janeiro 03, 2010

A SÍNDROME DE JÓ XVIII


Jó 31: 1 a 4 - "Fiz aliança com os meus olhos; como, pois, os fixaria numa virgem? Que porção teria eu do Deus lá de cima, ou que herança do Todo-Poderoso desde as alturas? Porventura não é a perdição para o perverso, o desastre para os que praticam iniquidade? Ou não vê ele os meus caminhos, e não conta todos os meus passos?" No capítulo 30 Jó se põe a lamentar as suas misérias, demonstrando uma enorme preocupação com a opinião dos outros homens. Esta é uma constante na vida do religioso não regenerado. Há uma grande preocupação com a aparência exterior, com a ética comportamental ou situacional. É como se a espiritualidade fosse algo produzido pelo comportamento moral do homem. Não é assim que ensinam as Escrituras. Elas doutrinam que a moralidade e a ética surgem como consequência da ação de Deus no homem. Quando se inverte esta realidade, se é que se inverte, coloca-se o foco no homem e não em Deus por meio de Cristo. Isto é heresia e falta de temor diante da justiça eterna executada na cruz.
No capítulo 31, Jó condiciona a ação de Deus à sua integridade e retidão, apresentando suas excelsas qualidades como credenciais a uma boa resposta d'Ele. Não são nossas alianças que nos garantem uma boa relação e uma boa posição perante Deus, mas as Suas misericórdias e a Sua graça. Jó vê Deus como "o Deus lá de cima", e não como um Deus pessoal e presente; define Deus, como o "Todo-Poderoso desde as alturas" e não o Deus cuja glória enche os céus e a Terra; vê a salvação em termos das ações humanas com base na prática do bem e do mal, sendo estes subprodutos da natureza humana, porém se esquece que esta é decaída e corrompida.
O culto racional a que alude Paulo em Rm. 12:1 é o culto resultante da geração de uma nova criatura, produzindo como consequência uma vida voltada à plena vontade de Deus. É a razão humana regenerada, a qual se volta para agradar ao Criador como consequência do fato de que é nova criatura conforme II Co. 5:17 - "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." A novidade de vida vem, porque alguém está em Cristo e não que ele esteja em alguém, por este apresentar novidade de vida. Isto não é possível, porque o homem decaído não pode produzir sua própria regeneração. Ele não é salvador de si mesmo, pois isto anularia a graça de Deus manifestada em Cristo e na Sua morte de cruz. As coisas velhas já se foram e tudo se faz novo diante dos olhos de Deus, porque Ele vê a nova criatura em Cristo Seu Filho Unigênito e Primogênito dentre os mortos. O grande erro do religioso é achar que seu bom comportamento moral, sua ética, suas justiças próprias e seus supostos méritos convencem a Deus a lhes ser inclinado ou favorável. Ao contrário é a condição de novidade de vida no nascimento ou geração do alto que torna o pecador decaído aceitável perante Deus.
Pela última vez Jó declara a sua integridade no capítulo 31, fazendo um discurso dialético, no qual confronta as suas justiças e boas práticas com o estado de calamidade a que estava submetido. Jó alega a sua absoluta inocência, porém creditou-a às coisas, fatos, comportamentos, moralidade e ética. Deus realizava uma ação espiritual, porém Jó via apenas ações exteriores, ética situacional e comportamento relacional. Deus está extirpando a natureza pecaminosa residente e persistente em Jó, mas ele insiste em que é reto, íntegro, temente e afasta-se do que é mal. Jó não era pecador, porque cometia atos pecaminosos, mas porque todo homem já nasce pecador por natureza e herança adâmica conforme Rm. 5:12 - "Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso, que todos pecaram." Veja, o texto fala que entrou o pecado, e não os pecados. Isto significa algo para você? Se não pode começar a pedir a sabedoria do alto! O pecado como um princípio ou natureza dominante no homem é uma questão de DNA e não apenas de atos e atitudes ruins.
Não haveria necessidade de Jó declarar e alegar a sua integridade perante Deus, pois Ele próprio já declarara isto nos capítulos 1 e 2 perante os anjos e perante Satanás que ele era reto, íntegro, temente e desviava-se do mal. Então fica evidente que não são estes comportamentos e culto exterior que regeneram o pecador.
Tal como Jó, o homem religioso, e que não passou pelo nascimento do alto reivindica tudo diante de Deus com base no que faz e não com base no que é por natureza. Neste sentido a religião humana nada mais é que uma moeda de troca e uma mercadoria de escambo. Deus não está nisso!
Sola Gratia!
Sola Fide!

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