II Rs. 4: 38 a 41 - "E, voltando Eliseu a Gilgal, havia fome naquela terra, e os filhos dos profetas estavam assentados na sua presença; e disse ao seu servo: põe a panela grande ao lume, e faze um caldo de ervas para os filhos dos profetas. Então um deles saiu ao campo a apanhar ervas, e achou uma parra brava, e colheu dela enchendo a sua capa de colocíntidas; e veio, e as cortou na panela do caldo; porque não as conheciam. Assim deram de comer para os homens. E sucedeu que, comendo eles daquele caldo, clamaram e disseram: homem de Deus, há morte na panela. Não puderam comer. Porém ele disse: trazei farinha. E deitou-a na panela, e disse: dai de comer ao povo. E já não havia mal nenhum na panela." A mensagem é muito clara: o que é impossível ao homem é possível a Deus. A situação descrita mostra que a soberania de Deus se estende a todos igualmente. Não é pelo fato de ser profeta ou filho de profeta que Deus está obrigado a ser favorável e fazer que as benesses estejam asseguradas.
Esta passagem encerra em si mesma uma mensagem bem mais profunda do que uma simples história veterotestamentária para ser contada em classes de escola dominical. Ela mostra de um lado a fome espiritual, e de outro lado, a busca pelo alimento falseado. A tal parra brava é biologicamente conhecida como colocíntida, ou coloquíntida, uma espécie de trepadeira ornamental, da família das cucurbitáceas - Cucurbita pepo -, de flores com corola amarela e monopétala e frutos com manchas amarelas e verde-escuras, de várias formas. Assemelha-se muito aos pepinos comestíveis desses que se vendem nos mercados.
O jovem filho de profeta que saiu ao campo a recolher os falsos pepinos não tinha discernimento entre o verdadeiro e o falso. Ele simplesmente recolheu das iguarias e as cortou na panela do caldo sem critério algum. Esta é uma tipificação do homem que sedento da verdade acolhe qualquer mensagem como se verdadeira fosse.
Constatado que o caldo era venenoso houve clamor e reconhecimento de que a iguaria continha a morte e já não podiam comê-la. Assim, são os religiosos que vivem à cata de verdades e doutrinas para satisfação da sede almática do homem decaído. Tomam qualquer mensagem como verdadeira, por falta do critério da revelação. Nota-se que o falso é sempre fácil de ser achado, geralmente abundante e belo em seu aspecto exterior. As coloquíntidas são muito bonitas, coloridas e sempre à mostra. A falta de critério consiste em que o homem portador da natureza pecaminosa nunca busca a verdade pensando que pode encontrar a mentira. Desconhece que a mentira nunca vem com cara de mentira.
A diferença entre a teologia deformada e a teologia reformada é precisamente a mesma: a primeira é fácil de ser encontrada e de aspecto atraente, a segunda, entretanto, é escassa, feia em sua apresentação e repulsiva em seu conteúdo. A primeira só se deixa descobrir depois que foi experimentada, a segunda se põe à mostra desde o início.
O critério essencial para diferir entre o falso e o verdadeiro é a centralidade. Estando a centralidade no homem e seus pressupostos, é falso. Estando nas Escrituras e seu conteúdo, é verdadeiro. Tudo o que retira o foco da cruz é falso, pois desfoca a solução de Deus para o pecado. A morte compartilhada na cruz é a única forma de reconciliar-se com Deus. Todavia, esta é uma obra monérgica e jamais sinérgica.
Os pomares repletos de colocíntidas são as livrarias evangélicas e os púlpitos cujo centro não é Cristo e, muito menos, a cruz. Não basta mencionar o nome de Jesus! É necessário que Cristo seja visível, pois quem não nascer do alto, não vê e não entra no reino dos céus. Isto foi dito a um príncipe de Israel, quando da sua inusitada visita noturna ao Mestre da Galiléia. Há muitos pepinos bravos no rádio, na televisão e na enxurrada de literatura que apresenta autoajuda ao invés de Cristo e sua cruz inclusiva. Haja vista neste acervo da mentira e da vaidade o fato que muitos pregadores contradizem uns aos outros. Todos pleiteiam o serem donos da verdade, enquanto esta está distante de todos, porque distantes da cruz.
A atitude do profeta Eliseu foi de atirar à panela do sinistro caldo, um punhado de farinha. A farinha, ou flor de farinha de trigo, representa o pão que desceu do céu, a saber Cristo. A panela com o caldo representa o homem portador da natureza pecaminosa. Então, o caldo que antes era venenoso, agora se tornara comestível. Isto evidencia que tudo o que o homem busca por conta própria é falso por sua própria natureza e essencialidade. Todavia, Cristo pode tornar o falso em verdadeiro, desde que Ele seja recebido como a verdade, o caminho e a vida. É necessário aniquilar a natureza pecaminosa e a culpa do pecado que matou o homem para Deus conforme Hb. 9:26 - "...
doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.
"
Os deformatas sempre oferecerão seus pepinos venenosos aos que buscam encontrar apenas solução imediata para seus dramas horizontais. Enquanto o pecador não se rende incondicionalmente ante a potente mão de Deus, pepinos bravos ou colocíntidas é o que encontrará.
9 comentários:
Texto fantástico! Que o Senhor D'us continue abençoando a tua vida em nome do Senhor JESUS!
brilhante interpretação! o que mostra que Deus continua mesmo, revelando a sua palavra aos pequeninos
Ayas Benner
EXCELENTE ILUMINAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS, QUE DEUS CONTINUE CONCEDENDO ESSAS VISÕES DA SUA PALAVRA PARA EDIFICAÇÃO DAQUELES QUE A LÊEM E AS OUVEM.
valeu, aprendir bastante com esse texto exclarecendo um pouca mais a palavra de DEUS.
Muito bom o texto!
Parabens, uma boa explicaçao, para quem quer profundidade e exclarecimento. Paz
Brilhante interpretação, me serviu de aprendizado. Deus continue iluminando sua mente.
Muito Lindo esta mensagen
Excelente texto Cristocêntrico.!
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