fevereiro 19, 2014

CRISTIANISMO SEM CRISTO X

Tt. 1: 9 a 16 - "... retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes. Porque há muitos insubordinados, faladores vãos, e enganadores, especialmente os da circuncisão, aos quais é preciso tapar a boca; porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância. Um dentre eles, seu próprio profeta, disse: os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, glutões preguiçosos. Este testemunho é verdadeiro. Portanto repreende-os severamente, para que sejam são na fé, não dando ouvidos a fábulas judaicas, nem a mandamentos de homens que se desviam da verdade. Tudo é puro para os que são puros, mas para os corrompidos e incrédulos nada é puro; antes tanto a sua mente como a sua consciência estão contaminadas. Afirmam que conhecem a Deus, mas pelas suas obras o negam, sendo abomináveis, e desobedientes, e réprobos para toda boa obra."
A existência de uma categoria de cristianismo anômalo é perfeitamente visível na atualidade. Entretanto, não é por questões comportamentais que se percebe isto, mas pela proclamação de um falso evangelho. Em geral, as pessoas acusam esta ou aquela religião de não ser verdadeiramente cristã por razões ligadas à baixa moralidade dos seu seguidores. Porém, o comportamento ético-moral de um cristão é pautado pela vida de Cristo e isto só é possível quando se ganha a vida d'Ele como um princípio interior. De nada aproveita uma pessoa se conter para não cometer delitos, erros, atos pecaminosos, sendo portador da natureza pecaminosa em seu coração. Tal natureza é residente e persistente em todos os homens conforme Rm. 5: 12 e 18 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram. Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida." Então, o pecado tornou todos os homens injustos, a saber, desajustados em relação à natureza de Deus. Todavia, a justificação em Cristo torna todos os eleitos e regenerados novamente justificados perante Ele. Ao processo de restauração do espírito corrompido no homem, dá-se o nome de "novo nascimento" ou regeneração. A regeneração, isto é, nova geração em Cristo não é um exercício de religião exterior.
Segundo o texto de abertura, é a palavra fiel, ou seja, a pregação de acordo com as Escrituras que é conforme a doutrina e não a doutrina conforme a palavra do pregador. Isto implica dizer que a pregação é fiel quando anuncia o ensino das Escrituras. É esta postura que torna o pregador dotado da autoridade do alto e não os seus preceitos, regras, normas comportamentais, rituais e liturgias. Os pecadores poderão até atacar o pregador, mas jamais poderão contra a verdade conforme II Co. 13:8 - "Porque nada podemos contra a verdade, porém, a favor da verdade." É a doutrina sadia, pura e exata que silencia os contradizentes e não doutrinas de homens cujas mentes são contaminadas pela corrupção do pecado original.
As fábulas judaicas mencionados por Tito é uma referência ao emaranhado dos preceitos da religião legalista. Os insubordinados e falaciosos misturam sempre algo a mais à pureza do evangelho. Verifica-se muito nestes dias o renascimento da tendência à diluição da graça com a lei. À adoção por diversas igrejas do "cristianismo sem Cristo" se dá pelos valores e ensinos do judaísmo, originando as doutrinas judaizantes. Decoram as igrejas com réplicas da arca da aliança, instituem ministradores da música como levitas, tocam o 'shofar' que era usado apenas para as convocações à oração e assembleias dos anciãos. Há grupos que constroem seus templos como réplicas do templo de Salomão.
No tocante aos mandamentos de homens referidos por Paulo é uma alusão aos ensinamentos gnósticos introduzidos nas igrejas por influência da filosofia helênica naquele tempo. Hoje, o gnosticismo se prolifera abertamente na adoção de diversas práticas místicas cujo objetivo é colocar toda a centralidade no homem  e nos seus feitos para alcançar espiritualidade. Ora, como se pode alcançar espiritualidade se o espírito do homem está "morto" para Deus? Por esta razão é que o apóstolo afirma: "antes tanto a sua mente como a sua consciência estão contaminadas." Enquanto o pecador decaído e corrompido não é reconciliado pela justificação em Cristo, nada nele é espiritual. O "cristianismo sem Cristo" sobrevive de alimentar  a alma contaminada pela natureza pecaminosa, confundindo suas reações sensoriais como coisas espirituais. Por isto Jesus, o Cristo ensina em Jo. 3: 3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Então, sem novo nascimento, não vê e não entra!
Solo Christus!

fevereiro 17, 2014

CRISTIANISMO SEM CRISTO IX

II Co. 11: 3 e 4 - "Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo. Porque, se alguém vem e vos prega outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, de boa mente o suportais!"
Muitas pessoas e até mesmo alguns que se dizem cristãos afirmam que os relatos bíblicos são apenas mitos ou lendas. Colocam as narrativas nestes termos para lhes retirar ou reduzir a credibilidade. Desenvolvem teorias e teologias para desconstruir a verdade, porque as suas naturezas são incompatíveis com ela. Após a queda, a natureza humana passou a ser controlada por Satanás e todas as inclinações do coração do homem ficaram a ele submetidas conforme Gn. 6:5 - "Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na Terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente." Tais pessoas agem assim por força das suas naturezas corrompidas e pecaminosas. É um ato consciente quanto à carnalidade, mas inconsciente quanto a espiritualidade. Obviamente que, a serpente era um animal natural e não um espírito maligno. A serpente foi o instrumento material para o espírito do anjo caído se apoderar e agir contra Deus. 
Intelectuais de segunda mão afirmam que tais relatos sobre a criação, a queda e o julgamento final do homem constam em diversos escritos antigos. Eles imaginam que isto desqualifica a mensagem cristã. Todavia, desconhecem que todas estas informações tiveram a mesma origem, visto que, naqueles tempos as narrativas eram passadas e repassadas oralmente pelos ancestrais. A humanidade se resumia em um número muito pequeno e todas as informações eram conhecidas por todos os grupos, linhagens e clãs. Contrariamente, tais registros acerca dos mesmos temas, apenas confirmam a veracidade dos mesmos. Também é importante acrescentar que uma lenda ou mito não retira a veracidade do assunto. São apenas formas diferentes de narrar os fatos verdadeiros.
O "cristianismo sem Cristo" tem por objetivo reforçar a descrença humana na verdade do evangelho e aumentar a crença no próprio homem. Embora pareça contraditório, mas a melhor maneira de desconstruir uma verdade é se infiltrando nela e se apoderando de modo sutil das suas bases e modificando-as lenta e gradativamente. Foi o mesmo método de Satanás no Éden quando enganou a Eva conforme Gn. 3:1 a 5 - "Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: é assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Disse a serpente à mulher: certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal." Satanás começa a sua dissimulação fazendo uma afirmação generalizada, contendo meia verdade. A mulher por sua vez não tinha a informação correta também e acrescenta palavras às palavras de Deus. Finalmente, Satanás afirma uma palavra contradizente com aquela dita por Deus a Adão. Afirmou que, mesmo comendo do fruto não permitido, não aconteceria nada demais. Instigou o desejo na mulher de ser como Deus, conhecedora do bem e do mal. Isto significa a capacidade de julgamento próprio sem a orientação direta de Deus. A isto denomina-se queda, corrupção e pecado original.
O texto de abertura mostra a preocupação do apóstolo Paulo com a igreja em Corinto. Naquele tempo uma igreja era formada por um reduzido número de pessoas que se reunia para ler as Escrituras, cantar e compartilhar das maravilhas de Cristo. Nem mais, nem menos que isto! Não haviam templos suntuosos e cheios de estruturas e, muito menos, teologias esdrúxulas. Verifica-se que a preocupação não era sobre questões comportamentais ou morais em primeiro grau, mas com a possibilidade de corrupção do conhecimento. A consequência seguinte à corrupção da verdade é a perda da simplicidade do evangelho de Cristo. Estes fatos se repetem a milhares de anos da mesma forma e com o mesmo conteúdo. 
Qualquer um que levanta e anuncia alguma novidade interessante aos desejos da natureza decaída e corrompida do homem, logo é aceito como grande virtuose de Deus na Terra. É desta maneira  que surge o "cristianismo sem Cristo". É pelo anúncio de uma religião de barganhas, de falsos milagres, de triunfalismo mentiroso que os sentidos e o entendimento são corrompidos. A pessoa fica cheia de verdades próprias, mas não do Cristo mostrado nas Escrituras. As igrejas se enchem de arrogantes e tolos, servindo a Satanás por meio dos poderes latentes da alma. Tais pessoas são mais úteis ao Maligno dentro das igrejas, que fora delas. São os pregadores de outro Jesus, outro evangelho e outro Espírito Santo. A estes o homem portador da natureza pecaminosa ouve, prestigia e dá crédito.
Sola Scriptura!

fevereiro 14, 2014

CRISTIANISMO SEM CRISTO VIII

I Co. 3: 11 a 20 - "Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia como que pelo fogo. Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque sagrado é o santuário de Deus, que sois vós. Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: ele apanha os sábios na sua própria astúcia; e outra vez: o Senhor conhece as cogitações dos sábios, que são vãs."
Muitos imaginam que o falso cristianismo é aquele formado por igrejas ou seitas cujos líderes são gananciosos e roubadores. Outros imaginam que o falso cristianismo é toda religião que não seja a sua. Outros ainda acreditam que o falso cristianismo é uma questão comportamental, ou seja, pessoas cujos valores são reprováveis ou escandalosos. Assim, a maioria dos que se opõem ao cristianismo julga erroneamente. Seus juízos não são providos de fundamentos espirituais. Por esta razão Jesus, o Cristo disse: "... cegos, guiando cegos." Considerando o ensino puro de Cristo, nem os que julgam, nem os que são objeto de julgamentos passariam pela prova da fé conforme II Co. 13: 5 a 8 - "Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados. Mas espero que entendereis que nós não somos reprovados. Ora, rogamos a Deus que não façais mal algum, não para que nós pareçamos aprovados, mas que vós façais o bem, embora nós sejamos como reprovados. Porque nada podemos contra a verdade, porém, a favor da verdade." Vê-se que o único teste exigido nas Escrituras é que o cristão tenha a vida de Cristo. Entretanto, isto só é possível por meio do novo nascimento, e, este, não é subproduto da vontade humana ou de exercício de religião. Verifica-se, no texto acima, que, não se deve fazer o bem para ser aprovado pelos homens. Porque, aos olhos do mundo, o cristão verdadeiro sempre será considerando reprovado. Os religiosos não conhecem os termos estabelecidos nas Escrituras, pois elas afirmam que há uma inimizade natural entre a luz e as trevas conforme Tg. 4:4 - "Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." A verdade subjacente é que não há como amar a dois senhores ao mesmo tempo, porque é uma questão de princípio e não de circunstâncias. 
Uma das características do falso cristão é a busca pela aprovação dos homens. Neste caso, a vaidade consiste na busca da glória dos homens e não da vida de Cristo. Nenhum cristão, com experiência real de novo nascimento, se reconforta na expectativa de ser bem visto e amado pelo mundo, pois o ensino diz: "e sereis odiados de todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo." Cristo afirma em outra instância que, quem cogita das coisas do homens é Satanás.
O texto de abertura mostra com clareza que não se pode lançar outro fundamento sobro o já lançado. O fundamento é Cristo e este crucificado, morto e ressurrecto. Há diversas possibilidades de construir sobre o fundamento já colocado, mas jamais é permitido colocar um novo fundamento. Muitos constroem sobre a Rocha Eterna, a saber, Cristo, edificações de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha. Na restauração final é que se mostrará qual é a obra permanente e qual a que se queimou. Esta é a razão pela qual não se avalia o verdadeiro cristianismo apenas com base nos feitos ou malfeitos dos cristãos. É com base no que é permanente, ou seja, a vida de Cristo que será provado. Pela mesma razão foi dito por Paulo que o vaso é de barro e o seu conteúdo é de ouro. 
O erro mais grosseiro que se vê no "cristianismo sem Cristo" é cultuar um Deus que está distante no céu, um Cristo simbólico e enigmático e um Espírito Santo de conveniências. O nascido de Deus é o santuário d'Ele por meio do Espírito Santo que o conduz e o ensina toda a verdade conforme Jo. 16:13 - "Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras." Este mesmo Consolador já foi enviado e tem como única meta glorificar a Cristo, convencendo o homem do pecado, da justiça e do juízo. 
Quando o cristão substitui a vida de Cristo por conhecimento teológico, rituais e misticismo religioso, práticas de auto-justificação e busca de méritos, violou tudo o que as Escrituras ensinam. Neste ponto se constituiu como mais um no grupo dos que estão no cristianismo, no qual, Cristo não tem parte.
Sola Scriptura!

fevereiro 06, 2014

CRISTIANISMO SEM CRISTO VII

Gl. 3: 1 a 6 - "Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus Cristo como crucificado? Só isto quero saber de vós: Foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis? Será que padecestes tantas coisas em vão? Se é que isso foi em vão. Aquele pois que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, acaso o faz pelas obras da lei, ou pelo ouvir com fé? Assim como Abraão creu a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça."
Em um fundamento têm-se duas partes: a essencial e a assessória. A essencial é a tese, a afirmação, a sentença ou a razão. A parte assessória é circunstancial ou satélite, sendo, portanto, um desdobramento das implicações decorrentes da essência. Assim, jamais o que é assessório arrasta o que é essencial e fundamental. Seria como colocar o carro arrastando o motor ou a Terra orbitando a Lua.
No que tange ao Cristianismo bíblico existe o que é fundamentalmente essencial e o que é apenas assessório e decorrente. O cristão com experiência de novo nascimento depende do que é essencial e não do que é assessório. Por exemplo, não matar, não roubar, não mentir, não adulterar, etc são aspectos assessórios da vida de alguém que experimentou o novo nascimento. Não é por apresentar tais comportamentos morais que o cristão é cristão. É porque Cristo é a razão da sua vida que ele é um cristão conforme Cl. 3: 3 e 4 - "... porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória." Igualmente se dá no sentido em que os atos pecaminosos são consequentes e assessórios, mas o pecado como natureza e princípio é essencial e fundamental. Assim, um homem é pecador, não apenas porque comete atos pecaminosos, mas porque possui a natureza pecaminosa. É a natureza pecaminosa que arrasta-o a cometer os atos pecaminosos e não o contrário como se supõe na religião. Há doutores em divindades que não recebem a graça do discernimento sobre estas verdades esplendentes.
Um sistema de crenças pode falar acerca de Deus, de Cristo, de fé, de Igreja, de Bíblia, sem, necessariamente, conhecer tais realidades como essenciais. Elas são apenas assessórias para gerar aceitação e a suposta legitimidade da religião exterior. É neste sentido que existe e triunfa no mundo moderno o "Cristianismo sem Cristo". Tais religiões e seitas enfatizam o comportamento moral, o ser bem sucedido e o prestígio social como evidências de autenticidade cristã. Ora, o próprio Cristo foi reprovado pelos religiosos do seu tempo porque seus atos violavam tais preceitos. Foi reputado como alguém que cometia atos contrários aos princípios e valores consagrados pelo judaísmo. Jesus, o Cristo foi acusado de curar no sábado, comer e beber com publicanos e pecadores, andar com prostitutas. Isto porque, para os religiosos, os atos são essenciais, enquanto a natureza regenerada é assessória.
O que determina a existência do "Cristianismo sem Cristo" é o abandono do que é essencial e a adoção e a valoração do que é assessório. Desta forma, o desejo de ouvir uma pregação agradável, ajuntar para si mestres e doutores segundo os próprios desejos, desviar os ouvidos da sã doutrina, dar ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios se constituem na produção de um cristianismo anômalo, sem Cristo e diabólico. Esta categoria de cristianismo se caracteriza por seus líderes e, consequentemente, seus seguidores voltarem-se às fábulas. Uma fábula é uma narrativa de caráter moral e alegórico. O objetivo final da fábula é transmitir ensinamento e sabedoria moral ao homem. Desta maneira é algo cuja centralidade está no homem e não em Cristo. A fábula é, por excelência, uma narrativa inverossímil com fundo didático. Também a fábula simples se constitui de conceder aos animais e seres inanimados a capacidade da fala e da expressão de costumes e fatos para explicar a lição moral que se pretende. Ora, há uma cantora de uma famosa e popular banda gospel que se apresenta andando e grunhindo de quatro no palco, afirmando que se trata da "unção do leão". Há por aí diversas "unções" que nada mais são que fábulas.  
O texto que abre este estudo mostra que os cristãos da Galácia estavam abandonando a graça e voltando à lei. Estavam abandonando a fé e retornando às obras. Estavam abandonando o Espírito de Cristo e voltando à carnalidade. Uma das formas mais comuns de criar e alimentar o "cristianismo sem Cristo" nos tempos atuais é o abandono da sã doutrina para voltar aos rudimentos fabulosos de práticas da religião exterior. Há grande busca por auto-sacrifícios por meio de jejuns prolongados, orações sistematizadas, curas interiores, louvores extravagantes, vigílias no monte, campanhas programáticas. Uso de textos bíblicos que oferecem promessas de vitória e poder é um engodo para atrair pessoas com problemas pessoais. Apegam-se ao que é assessório nas Escrituras e abandonam Cristo "a essência de tudo o que é espiritual" nos dizeres de Watchman Nee. Tais "cristãos" trocam o doador pela doação, o dom pelas doações e a fé pela sensorialidade. É este cristianismo que domina e predomina nos dias que transcorrem. É um Cristianismo humanista e triunfalista, no qual, não se vê a centralidade de Cristo e da cruz.
Solo Christus!