abril 06, 2015

O DIABO, VOSSO ADVERSÁRIO I

I Pd. 5: 8 a 10 - "Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão se cumprindo entre os vossos irmãos no mundo. E o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer."
Há inumeráveis referências ao Diabo nos contextos das culturas humanas. Igualmente há diversas formas de se referir a ele e de representá-lo. Entretanto, há pouquíssima verdade sobre tais referências e representações, considerando o texto bíblico. O Diabo não é um mito, mas um ser real e inteligente. A maneira de representá-lo, na cultura ocidental, provém do domínio absoluto da igreja católica, especialmente, na Idade Média. Difundia-se a ideia de um ser feio, terrível e assombrador com o objetivo de dominar o povo pelo medo. Manter as pessoas submissas ao controle da igreja era fundamental devido às ameças dos avanços científicos do Renascimento, da grande pobreza e analfabetismo entre as massas. Então, pintá-lo rabudo, chifrudo, com pés dotados de unhas fendidas era uma forma de assombrar o ideário popular ignorante e que não tinha acesso às Escrituras.
As Escrituras não dão muitos detalhes sobre a figura de Satanás, mas o pouco que fornece é o suficiente. Ez. 28:12 a 15 - "Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-te: assim diz o Senhor Deus: tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade." O texto descreve um ser angelical da ordem dos querubins tipificado, inicialmente, na pessoa do rei da cidade de Tiro. Todavia percebe-se pelas descrições que não se tratava de um homem, pois selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura não combinam com um rei a quem se destina um final fúnebre que foi conquistado por Nabucodonozor. Também, nenhum rei humano esteve no Éden ou jardim de Deus. O Éden descrito no texto é mineral e não vegetal como era o Éden terrestre de Adão. Também se vê que, no dia em que foi criado por Deus, ao que parece, foi-lhe atribuída alguma habilidade musical com tambores e pífaros. Este anjo foi colocado como o chefe da guarda na presença de Deus. Tal anjo cujo nome próprio não foi declarado era perfeito em seus caminhos até que em seu coração foi achada a iniquidade. Tal iniquidade é nomeada em Is. 14: 13 e 14 - "E tu dizias no teu coração: eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo." Desejou ser um deus e ter um domínio para si.
O nome Lúcifer atribuído ao anjo caído não é verdadeiro e não se confirma nas Escrituras. Trata-se de um erro de tradução de S. Jerônimo na versão bíblica da Septuaginta do hebraico para o latim. Ao traduzir a expressão "... resplandecente estrela da manhã..." S. Jerônimo tomou uma locução adjetiva como substantivo e nome próprio. Em latim, "portador da luz" é "Lux ferris", por isso, a palavra Lúcifer em português. A expressão é uma alusão ao anjo querubim antes de entrar em rebelião contra Deus. Is. 14:12 a 14 - "Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas as nações! E tu dizias no teu coração: eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo." Desta forma, a expressão 'resplandecente estrela da manhã' é uma forma gloriosa de se referir ao anjo antes de se tornar Satanás e Diabo. Também é uma das formas de se referir ao planeta Vênus, pois se parece, na Terra, a uma brilhantes estrela que é vista ao amanhecer em certas épocas do ano e ao anoitecer em outras. Os gregos chamavam de Heósforos [Ηωσφόρος] que significa Fósforo ou Tocha de Fogo. Atribuía-se o Planeta Vênus a uma divindade mitológica menor. Então, de fato, Satanás é um, Lúcifer nunca existiu e o planeta Vênus é um corpo celeste luminoso quando visto da Terra.
Por estas razões há três maneiras de se referir ao anjo caído: antes da queda era "Portador da Luz", depois da queda Satanás e Diabo. Lúcifer provém de uma expressão, não sendo, portanto, um nome próprio. Satanás provém do hebraico [שָטָן] que é transliterado como "Satã". Satanás significa em hebraico, adversário ou inimigo. Entretanto, a ideia de Satanás para os judeus não era apenas atribuída a um ser sobrenatural, mas a qualquer adversário ou inimigo humano. Diabo [διάβολος] é o equivalente grego para Satanás e significa acusador ou caluniador. Não se atribui a palavra Diabo a pessoas ou aos demais anjos caídos, porque é exclusiva de Satanás. 
II Co. 11:14 - "E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz." Vê-se que Satanás não sendo mais o anjo portador da luz, se disfarça como sendo um anjo de luz para enganar. Portanto, erram profundamente aqueles que pintam-no como um ser horrendo e feio. Ao contrário, para enganar e seduzir os homens necessita se disfarçar em anjo de luz. No livro de Apocalipse Satanás recebe outras denominações conforme Ap. 12:9 - "E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele." Tais referências estão em consonância às suas atividades maléficas ligadas ao fogo e ao engano dos primeiros ancestrais do homem no Éden.
Sola Scriptura!

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