incluídos na morte com Cristo. Esta verdade se apropria por fé, pois ninguém, dos tempos atuais, estava lá no ato da crucificação. Os que presenciaram a crucificação também não foram fisicamente crucificados, exceto, os dois malfeitores. Um deles creu, enquanto o outro desafiou e proferiu impropérios típicos da mente incrédula. A finalidade da pregação do evangelho é apenas esta: despertar os eleitos para crer que foram incluídos na morte com Cristo, bem como, na ressurreição juntamente com ele. 
O verso 11 do texto de abertura reza que o eleito e regenerado deve crer, considerando que morreu com Cristo, e, que, n'Ele foi vivificado para Deus. A vivificação só se faz real, quando alguém foi morto. Atualmente, e por porfia, muitos passaram a falar sobre 'novo nascimento.' Todavia, como se pode pregar sobre nascer de novo, se não podem pregar sobre a inclusão na morte com Cristo? Tolo é o religioso que possui a crendice que Jesus foi crucificado apenas para substituí-lo na cruz. Ora, ele não tinha natureza pecaminosa, e, portanto, a sua morte sem pecado, não aniquilaria um pecado inexistente. Ele morreu, incluindo todos os eleitos e predestinados para matar as suas natureza mortas para Deus conforme Jo. 12: 32 e 33. Com este ato de Justiça perfeita, aniquilou o pecado de muitos conforme Hb. 9:26 - "...doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." 
Quando o texto que abre esta instância afirma: "não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade." Não é uma sugestão ou imposição legal para que os eleitos se esforcem para não cometer erros ou atos pecaminosos. O texto trata de uma questão de natureza. Ou seja, os que morreram com Cristo e com Ele ressuscitaram, não possuem mais a natureza para servir continuamente aos desejos carnais. Eles não têm mais natureza para se sentir felizes na natureza pecaminosa ou velha natureza adâmica. É como a diferença entre a largarta e a borboleta. Quando era apenas a lagarta possuía natureza devoradora, e, dependendo da espécie, liberava ácido altamente venenoso. Porém, quando metamorfoseou-se em borboleta, tal inclinação desapareceu. Agora se alimenta apenas do nectar das flores e se transformou em uma criatura leve, suave e dócil.
Portanto, o texto não está autorizando legalismos, méritos, ou lei do esforço e da justiça própria para alcançar a redenção. Ensina, outrossim, que o pecador eleito, agora regenerado, está disponibilizado para que suas potencialidades, habilitades e competências sejam usadas pelo Espírito de Cristo. Não estão mais a serviço da carne e de interesses mundanos e fúteis. Aqueles que, não podem crer e vivem oferecendo seus membros à natureza pecaminosa, sentem-se felizes com isso, óbvio, não são nascidos de novo. Devem, sim, aproveitar e se deleitar no que os faz felizes, pois sua alegria será apenas esta e apenas neste mundo. Não terão partipação no mundo vindouro.
Afinal, a serviço de quem estão os seus membros e os seus desejos? Pois, àquele a quem servirem, do mesmo serão servos ou escravos.
Sola Gratia!

agosto 04, 2022

E, RELIGIÃO, O QUE É? III

 

Tg. 1: 26 e 27 - "Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo."
Já se sabe que religião é um artifício humano por meio do qual tenta-se aproximação com o sobrenatural. Por sobrenatural entende-se qualquer suposta divindade ou ente do domínio invisível. Não, necessariamente, tal aproximação é com o Deus Soberano, Único, Onisciente e Onipotente. Justamente, porque, tal aproximação com este Deus, só é possível após o novo nascimento por meio de Jesus, o Cristo conforme Cl. 1:22 - "... agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis ..." É nestas condições que o homem pecador, porém, gerado de novo em Cristo, pode ser apresentado diante de Deus. Estes qualificativos espirituais não são próprias do pecador regenerado, mas, de Cristo que o reveste da sua própria santidade. Portanto, quando Deus olha para os eleitos e regenerados, Ele não os vê, mas vê a justiça de Cristo que os reveste. Eles não são justos em si e por si mesmos, mas são justificados em Cristo. Este é o mistério que a maioria das pessoas não conhece.
Religião é uma palavra que pouco aparece nas Escrituras, especialmente, no Novo Testamento. A palavra grega do texto neotestamentário para religião é [θρησκεία] que, transliterada é [threskeia]. Este vocábulo, pouco ou nada tem a ver com religião no sentido atual. No texto de Tiago 1, versos 26 e 27, este vocábulo significa, realmente, adoração, culto, temor e tremor. É proveniente de um substantivo feminino, o qual significa em grego koinê, 'adoração, aquilo que consiste de cerimônias, disciplina religiosa em si'. Portanto, o que o apóstolo estava tratando, em sua epístola, era de aspectos espirituais de adoração e culto a Deus. Não se tratando, portanto, de religião institucional ou de denominação religiosa. A questão se circunscreve na esfera da pobreza das traduções para a lingua portuguesa e não de respaldo bíblico à religião.
Em At. 25:19 - "... tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da sua religião e de um tal Jesus defunto, que Paulo afirmava estar vivo." A palavra do texto grego koinê que foi traduzida como religião neste versículo é [δεισιδαιμονίας] que, transliterada, é [deisidaimonias]. Tal vocábulo significa, de fato, superstição e não religião.  Logo, a palavra possui sentido místico e de crendice. Já em At. 26:5 - "... pois me conhecem desde o princípio e, se quiserem, podem dar testemunho de que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu." É utilizada a mesma palavra grega koinê de Tg. 1: 26 e 27. A qual também foi traduzida como religião. Todavia, traz significação de culto e adoração no judaísmo.
Por uma questão de honestidade, nem mesmo a palavra Cristianismo deveria ser entendida como a designação de uma religião. O termo cristão só foi utilizado pela primeira vez em Antioquia, na passagem do século I para o séuclo II da Era Comum, conforme At. 11:26 - "... e tendo-o achado, o levou para Antioquia. E durante um ano inteiro reuniram-se naquela igreja e instruíram muita gente; e em Antioquia os discípulos pela primeira vez foram chamados cristãos." E, ainda assim, o setido da palavra cristão, neste texto, é o de que os discípulos agiam e ensinavam semelhante a Cristo. Não se tratando, portanto, de um aspecto religioso institucional.
Desta forma, nem Deus, nem Jesus, o Cristo, fundou qualquer religião. Os discípulos, chamaram a doutrina de Cristo de "O Caminho." Isto está registrado em At. 19 e At. 24. Logo, o verdadeiro evangelho, nada tem a ver com religião humana. Outrossim, tem a ver com o ensino procedente de Deus e revelado aos Cristo. Este, por seu turno, o ensinou aos discípulos, os quais vieram a se tornar apóstolos após as suas conversões.
Soli Deo Gloria!