At. 1: 1 a 8 - "Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo o que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus. E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel? E disse-lhes: não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra."
É inegável que há uma crise na humanidade. Entendendo crise como o contexto em tela exige, pode-se dizer que há um conflito e uma enorme tensão nas relações intrapessoais e interpessoais. O pecado gerou um permanente estado de crise, visto que este é iniquidade, a saber, uma falta de equidade. Ele causa permanente estado de desequilíbrio entre corpo, alma e espírito no homem. Além, obviamente, de ter causado profundo desequilíbrio nas relações entre os homens e destes para com o Criador.
A principal crise da igreja institucional é que ela está na contramão do evangelho. Há uma ideia generalizada que a igreja tornou-se irrelevante e entediante, porque não oferece os atrativos desejados pela alma humana. Neste ponto, a situação se agrava, uma vez que, ao invés de o homem pecador se curvar à verdade, quer que esta se lhe curve aos caprichos e desejos contaminados pela natureza pecaminosa.
Prevalece na igreja histórica e nominal uma forte cultura do sucesso como um estilo garantidor de bem-estar espiritual. Praticam um culto do tipo, obtenha os resultados que o mundo deseja, ou então, Deus não está aqui. Colocam em xeque, o poder de Deus diante dos apelos do mundo e vão construindo cada vez mais, uma religião de segunda mão. Exigem um Deus que satisfaça plenamente os desejos dos homens sem que estes tenham qualquer experiência nas Escrituras, na cruz, e em Cristo. Esta igreja capenga e soberba prega um evangelho de conveniências e não o evangelho da graça plena.
Assim, a crise por que passa a denominada cristandade é uma crise de poder. Não o poder tal como doutrinado em Atos 1. Mas, um poder que garanta a satisfação ao homem portador da natureza pecaminosa. Reagem ao mundo espiritual como se estivessem numa loja de departamentos cuja propaganda reza o seguinte: "sua satisfação garantida, ou vá para o concorrente." Neste sentido confundem poder material com poder espiritual. Enquanto aquele se apropria por meio de coisas e sinais sensoriais, este se recebe como dom de Deus. O que o texto de Atos ensina é que o poder do alto é para capacitar o crente ao testemunho e não para obter coisas como se vê nestes tempos difíceis. O que buscam estes religiosos não é o poder espiritual, mas capacidade para realizar sinais e maravilhas. Imaginam eles que isto é o suficiente para demonstrar Deus e obter d'Ele algo. No final acabam por estabelecer alianças com espíritos enganadores e se tornam igrejas enganadas e enganadoras. Deus é Espírito e recebe adoração em espírito. Sinais, prodígios e maravilhas são para incrédulos e não para crentes. Os nascidos de Deus são como o vento que sopra onde quer e ninguém vê. Não são norteados por sinais, mas pela fé dom de Deus.
O texto acima, mostra que o único poder conferido por Deus aos seus eleitos é para ser testemunhas em Jerusalém (igreja local), em Judéia e Samária (igreja regional) e nos confins do mundo (igreja universal). Lembrando-se que no grego neotestamentário, testemunha é o mesmo que mártir e não aproveitador e explorador do poder divino, como se Deus pudesse ser manipulado pelo pecador.
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