agosto 04, 2013

AS FRAQUEZAS, OS FRACOS E O FORTE

II Co. 12: 7 a 10 - "E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais; acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim; e ele me disse: a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte."
Na atualidade se veem nas redes sociais e na internet, em geral, diversas e diferentes manifestações de caráter religioso. Na maior parte das tais mensagens se vê claramente uma espécie de triunfalismo retumbante, ou seja, decretação de poder e de triunfo sobre supostos inimigos e possíveis derrotas. Usam textos bíblicos como uma espécie de mantra contra a má sorte, contra os males visíveis e invisíveis. Evocam frases de efeitos, versículos, citações retiradas de livros de autoajuda e até mesmo estrofes de músicas chamadas "gospel". Demonstra-se uma incrível necessidade de se autoafirmar ou de vencer adversários, invejas, demônios e inimigos que sequer existem experimentalmente. Agem na suposição que há alguém em algum lugar conspirando contra eles, e, portanto, entram com um 'habeas corpus preventivo' perante Deus. Criam uma espécie de teologia forense preventiva contra forças supostamente contrárias e para salvaguardar seus direitos. Entretanto, desconhecem que a natureza pecaminosa só possui um direito: morrer na cruz com Cristo.
Verifica-se na religião, subproduto da ação sinérgica do homem em busca de um 'deus' qualquer, uma profunda manifestação de poder humano. Evocam-se forças e poderes sob pretexto de direitos adquiridos mediante o esforço por meio de obras de justiça, méritos conseguidos por suposta fidelidade e exigências das promessas bíblicas. Tais religiosos não conhecem o poder de Deus e a sua eterna justiça. Eles seguem um esquema próprio na idealização do que desejam que Deus seja para os seus desejos e vontades paparicados pela religião do ver para crer. Este emaranhado de coisas emerge em meio às diversas teologias modernas: Teologia Relacional, Teologia da Libertação, Teologia da Determinação, Teísmo Aberto, entre outras. 
Muitas das buscas e rezas destes religiosos acontecem positivamente, porque são produzidas pelos poderes latentes da alma. Deus não opera neste nível de fé experimental e sensorial. A operação d'Ele é pelo seu Espírito sobre o espírito dos eleitos e regenerados conforme I Co. 2: 14 a 16 - "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido. Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo." O homem natural é o homem não regenerado e isto nada tem a ver com religião, mas com novo nascimento. O homem espiritual é aquele que foi convertido nos termos das Escrituras e não no formato religioso. Quando alguém diz que "se converteu", isto significa apenas que a pessoa passou de uma religião para outra. Quando alguém crê que foi convertido, isto significa que o Espírito Santo operou nesta pessoa a vivificação para crer por meio da graça mediante a fé. É uma ação absolutamente monérgica, a saber, que partiu da soberana vontade de Deus. O texto de I Coríntios 2 mostra que o homem natural não aceita o que provém de Deus, porque a sua natureza pecaminosa é oposta a Ele. Tudo o que provém de Deus produz dois discernimentos: no regenerado é discernido espiritualmente, no homem natural é discernido como loucura. Os nascidos de Deus respondem positivamente às coisas espirituais, porque os seus espíritos foram reconciliados com Deus. Este é o mistério que esteve oculto ao longo dos tempos conforme Cl. 1: 26 e 27 - "... o mistério que esteve oculto dos séculos, e das gerações; mas agora foi manifesto aos seus santos, a quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória."
O apóstolo Paulo fala das suas fraquezas com absoluta naturalidade e resignação, porque nele operava agora uma outra disposição antagônica àquela anterior à sua conversão. Na sua experiência arrebatadora viu e ouviu coisas indescritíveis as quais não ousavam pronunciar. Desta forma, para que não se exaltasse em soberba, Deus lhe permitiu alguma experiência desagradável na carne. Tal incômodo foi objeto de oração por três vezes, mas a resposta de Deus foi que ele deveria ser apoiado apenas pela graça. Deus disse a Paulo que o poder d'Ele se aperfeiçoava na sua fraqueza. Isto faz todo o sentido, pois o homem não pode competir com Deus em poder e glória, sendo apenas obra das suas mãos. Em um homem regenerado não há triunfalismos, mas apenas a glorificação do poder Cristo nele. Por esta razão em outro contexto Paulo afirma: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não da nossa parte." O homem, ainda que regenerado, é apenas um vaso de barro. A excelência e o tesouro é Cristo nele, a esperança da glória. Os verdadeiros cristãos vivem neste mundo em muitas fraquezas, para que a semente que serve a Deus de geração em geração não seja sufocada e destruída. O forte é Cristo e não os seus irmãos gerados em sua morte e filhos de Deus por adoção. 
Estes rompantes de triunfalismo religiosos estão a serviço de outro que não Cristo. Servem aos apetites de poder, fama e sucesso do homem natural que, por ser religioso, reivindica tais poderes para si a qualquer custo. Acabam se transformando em pasto aos "... principados, potestades, príncipes do mundo destas trevas, hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes.
Sola Scriptura!

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