I Jo. 2:18 - "Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora." O substantivo anticristo possui o sentido de tudo o que se opõe a Cristo, aos cristãos e ao Cristianismo. Todavia, também significa aquele ou aquilo que presume tomar o lugar de Cristo. O vocábulo utilizado no texto que abre esta instância, é no grego neotestamentário, 'antichkristós', resultando da junção do prefixo 'anti' que é uma preposição, podendo significar: "face a face, oposto a, em frente de, no lugar de". Acrescido do título "Christós" que significa: Ungido, Escolhido, Enviado. Assim, a expressão 'anticristo' significa "que supõe tomar o lugar de Cristo, em substituição a Cristo, no lugar de Cristo."
Cumpridas as devidas exigências semânticas, passemos às considerações ao texto. O apóstolo João está mostrando que há uma profecia do advento do anticristo, mas que muitos homens já havia se levantado nesta condição, pois em suas heresias pretendiam tomar o lugar de Cristo na primazia do evangelho e da justificação do pecador. O ensino joanino é que estes acontecimentos e comportamentos na Igreja eram indicações de que o tempo do fim havia começado desde o primeiro século da era cristã.
Estes anticristos, os quais têm surgido e insurgido ao longo dos séculos desta última hora são doutrinadores, pregadores, professores de teologia, missionários, líderes religiosos. Os tais pretendem quebrar toda a revelação compendiada nas Escrituras para inserir seus métodos para a salvação do homem decaído. As Escrituras mostram que o homem decaído e absolutamente depravado, não possui capacidade alguma para crer no evangelho e para cumprir a lei moral; que a eleição divina é por graça e não por mérito, sendo, portanto, soberana, irresistível e incondicional. Os pecadores achados pela graça recebem fé para crer e para serem justificados mediante esta fé; que a obra remidora de Cristo teve como alvo a salvação dos eleitos e não de todos os homens; que a obra do Espírito Santo é a de conduzir os pecadores à fé por meio do convencimento da justiça, do juízo e do pecado; e que os eleitos regenerados são guardados nesta fé recebida e na graça pelo poder de Deus até que cheguem a glória eterna.
Desta forma uma das primeiras manifestações dos anticristos protótipos do anticristo final é a da negação destas verdades. Eles não conseguem alcançá-las por conta própria, porque as tais resultam da misericórdia e da graça livre de Deus, por isso, se rebelam contra elas criando uma religião paralela e de segunda mão.
Rm. 9:16 - "Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus que usa de misericórdia." Então, a salvação não depende do querer do homem, nem tão pouco do esforço humano, mas de Deus que usa de misericórdia. Isto é considerado pelos espíritos enganados pelos espíritos enganadores como uma humilhação e uma injustiça de Deus. O espírito do engano religioso age sempre desta forma: se não podem crer, então não é verdadeiro.
Pelágio foi um desses, que, não podendo compreender a real existência da natureza pecaminosa, anterior e determinante dos atos pecaminosos, preferiu negar que houvesse o pecado original. Depois dele, tantos outros assim também procederam em suas crenças em arrepio às Escrituras. Dentre eles, um merece destaque pela importância a que a ele foi atribuída como grande virtuose, grande avivalista e grande pregador. Trata-se de Charles G. Finney. As Escrituras afirmam que o pecado original de Adão passou a todos os seus descendentes, porque ele era não apenas o pai ancestral, mas também o representante da raça humana. Por isso, no texto original hebraico ele é chamado de "cabeça federal de raça". Estava Adão em uma relação de pacto com Deus e com os seus descendentes. Como Adão pecou, transmitiu por culpa legal as consequências do pecado a todos os seus representados. Por isso, Deus encerrou tudo e todos debaixo do pecado para usar de misericórdia para com todos conforme Gl. 3:22 - "Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que crêem." Finney afirmou que tais ensinos das Escrituras eram absurdos e que o pecado, tal como ele o entendia, era resultado da livre escolha do homem. Assim, nasceu a falsa doutrina do "livre arbítrio". Finney estava baseado no sistema filosófico de Imanuel Kant, o qual afirma: "se eu devo, eu posso." Para Finney a doutrina do pecado original era uma subversão do evangelho e repulsiva à inteligência humana. Pelágio negava a graça como necessária à salvação, enquanto Finney admitia a ajuda do Espírito Santo para tanto, porém com a cooperação do homem pecador. Atropelou capítulos inteiros das Escrituras para sustentar isso apenas com base em cogitações filosóficas, lógica forense e senso de justiça própria para um pecador destituído da glória de Deus. Este Charles Finney foi um pobre enganado e um tolo enganador. Como a religião enganada aprecia o engano, ele é tido como grande avivalista ainda hoje.
Assim, de fato, muitos anticristos se têm levantado e se levantarão outros tantos ainda. Cada nova geração de anticristos será mais enganada e mais enganadora que a anterior. Isto ocorrerá até que venha o Anticristo final, o qual o Senhor dos Senhores e o Rei dos Reis destruirá como o sopro da sua boca.
Então fica o que reza I Tm. 1:17 - "Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém."