I Tm. 3: 6 e 7 - "... não neófito, para que não se ensoberbeça e venha a cair na condenação do Diabo. Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do Diabo."
Muito se especula sobre qual tenha sido o pecado do anjo querubim que veio a ser o Diabo. Tal anjo foi criado por Deus em perfeição conforme já foi pontuado no texto de Ezequiel capítulo vinte e oito.
Há em quase todas as crenças um dualismo ora brando, ora maniqueísta. Tal dicotomia entre o bem e o mal produziu a crença em deuses ou divindades do bem e do mal opostas entre si. Algumas dessas crenças afirmam que tal oposição é essencial ao equilíbrio do universo. O inusitado é que, as referidas crenças atribuem, tanto aos deuses do bem, como aos deuses do mal igual capacidade e merecimento de culto e adoração. Na fé cristã não é assim! O conceito de bem e mal nas Escrituras são distintos e não complementares, sendo Deus a fonte de todo o bem e o pecado a fonte de todo o mal moral conforme Tg. 1: 13 a 15 - "Ninguém, sendo tentado, diga: sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte." Entretanto, o conceito de bem e mal é bastante distorcido no ideário popular, pois consideram o que lhes agrada ou deseja como o bem, e tudo o que lhes é indesejável e desagradável como o mal. Atribuem o bem apenas a Deus e o mal apenas ao Diabo. Porém, deixam de considerar que há bem que é para o mal e há mal que é para o bem, pois quem conduz o universo e tudo que nele há é Deus. Portanto, não se pode confundir a visão humana de bem e mal com o controle soberano de Deus conforme as Escrituras.
Deus não criou um Diabo, um ser maléfico, mas um anjo da ordem dos querubins, perfeito, formoso, coberto de honra e de autoridade. A este anjo foi dado o encargo de conduzir a adoração e o louvor perfeito, porque a expressão "para proteger" [הַסּוֹכֵךְ] "hasokhech" no hebraico de Ezequiel 28: 14 significa literalmente "quem conduz." Há, segundo as Escrituras, nove categorias de anjos, a saber: principados, potestades, virtudes, dominações, tronos, querubins, arcanjo, serafins e anjos simples. Os querubins, cuja ordem pertenceu o Diabo, são apresentados ora como crianças aladas, ora como animais conforme Ap. 4: 6 a 9 - "... também havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal; e ao redor do trono, um ao meio de cada lado, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás; e o primeiro ser era semelhante a um leão; o segundo ser, semelhante a um touro; tinha o terceiro ser o rosto como de homem; e o quarto ser era semelhante a uma águia voando. Os quatro seres viventes tinham, cada um, seis asas, e ao redor e por dentro estavam cheios de olhos; e não têm descanso nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir. E, sempre que os seres viventes davam glória e honra e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive pelos séculos dos séculos ..."
Desta forma o anjo querubim não foi tentado ao pecado, porque não havia nada e ninguém que o tentasse. Portanto, ele é auto-pecador, contrariamente ao homem que é heteropecador, visto que foi por ele tentado ao pecado. Foi por livre escolha que o anjo perfeito em seus caminhos optou pelo desejo de ser um deus e caiu. Após a sua queda passou a ser o Diabo, Satanás, Dragão e Antiga Serpente. Por esta razão é que o Diabo se materializou na serpente no Éden e, futuramente se corporizará no Anticristo como o dragão conforme diversas passagens do livro de Apocalipse. Foi tipificado no rei de Tiro e inspirador de Pedro de acordo com o evangelho de Mateus capítulo dezesseis, verso vinte e três.
O texto de abertura deste estudo mostra, por comparação, que a causa da condenação do anjo querubim foi a soberba. A concretização final de tal condenação foi a queda, ou seja, a sua perda das funções e expulsão do reino de Deus. O texto demonstra ainda que o anjo querubim caiu em seu próprio laço, a saber, optou pelo pecado e por ele se tornou Diabo e Satanás. O apóstolo Tiago mostra em sua epístola, capítulo um, a sequência que conduz à perdição: tentação, atração, engano, desejo, pecado e morte, ou seja, separação de Deus. Isto foi o que ocorreu com o anjo querubim e que o levou a morrer eternamente para Deus. Ele possui um grande número de demônios que foram anjos que aderiram à sua rebelião no céu e, por isso, caíram juntamente com ele conforme Ap. 12: 3 e 4 - "Viu-se também outro sinal no céu: eis um grande dragão vermelho que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas; a sua cauda levava após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra..." O dragão vermelho é o Diabo, as sete cabeças simbolizam o domínio pleno dos reinos terrestres, os dez chifres são governantes abertamente subordinados a Satanás. Os dez diademas representam poderes político-econômicos sob o comando do Diabo, declaradamente. Estrelas, no texto bíblico, sempre representam anjos. Tais anjos foram arrastados pelo Diabo em sua queda. Esta é a visão do apóstolo João, quando desterrado na Ilha de Patmos pelo imperador de Roma.
Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Soli Deo Gloria!
Nenhum comentário:
Postar um comentário